Acordo impede nova convocação de Marina Silva ao Senado


Por: Ana Cláudia Leocádio

17 de junho de 2025
Acordo impede nova convocação de Marina Silva ao Senado
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Ricardo Stuckert/PR)

BRASÍLIA (DF) – Um acordo levou o senador Lucas Barreto (PSD-AP) a retirar da pauta desta terça-feira, 17, um requerimento que pretendia convocar, de novo, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, para uma audiência pública na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado, local de onde ela se retirou, no dia 27 de maio deste ano, após ter se sentido desrespeitada pelos senadores Plínio Valério (PSDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO), que preside a comissão.

De acordo com o senador Barreto, a retirada foi motivada por causa de um acordo para que Marina compareça, no dia 8 de julho, a uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente do Senado. O objeto do requerimento do senador do Amapá para Marina comparecer outra vez à CI era para ela “prestar informações a respeito das diretrizes do MMA relacionadas ao processo de licenciamento ambiental do bloco exploratório de petróleo e gás na costa do Amapá – FZA-M-59 – e os localizados na Margem Equatorial”.

Da última vez que esteve na Comissão de Infraestrutura do Senado, Marina foi chamada para explicar os projetos de criação de unidades de conservação na costa do estado do Amapá e dizer se isso implicaria empecilhos aos projetos de exploração de petróleo na Margem Equatorial.

A ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o senador Marcos Rogério (Reprodução/PT no Senado)

Na ocasião, a ministra abandonou a audiência, após ouvir de Plínio Valério que a respeitava como mulher e não como ministra, além da frase “ponha-se no seu lugar”, de Marcos Rogério. Marina já havia enfrentado uma abordagem agressiva do senador Omar Aziz (PSD-AM), que a responsabiliza pela falta de licença ambiental para as obras da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). O ato de Plínio levou Marina a condicionar sua permanência na reunião a um pedido de desculpas do senador do Amazonas, que se negou a fazê-lo. Foi então que ela abandonou a audiência.

As ofensas a Marina já renderam a Plínio Valério quatro petições pela cassação de seu mandato no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Um deles foi por causa das declarações de ter vontade de enforcar a ministra, e as outras três levam em conta os acontecimentos da sessão da CI da Casa. Os pedidos estão parados no colegiado que, desde março dest4e ano, está aguardando que o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) indique os novos membros.

PGR livra Plínio

Na última segunda-feira, o senador Plínio Valério comemorou a decisão do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de arquivar a denúncia protocolada pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) contra ele por ter afirmado: “Imagine o que é tolerar Marina por seis horas e dez minutos em enforcá-la”. A frase se referia ao tempo em que a ministra foi ouvida na CPI das ONGs no Senado, presidida por Plínio.

Conforme informações da Folha de S. Paulo, Gonet pontua que, embora as falas do parlamentar sejam de “aparente cunho ameaçador” ocorreu após a sessão e em local diverso do ambiente da CPI, o que, portanto, não caracteriza crime de constrangimento ilegal.

“A ministra Marina não foi obrigada a manter nenhum comportamento indesejado ou contrário à sua vontade”, afirmou o PGR no despacho. Gonet opinou, ainda, que Marina deveria ter acionado a Procuradoria contra o senador. Conforme o despacho, a conduta de Plínio “não foi praticada por razões da condição do sexo feminino ou em situação de violência doméstica ou familiar”.

Em suas redes sociais, Plínio Valério disse esperar que o arquivamento da denúncia “enterre de vez a tese de que críticas a perseguição da ministra Marina contra os amazonenses seja por sua condição de mulher”.

“Gonet derruba a tese sexista sempre usada pela ministra Marina, de que a critico por ser mulher, preta e frágil. Segundo Gonet, minha conduta não foi praticada por razões da condição do sexo feminino ou em situação de violência doméstica ou familiar”, afirmou Plínio. Para o senador, o que ele critica é “sua ação danosa, como ministra, contra o povo do Amazonas, e contra o desenvolvimento do meu estado para tirar as famílias e grupos empresariais que clamam pelo fim do flagelo na BR-319”.

Leia mais: Vladimir Herzog e MEL apontam misoginia institucional contra Marina Silva
Editado por Adrisa De Góes

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