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Dia Nacional de Atenção à Dislexia: distúrbio de aprendizagem atinge 43% da população
A Perturbação da Aprendizagem Específica (e Perturbação do Neurodesenvolvimento) é uma das mais importantes deficiências de aprendizado. (Reprodução/Internet)
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17 de novembro de 2021
Gabriella Lira – Da Cenarium
MANAUS – A dislexia é uma doença que atinge cerca de 43% da população, segundo dados da Associação Brasileira de Dislexia (ABD) & Centro Especializado em Distúrbios de Aprendizagem (Ceda). Com sintomas e tratamentos desconhecidos por boa parte da população, a doença também possui a desinformação como agravante. Para disseminar mais informações sobre o tema, nesta terça-feira, 16, foi comemorado o Dia Nacional de Atenção à Dislexia.
A Dislexia, Perturbação da Aprendizagem Específica (e Perturbação do Neurodesenvolvimento) é uma das mais importantes deficiências de aprendizado. De origem hereditária, é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta habilidades básicas de leitura e linguagem. Outros fatores que podem vir associados são déficits nas funções executivas, dificuldades no processamento auditivo e/ou visual e desenvolvimento psicomotor.
Seus sintomas são caracterizados por dificuldades na precisão, fluência e compreensão de leitura, défices na descodificação e no reconhecimento de palavras, erros ortográficos, dificuldades na expressão e composição das ideias no texto, o que ocasiona um significativo impacto na aprendizagem escolar e acaba causando um conjunto de alterações emocionais como insegurança, baixa autoestima e desmotivação pela aprendizagem, decorrente do baixo desempenho escolar.
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A psicopedagoga Ariadne Lira recomenda um acompanhamento com equipe multidisciplinar. “Orientamos os pais a procurarem primeiro os especialistas para ter um laudo. A partir da entrega do laudo, recomendamos o acompanhamento com neurologista, psicóloga, fonoaudiólogo, psicopedagogo ou neuropsicopedagogo”.
“Na escola, é feito um plano de desenvolvimento individual, com adaptação curricular às necessidades da criança ou adolescente. O correto é que seja acompanhado por um mediador. Mas, na maioria das vezes, é o próprio professor da turma que faz o trabalho”, enfatiza a psicopedagoga.
A estudante de Medicina Veterinária, Luiza Souza, de 18 anos, foi diagnosticada com dislexia e TDAH ainda na quinta série do ensino fundamental e tenta levar a vida com leveza, fazendo o tratamento adequado. “Eu fiquei confusa no começo, pensei que era tipo uma gripe, que só precisava tomar remédio e depois passava. Com o tempo, me acostumei”, afirma a estudante.
Luiza começou a falar apenas com 5 anos de idade, após seus pais notarem a dificuldade no início da fala e dicção, e então começou a fazer acompanhamento com fonoaudiólogo e professores particulares.
“Na escola, eu sofri muito, sofri bullying e muitos professores não me aceitavam. Demorou muito para aprender a lidar com isso. Tive que ter acompanhamento com psicólogo, porque me afetou muito. Pelo fato de eu ter um rosto cheio de espinhas e ter uma doença sem cura, as pessoas não queriam chegar perto de mim. Hoje em dia eu sei que existem pessoas que não se importam por eu ser quem sou e não se importam com meu defeito”, desabafa Luiza.
No Brasil, a Associação Brasileira de Déficit de Atenção e o Instituto ABCD atuam na disseminação de informação sobre o tema e tratamentos. Na Região Norte, Roraima conta com a Associação Municipal de Dislexia e TDAH, inaugurada em 2016, sem fins lucrativos.
Em entrevista à SEDUC-AM, a presidente da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), Iane Kestelman, afirmou que uma das missões da Associação é difundir informações sobre o Transtorno, em todo o Brasil. Psicóloga e psicanalista, Iane é mãe de dois filhos com TDAH. “Eles tiveram muitos prejuízos e poderiam ter ficado à margem da sociedade, se eu não tivesse a sorte de ser psicóloga, ter achado TDAH, levá-los ao médico e construir uma possibilidade de caminho para eles. E não é isso que acontece com a maioria das crianças no Brasil, o que acaba sendo um dos maiores motivos de evasão escolar”, assinalou a presidente.
Para compreender melhor os impactos que esse transtorno do neurodesenvolvimento gera na vida de cerca de 10 milhões de brasileiros disléxicos e de seus familiares e identificar caminhos que ajudem a superar desafios e tornar a sociedade mais inclusiva, o Instituto ABCD, organização social com o propósito de promover projetos para melhorar a vida de pessoas com dislexia e outros transtornos de aprendizagem, lançou um estudo inédito sobre o perfil da dislexia no País, em parceria com a Cisco, líder mundial em Tecnologia da Informação, e o Instituto IT Mídia, organização voltada para transformar realidades por meio da educação e da tecnologia.
A pesquisa revelou uma série de barreiras para o apoio e o desenvolvimento de quem sofre do transtorno no Brasil. Obstáculos que incluem diagnóstico tardio, falta de informação, carência de profissionais preparados para lidar com a questão nas redes públicas de saúde e de educação, e custo elevado para acompanhamento especializado. O estudo mostrou também que a situação se agravou, ainda mais, na pandemia, com quase 80% das famílias sem orientações no período para realizar as adaptações necessárias à rotina escolar.
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