A ausência de problemas nunca foi garantia de felicidade

Pessoas felizes não são aquelas que não têm problemas. É, de fato, aquela que se propôs parar de ver ameaças para adaptar-se aos desafios, aquelas que deixaram de culpar-se pelos erros e resolveram torná-los oportunidades de crescimento.

Precisamos estar abertos para mudanças, permitindo analisar as dúvidas e lidando com o medo que elas trazem, no entanto, é claro que entender isso e associar essa ideia à vida pode não ser tão fácil.
Nós somos obcecados pela busca da felicidade como quem tenta encontrar um tesouro, no entanto, o bem-estar não é um alvo a ser alcançado, é sim, um exercício diário que requer a capacidade de mudança de foco e comportamentos adaptativos.

A cada ano, surgem milhares de livros sobre a felicidade. As universidades oferecem centenas de cursos sobre essa temática e, além disso, também aparecem várias novas áreas na neurociência, onde vários especialistas mostram o que acontece dentro do nosso cérebro quando somos felizes e o que precisaríamos fazer para potencializar esse estado.

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Todas essas teorias e aspectos são muito atraentes e também encantadoras. No entanto, há um problema que se destaca entre todas essas vozes: mudamos o conceito de felicidade em um produto de marketing.

E ainda mais, por permanecermos educando a população no assunto “como ser feliz”, estamos infelizmente, criando uma crescente cegueira ao mal-estar, à tristeza, à ansiedade ou às incertezas. Pois, a nossa realidade imediata não é exatamente um conto de fadas. Muitas vezes, por mais que nos esforcemos para sermos felizes, a totalidade não nos ajuda. Por isso, necessitaríamos modificar um pouco a nossa visão sobre felicidade.

A felicidade não é ausência de problemas. Se assim fosse, ela seria um lugar ao qual poderíamos chegar, ou uma meta que poderíamos alcançar. Só que o nosso ambiente não é um jogo em que podemos chegar ao final. Há e sempre haverá mudanças, imprevistos.

Não é verdade que, quase todos os dias nos relacionamos com os outros e surgem desentendimentos, discrepâncias de opinião, atritos. Não importa o nosso grau social, a nossa idade ou o lugar no qual vivemos. Os problemas sempre aparecerão e ninguém está isento ao que acontece tanto ao seu redor, quanto no próprio mundo interno.

Podemos entender como estamos tentando eliminar fatos como a tristeza e a frustração do nosso repertório emocional, como se a vida que buscássemos só fosse boa se esses sentimentos não fizessem parte dela.

Ao não reconhecê-las e incluí-las no nosso discurso, dando mais importância para as emoções positivas, nos tornamos pessoas analfabetas em assunto emocional. Hoje em dia, nem todos sabem o que fazer com seu estresse ou sua ansiedade, não é mesmo?

Nem todos sabem o porquê de um nó no estômago ou garganta, o medo que aparece e paralisa e, até mesmo, pode nos impedir de sair de casa. É importante ressaltar que lidar com a adversidade e esses estados emocionais difíceis também é necessário para poder ser feliz.

Nesse momento, eu gostaria de resgatar um significado de felicidade que é tão apropriado quanto inspirador. Muitos concordam com ela, tanto neurocientistas, quanto terapeutas, psicólogos, psiquiatras, economistas e até monges budistas.

Trata-se de dar um significado para a vida, de ter propósitos e assumir um comportamento ativo. É ter disposição para crescer e aceitar adversidades e desafios no dia a dia. Essa seria, em essência, a chave para ser feliz.

Dizer que a felicidade é ausência de medo, é uma ideia mal interpretada e pode se tornar uma afirmativa bastante cruel. Isso porque o ser humano não pode parar de ter medo, que é uma emoção essencial ao que somos e, como tal, cumpre uma função evolutiva. Várias, na verdade.
Este seria um exemplo: “Pode ser que eu tenha medo de mudar de cidade e iniciar uma vida nova, mas eu sei que devo, pelo menos, tentar. Dar esse passo me permitirá evoluir. Por isso, eu decido me arriscar e o farei apesar de sentir medo”.

E, para finalizar, resta apenas uma dica: Felicidade é se atrever a agir apesar do medo e da incerteza…– não deixe esses sentimentos lhe paralisar, seja feliz!

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(*)Articulista Cenarium, Terapeuta e Palestrante formada em psicanálise e hipnoterapia clínica verbal e não verbal.

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