Após ataque a casal gay, coletivo do AM reforça criação de Conselho Estadual LGBTQIA+

Bandeira LGBT, símbolo que é usado para representar a comunidade (Divulgação/Internet)
Gabriel Abreu – Da Cenarium

MANAUS – Após um ataque ao casal gay Emanuel Medeiros Marinho de Almeida e Jonas Nogueira Júnior durante a madrugada do último fim de semana, a Associação Manifesta LGBT+ de Manaus pediu, nesta terça-feira, 14, em coletiva de imprensa realizada em frente ao prédio da Delegacia Geral de Polícia Civil (DGPC), no bairro Dom Pedro, zona Centro-Oeste, a homologação do Conselho Estadual LGBTQIA+.

De acordo com a presidente da Associação LGBT+, Karen Arruda, a iniciativa que deve partir do Governo do Amazonas pode desenvolver políticas públicas a fim de evitar novos ataques homofóbicos. “Estamos pedindo, enquanto associação, um posicionamento do governo, porque há alguns anos vem prometendo um conselho. Muitas coisas já foram feitas, falta apenas homologar”, comentou inicialmente.

“Muitas pessoas já foram escolhidas e nomeadas só precisam oficializar, mas não tem como serem pessoas que não são LGBTQs, que não entendem a nossa realidade, nossas peculiaridades e fazerem polícias públicas por nós. Nós precisamos estar lá”, detalhou Arruda, sobre a composição do Conselho Estadual.

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Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, diariamente, são registrados em média quatro casos de violência contra a população, um crescimento “superior a 20%”. (Reprodução/ Internet)

A violência

Emanuel Medeiros e o marido Jonas Júnior são membros da Associação Manifesta LGBT+ e foram agredidos na madrugada de sexta para sábado, 10, por um homem ainda não identificado, enquanto estavam na Praça do Eldorado, bairro Eldorado, zona Centro-Sul de Manaus. Os dois foram baleados e Emanuel foi atingido no ombro. Já Jonas teve o pulmão perfurado, além de ter a axila atingida.

Além das lesões, Jonas também sofreu hemorragia e ainda segue hospitalizado. O estado de saúde dele é estável. Segundo a presidente Karen Arruda, a Associação LGBT+ está prestando todo o apoio ao Emanuel e que disponibilizou um advogado para acompanhar todo o caso, para que o suspeito não fique impune.

“A Polícia Civil está nos dando todo o apoio nas investigações em todo o processo para que seja solucionado da melhor forma possível e mais rápido possível. E que em breve a assessoria da PC-AM vai se pronunciar para mais esclarecimentos”, acrescentou Arruda.

Veja também: Homofobia: atentado a tiros contra casal LGBTQIA+ causa revolta em Manaus

O Coletivo do Amazonas busca consolidação dos direitos LGBTQIA+ no Estado (Reprodução/Internet)

Violência

 A 15ª edição do anuário produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicou que houve 1.169 casos de lesão corporal dolosa (+ 21%), 121 casos de homicídio (+25%), e 88 notificações de estupros (+20%) contra pessoas LGBTQIA+, em 2020.

Sete Estados brasileiros declararam não possuir números recentes de crimes violentos contra a população LGBTQIA+. Nos Estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Ceará, Rondônia e Rio Grande do Sul, as informações não estavam disponíveis entre 2019 e 2020.

Veja também: Seis em cada dez LGBTQIA+ já cancelaram viagens por insegurança, diz pesquisa

Em 2020, uma pesquisa inédita da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), das secretarias de Atenção Primária em Saúde e de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (MS), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), mostrou que a cada uma hora um LGBT é agredido no Brasil.

Entre 2015 e 2017, data em que os dados foram analisados, 24.564 notificações de violências contra essa população foram registradas, o que resulta em uma média de mais de 22 notificações por dia, ou seja, quase uma notificação a cada hora.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) para saber mais informações sobre a agressão ao casal LGBTQIA+, mas a assessoria informou que o caso foi encaminhado para o 23º Distrito Integrado de Polícia (DIP), que deve investigar e que mais informações não puderam ser repassadas.

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