Acre: campanha pede doações para extrativistas da Reserva Chico Mendes

Casa do seringuei Chico Mendes sofreu as consequências da enchente que atingiu o município de Xapuri, em fevereiro - José Caminha - 28.fev.2024/Governo do Acre
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – Depois da enchente histórica que atingiu o Acre em fevereiro, extrativistas da reserva Chico Mendes sofrem os impactos do incidente até agora, principalmente pela falta de alimentos e perda de produções, de acordo com o comitê que representa os trabalhadores.

Diante disto, organizações sem fins lucrativos mobilizam uma campanha de doações, que busca ajudar cerca de 700 famílias afetadas em Xapuri –município onde fica a Casa de Chico Mendes, tombada em 2011 e hoje sob responsabilidade do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

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Enchente na terra indígena Kampa, região do povo indígena ashaninka, no município de Marechal Thaumaturgo (AC)
Enchente na terra indígena Kampa, região do povo indígena ashaninka, no município de Marechal Thaumaturgo (AC) Isaka Hunikui/Coiab 

Ângela Mendes, filha de Chico Mendes e presidente do comitê que leva o nome do pai, destaca que promove a campanha, junto a outras organizações, por notar que algumas populações, como os extrativistas, são as mais vulneráveis perante as consequências das mudanças climáticas.

A gente viu a necessidade de organizar essa campanha olhando para as dificuldades e para a realidade dos extremos climáticos que está atingindo todo mundo, sobretudo as populações que estão nos lugares mais invisibilizados, à margem de políticas públicas“, afirmou.

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Ângela disse que segue o legado do seringueiro, morto em 1988, em manter a floresta de pé e proteger as populações tradicionais. Para a ativista, a ajuda humanitária oferecida pelos governos federal e estadual e a prefeitura não são suficientes para minimizar os prejuízos causados aos trabalhadores rurais.

O que o poder público faz nesse caso é destinar cestas básicas, mas isso é insuficiente. É preciso olhar através de políticas públicas de isenção, protelar os créditos, porque principalmente na situação de quem tinha produção e perdeu, pensando na sobrevivência, vai precisar de um apoio a médio e longo prazo até restabelecer essa produção“, declarou.

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O comitê informou que mais de 200 famílias ficaram desalojadas após a enchente. Ângela também pede atendimentos voltados a saúde mental dos extrativistas, que a cada ano sofrem com as perdas que vão de suas produções até as suas casas.

A enchente desse ano foi a mais intensa do que de 2023. E em menos de um ano, a gente tem essa recorrência de novo, por isso que eu acho que é muito urgente trazer esse debate de olhar para essa realidade considerando aspectos econômicos, ambientais e sociais, com foco na recuperação das pessoas e inclusive para essa questão da saúde mental“, continuou.

A cheia do rio em 2024 levou 19 dos 22 municípios do Acre a entrarem em estado de emergência. Entre os mais afetados estão Brasileia, Assis Brasil, Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa do Purus e Jordão – sendo as duas últimas com 80% e 70% das populações totais compostas por povos indígenas, respectivamente, que ficaram isolados. Três pessoas morreram por afogamento em decorrência da enchente e, ao todo, mais de 120 pessoas foram prejudicadas.

Outra questão enfatizada pelo Comitê Chico Mendes é o desmatamento na reserva, o que agrava mais a crise climática.

Leia a matéria na íntegra neste link.

(*) Com informações da Folhapress
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