‘Abuso de autoridade’, diz defesa de jornalistas presos após agressão de prefeito de Macapá
Por: Fabyo Cruz
18 de agosto de 2025
BELÉM (PA) – O advogado Maurício Pereira, que representa os jornalistas Heverson Castro e Iran Froes, agredidos pelo prefeito de Macapá, Antônio Furlan (MDB), e pela equipe dele, definiu como abuso de autoridade a confusão registrada no domingo, 17, na capital amapaense, durante uma vistoria às obras do Hospital Municipal. Furlan aplicou um mata-leão em Froes, enquanto Castro foi contigo por assessores.
Segundo Pereira, os comunicadores foram liberados após assinatura de um termo circunstanciado e não havia indícios de agressão por parte deles. “O Heverson e o Iran acabam de ser liberados num termo circunstanciado, ou seja, o delegado entendeu que não havia crime de gravidade. Como tem duas senhoras acusando, falsamente, que eles teriam ofendido moralmente essas senhoras, e que teriam agredido uma delas com uma cotovelada, foi feito o TC, que é o Termo Circunstanciado, e isso vai para o Fórum, e lá no Fórum vai ser provado a verdade”, disse a defesa, em declaração ao Felipe Peixoto Notícias.
O advogado afirmou que o exame de corpo de delito de uma das mulheres que fez a acusação não apontou lesões. Segundo ele, os profissionais tiveram suas prerrogativas profissionais violadas, incluindo o direito à liberdade de imprensa e de expressão.
“Já temos o exame de corpo de delito da suposta vítima, negativo, então está provado que, na verdade, Heverson e Iran foram vítimas de abuso de autoridade, foram violados na sua prerrogativa profissional, têm liberdade de imprensa, liberdade de expressão, e foram violados nisso. E nós vamos buscar a apuração dessas violações”, declarou.
Câmara se posiciona
No mesmo dia, a Câmara Municipal de Macapá (CMM) divulgou uma nota de desagravo em defesa dos jornalistas. O documento, assinado pelo presidente da Casa, Pedro DaLua, repudiou a agressão cometida pelo prefeito e por agentes da Guarda Civil Municipal.
“O jornalismo livre é um pilar essencial da democracia. Atentar contra jornalistas em pleno exercício de sua profissão é ferir não apenas a dignidade dos trabalhadores da comunicação, mas também o direito da sociedade à informação”, disse DaLua no comunicado, que também exigiu apuração rigorosa das responsabilidades.
Furlan pede desculpas
Na manhã desta segunda-feira, 18, o prefeito Furlan publicou um vídeo nas redes sociais e pediu desculpas pelo episódio. “Ontem, eu me excedi quando presenciei servidoras nas suas funções sendo agredidas durante seu trabalho. Isso eu não vou permitir. Quero me dirigir à imprensa amapaense e nacional, e dizer que sempre tive o maior respeito e a melhor relação com a imprensa”, afirmou.
Apesar do pedido de desculpas, o gestor atribuiu o ocorrido a um cenário de perseguição política. “Há mais de quatro anos, eu e a nossa gestão somos ofendidos por uma rede que dissemina fake news, da turma do atraso, que não está feliz com o crescimento da cidade”, disse.
Como tudo começou
O episódio foi registrado em vídeo e divulgado nas redes sociais. Nas imagens, o repórter Heverson Castro questiona o prefeito sobre o andamento das obras do hospital, iniciado em 2023. Irritado, Furlan afasta o microfone e parte para cima do cinegrafista Iran Froes, chegando a aplicar-lhe um “mata-leão”.
Além de Castro e Froes, outro integrante da equipe, Marshal dos Anjos, também foi detido pela Guarda Municipal e levado à Delegacia da Mulher.
Em nota oficial, a Prefeitura de Macapá alegou que o prefeito e duas servidoras municipais foram alvo de agressões verbais e físicas. “A instituição reitera que não tolera nenhum tipo de violência, intimidação ou desrespeito que dificultem o trabalho realizado diariamente em prol da população”, diz o texto. O caso segue em investigação.