Advogada do povo Kanamary será diplomada em academia de cultura amazônica

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – A advogada Inory Kanamary, do povo Kanamary do Vale do Javari, será diplomada e ocupará assento na Academia de Letras, Ciências e Culturas da Amazônia (Alcama) e na Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan-Amazônicos (Abeppa). A solenidade ocorrerá no próximo dia 13 de maio, no Auditório Rubi da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM), localizada na avenida Umberto Calderaro Filho, N° 2000, Zona Centro-Sul de Manaus. O evento está marcado para as 18h30.

Em entrevista à REVISTA CENARIUM, a advogada falou da satisfação de fazer parte das entidades que representam a cultura e o pensamento amazônico. De acordo com ela, o convite é resultado das mobilizações em prol da causa indígena. “O convite surgiu a partir do destaque na luta para garantir direitos dos povos indígenas no Amazonas e na luta para ocupar espaços, promovendo igualdade racial e de gênero dentro da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Amazonas”, frisou Inory Kanamary.

Para a representante do povo Kanamary, a posse tem um caráter simbólico, pois representa um avanço na inclusão de expoentes das etnias que formam o mosaico de culturas indígenas no Brasil e em especial na Amazônia. “Por ser mulher indígena, chegar a espaços que, anteriormente, eram compostos, exclusivamente, por um pequeno grupo de pessoas brancas e elitizadas é o início de mudanças sociais positivas que se fazem necessárias para um mundo mais justo e igualitário”, triunfou.

Todos os espaços

Inory Kanamary continua a avaliação de conjuntura. “O Brasil e o Amazonas não podem falar em uma sociedade plural enquanto, nós, povos indígenas, não estivermos em todos os espaços, sobretudo, em espaços que também promovem políticas públicas pró-indígenas, como a Alcama – Academia de Letras, Ciências e Culturas da Amazônia, que além da cultura, também tem seu dever social”, ponderou.

À reportagem, Inory Kanamary revelou sua alma de escritora e artista. A advogada adianta que possui manuscritos em poesia, registros culturais e uma obra crítica pronta a ser lançada. “Possuo alguns poemas, assim como estórias da cultura dos povos indígenas do Rio Juruá e Rio Javari que já estão escritas e, agora, buscarei apoio para publicação e lançamento do livro: ‘Invisibilizados e silenciados’, adiantou.