‘Acham que estão lidando com milicianos’, diz Moraes sobre ataques ao STF
Por: Lucas Thiago
01 de agosto de 2025
MANAUS (AM) – Durante a sessão que marcou o fim do recesso do Judiciário, nesta sexta-feira, 1°, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes reagiu às sanções que recebeu dos Estados Unidos (EUA) ao ser incluído na lista da Lei Magnitsky há dois dias, classificando como “organização criminosa miliciana”, sem citar nomes, os brasileiros que articularam as punições junto ao governo do presidente Donald Trump.
“Acham que estão lidando com pessoas da laia deles, acham que estão lidando também com milicianos, mas não estão. Estão lidando com ministros da Suprema Corte brasileira. Engana-se essa organização criminosa ao esperar que a permanente continuidade dessa torpe coação possa gerar uma covarde rendição dos poderes constituídos brasileiros”, afirmou o ministro STF.
Veja o vídeo do pronunciamento de Moraes:
A declaração de Moraes marcou a primeira manifestação pública do magistrado após a medida anunciada pela administração norte-americana para punir estrangeiros acusados de corrupção e violações de direitos humanos.
Durante o discurso no plenário, Moraes classificou as pressões como “ameaças covardes e infrutíferas” e reafirmou que os processos em andamento na Corte, inclusive os ligados à tentativa de golpe de Estado, seguirão seu curso regular no STF. “As ações prosseguirão. O rito processual do Supremo Tribunal Federal não se adiantará, não se atrasará. O rito processual do Supremo Tribunal Federal irá ignorar as sanções praticadas“, declarou.
O ministro, relator de uma ação penal que apura a tentativa de golpe para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), citou como ações de “milícias” a ameaça a familiares de ministros e as ações que prejudicam o Brasil em prol de interesses particulares, como a descontinuidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF.
Mesmo diante da aplicação da Lei Magnitsky contra ele; da suspensão de vistos de ministros do STF e de familiares; e do tarifaço de 50% aos produtos brasileiros por Donald Trump, Moraes firmou posição e disse que qualquer sanção aplicada a ele, por quem quer que seja, estrangeiro ou não, não influenciará o seguimento do devido processo legal aos réus acusados de participar da tentativa de um golpe de Estado.
Na primeira sessão do Plenário do STF no segundo semestre de 2025, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso; e o decano, ministro Gilmar Mendes, também manifestaram-se em defesa da atuação do Supremo, da democracia e da soberania nacional.
Barroso reforçou a apuração em ações penais em curso no tribunal, a partir de denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR). As ações, segundo ele, têm sido conduzidas com observância do devido processo legal, com transparência e sem sessões públicas. “Todos os réus serão julgados com base nas provas produzidas, sem qualquer tipo de interferência, venha de onde vier”, enfatizou.