‘A vontade do povo tem que acontecer’, diz parlamentar de Rondônia ao defender 7 de setembro

O tom ainda incerto em relação ao feriado é resultado do embate político que permeia a esfera do governo federal (AFP/Reprodução)

Iury Lima – Da Cenarium

VILHENA (RO) – Em entrevista nesta segunda-feira, 6, o deputado estadual de Rondônia Cirone Deiró (Podemos) defendeu os atos previstos no Dia da Independência. “A vontade do povo tem que acontecer. Esse é o meu pensamento em relação às manifestações”, disse o parlamentar, que acredita que os eventos devem ocorrer de “forma ordeira e pacífica”.

O tom ainda incerto em relação ao feriado da próxima terça-feira, 7, é resultado do embate político que permeia a esfera do governo federal. De um lado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, incita que o povo saia de casa em defesa da Constituição, por meio de afirmações que desafiam, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal (STF).

De outro lado, mais de 200 cidades brasileiras já confirmaram atos contra o governo federal, incluindo Porto Velho, a capital de Rondônia, em um 7 de Setembro tão comentado, especulado e analisado como nunca antes na história brasileira.

O deputado estadual de Rondônia Cirone Deiró (Reprodução/ALE-RO)

Solidez

“Nós temos uma democracia sólida. No entanto, nós temos que ter a harmonia dos poderes. Nós não podemos ter interferência de um poder sobreposto ao outro. Isso pode confundir e trazer desgaste. Então, eu vejo que na política precisa haver esse respeito. As instituições precisam ser respeitadas e cada poder precisa ter o seu papel na democracia”, declarou o deputado Cirone. 

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“Eu não acredito em violência. O povo brasileiro é um povo ordeiro, um povo trabalhador. É um povo que quer os seus direitos respeitados. O direito de liberdade de expressão, o direito de ir e vir, essa é a manifestação que o povo brasileiro quer. Acredito que haverá, sim, manifestação em apoio à democracia e ao Estado de direito brasileiro”, pontuou o deputado.

Cenário estadual

Pelo segundo ano consecutivo, as principais avenidas dos 52 municípios rondonienses não vão servir de passarela para os tradicionais desfiles e cerimônias organizados pelas prefeituras em comemoração à Independência do Brasil. No entanto, atos organizados por grupos da sociedade civil devem tomar as ruas, nesta terça-feira, 7. 

Um deles é o ato “7 de Setembro por Pão, Terra e Nova Democracia”, com concentração em frente ao Centro Político-Administrativo de Porto Velho. O protesto é de oposição aos movimentos convocados por Bolsonaro, e integra as ações que devem ocorrer em mais de 200 cidades do Brasil e do exterior contra o governo federal brasileiro.

Em resposta à CENARIUM, a Prefeitura de Porto Velho informou que não realizará atos oficiais. Já a Prefeitura de Vilhena, município do interior, a 705 quilômetros da capital, disse, em nota, que vai realizar hasteamento das bandeiras na Praça dos Três Poderes, com autoridades militares, políticas e administrativas, “Conforme feito no ano passado, em respeito às medidas de segurança em saúde da pandemia de Covid-19”.

Sobre a segurança empregada nas ruas, diante da possibilidade de manifestações e protestos violentos, a prefeitura informou que “as forças de segurança são todas de responsabilidade do governo do Estado de Rondônia e da União”. O governo, por sua vez, não respondeu aos questionamentos. 

Extremismo

Presidente convoca população novamente para protestos no dia 7 de setembro (Reprodução/Twitter)

Enquanto os executivos municipais e até o mesmo o estadual substituem grandes atos de solenidade pelo simbólico hasteamento da bandeira e ao cântico de hinos da pátria brasileira, os protestos esperados, ocupando lugar das ruas, além de seguir os mais diversos contextos ideológicos, devem expor ainda a polarização presente na política, figurada pelo cansativo embate entre a esquerda e a extrema-direita.

Nesta segunda-feira, 6, véspera do feriado, Bolsonaro usou o Twitter para convocar a população, mais uma vez, a ir às ruas protestar no dia 7 de setembro. “Na próxima terça-feira, 07/setembro, comemoraremos o nosso 199° aniversário da independência do Brasil”, escreveu o presidente, convocando os cidadãos na sequência.

“Independência está associada à liberdade. Assim sendo, também no escopo dos incisos XV e XVI, do art. 5° da nossa CF, a população brasileira tem o direito, caso queira, de ir às ruas e participar dessa nossa data magna em paz e harmonia”, destacou.

Ultimato

O convite à população veio após a declaração feita por Jair Bolsonaro, na semana passada, durante um evento no interior da Bahia, quando disse que as manifestações do dia 7 seriam um “ultimato” ao STF.

“Nós não precisamos sair das quatro linhas da Constituição. Alí temos tudo o que precisamos, mas se alguém quiser jogar fora dessas quatro linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também”, afirmou Bolsonaro, lançando uma indireta aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. 

“Eu duvido que aqueles um ou dois que ousam nos desafiar, desafiar a Constituição, desrespeitar o povo brasileiro, saberão voltar para o seu lugar. E o recado de vocês, povo brasileiro, nas ruas, na próxima terça-feira, dia 7, será o ultimato para essas duas pessoas. Curvem-se à Constituição! Respeitem a nossa liberdade! Entendam que vocês dois é que estão no caminho errado”, esbravejou. 

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