‘Acre só tem dinheiro para mais três meses de tratamento da Covid’, diz governador Gladson Cameli


22 de fevereiro de 2021
‘Acre só tem dinheiro para mais três meses de tratamento da Covid’, diz governador Gladson Cameli
Governador do Acre, Gladson Cameli. (Reprodução/Internet)

Com informações da UOL

SÃO PAULO – O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), afirmou ontem ao UOL que o estado só tem dinheiro para manter o sistema de saúde funcionando para tratar pacientes da covid-19 por no máximo mais três meses e pede ajuda ao governo federal.

Em meio a uma crise humanitária causada pelas enchentes na última semana e os problemas gerados pelos imigrantes haitianos barrados na fronteira com o Peru, o estado encara também seu pior momento da pandemia, com hospitais lotados e internações ainda em alta.

“Só tenho recursos para, no máximo, três meses para manter a estrutura, e olhe lá. Eu tenho um saldo na conta hoje de R$ 42.597.948,63 no caixa da Covid-19. Por mês, são de R$ 12 a 15 milhões com os gastos.”

Gladson Cameli, governador do Acre

O governador explica que o valor se refere ainda a um resto dos recursos enviados pelo governo federal no ano passado, mas que não previam uma segunda onda nessa magnitude.

“Em 2020, recebemos R$ 173 milhões. Hoje, dia 21 de fevereiro, temos esse valor que citei, e estamos aguardando mais sinalizações do governo federal para que eu possa melhorar o gasto, mas precisamos para manter a máquina funcionando”, afirma.

Outro ponto importante citado por ele é a queda no financiamento federal de leitos de terapia intensiva. “Estamos pedindo o apoio do governo federal para ajudar a questão das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), como estava prevista. Já tivemos várias reuniões com o ministro e tem uma sinalização”, afirma.

Ontem, segundo dados do Secretaria da Saude do Acre, havia 89 pessoas internadas em leitos de UTI no estado, ou 86% de ocupação total. O estado registra, até o momento, registra 151.367 casos e 963 mortes.

Falta de vacinas

Para complicar a situação, diz Cameli, o estado sofre com a escassez de vacinas para a população. Ele pede — assim como houve com o Amazonas — prioridade na remessa de vacinas.

“Se você contar, são 400 mil municípios [do Amazonas] que dependem da nossa saúde pública, e não vamos negar atendimento. O que é pouco para outras regiões, para cá é muito: temos uma população de 900 mil habitantes. E, se você olhar, temos aqui a fronteira com Amazonas, com Rondônia, com Peru e com Bolívia, além da situação dos haitianos. Tudo isso nos traz ainda mais preocupação pela covid-19”.

Gladson Cameli, governador do Acre

O governador diz ainda que, entre os últimos dias até a próxima semana, o estado vai totalizar mais 60 leitos para atender a população, mas que não é garantia de que dará conta da demanda. “Estamos ampliando aquilo que é possível, mas vai chegar em um momento em que não tem como ampliar”, afirma. Cameli ainda afirma que esperava uma maior participação dos serviços particulares — o que não veio.

O serviço privado não está fazendo os investimentos de ampliação. Tomamos todas as providências, nos precavemos para o pior adquirindo usinas de oxigênio, e soube que a rede privada está pedindo para gente porque não tomaram a iniciativa.

Gladson Cameli, governador do Acre

Distanciamento em abrigos

Diante do cenário com mais de seis mil famílias desalojadas ou desabrigadas, uma das preocupações do estado é conseguir fazer abrigos que garantam o isolamento social.

“Os abrigos estão sendo montados seguindo uma regra de afastamento. Mas autorizei toda a nossa equipe a alugar pontos que possam ter um distanciamento, caso necessário; mas a sinalização hoje é positiva, a cheia começou a dar sinal de vazante. Isso começa a nos dar um alívio, ao mesmo tempo em que traz uma preocupação na mesma magnitude: o pós-enchente, com doenças como dengue, a covid — que não sabemos o que pode acontecer—, a leptospirose”, explica.

Em Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade do estado, por exemplo, as mais de 30 escolas estão recebendo desabrigados, mas com uma família por sala de aula.

Situação “muito crítica”

Sobre a situação do estado, ele afirma que o momento é de dificuldade extrema com várias crises. “Estamos numa terceira guerra mundial. Eu não estou aqui fazendo nenhum exagero, a situação aqui está crítica, crítica, crítica, e você ainda recebe pressão para abrir comércio. A população está com os nervos a flor da pele, porque uma hora a conta vai chegar, e como fica?”, questiona.

“É uma situação muito difícil. É exatamente uma crise humanitária, com os principais municípios do Acre todos debaixo d’água. Ficamos de coração partido pela dor das pessoas, mas o Brasil todo está sendo solidário, recebemos muitas doações”, afirma.

Ele diz que na próxima quarta-feira o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) irá ao estado e ele deve fazer cobranças. “Eu o convidei, e já antecipei nossos pedidos. Ele se comprometeu em ajudar. O governo federal também deve reconhecer o decreto de emergência logo, e com isso entre segunda e quarta deve cair R$ 6 milhões para começar a atender as vítimas”, finaliza.

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.