Advogado de Manaus é indiciado por estupro de recepcionista
Por: Izaías Godinho*
22 de maio de 2025
MANAUS (AM) – O advogado Francisco Charles Cunha Garcia Junior foi indiciado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), nesta quinta-feira, 22, pelos crimes de estupro, injúria e ameaça contra a ex-funcionária dele, que atuava como recepcionista em seu escritório, Marcela Nascimento Pinto.
O relatório assinado pela titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), delegada Patrícia Leão, foi conduzido ao Juizado Especializado da Violência Doméstica de Manaus, responsável pela condução do processo.
No relatório a delegada conclui que, embora a autoridade policial reconheça que persistem dúvidas quanto à materialidade ou dinâmica exata dos fatos e considerando a jurisprudência consolidada que
reconhece o valor probatório da palavra da vítima em crimes contra a dignidade sexual, especialmente na ausência de outras provas disponíveis, “procede-se, com as devidas reservas, ao indiciamento de Francisco Charles Cunha Garcia Junior, pelos fatos narrados, sem prejuízo de posterior reavaliação pelo Ministério Público ou pela autoridade judiciária”.
De acordo com o documento, em depoimento à polícia, Marcela apresentou arquivos de mídia que comprovaram os abusos cometidos no escritório de advocacia, localizado no bairro Adrianópolis, Zona Centro-sul de Manaus e que os crimes ocorreram no dia 7 de maio de 2024. O advogado também foi ouvido pelas autoridades policiais e também apresentou arquivos de mídia. A polícia ouviu testemunhas sobre o caso.
Veja o documento:
Relembre o caso:
A recepcionista Marcella Nascimento Pinto, 34 anos, denunciou à Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) o advogado Francisco Charles Garcia Júnior pelo crime de estupro. De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), o homem chegou a praticar os abusos sexuais por duas vezes contra a vítima, que foi ameaçada com arma de fogo. Francisco Charles Garcia Júnior é sobrinho do ex-prefeito de Parintins (AM) Frank Bi Garcia (PSD).
Nesta quarta-feira, 16, Marcella Pinto falou sobre o caso com a imprensa. Segundo a mulher, os abusos ocorriam quando o advogado solicitava auxílio dela em um escritório de advocacia, localizado no bairro Adrianópolis, na Zona Centro-Sul de Manaus. Marcella também afirmou que foi vítima de agressão em um dos abusos cometidos e que teve o aparelho celular tomado pelo suspeito. O caso foi denunciado na Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher (DECCM).

“Ele escondia o meu celular, porque eu não podia gravar nada, não podia me defender. Nesse dia que eu subi [para i espaço onde Francisco Júnior estava], ele fez eu tocar nas genitálias dele“, diz em trecho de uma declaração. Abalada, Marcella descreveu novamente o que consta no BO registrado na PC-AM. Após ela começar a chorar, o suspeito teria pedido para que a então recepcionista lavasse o rosto no banheiro.
Além do BO, registrado em 7 de abril de 2025, as autoridades também pediram ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) o deferimento de medida protetiva em favor da vítima. Entre as solicitações feitas pela PC-AM estão: proibição de aproximação da vítima, familiares e testemunhas; e proibição de contato com a vítima e testemunhas por qualquer meio.

“Todas as vezes que eu subia, eu tinha medo de ele me matar, porque tinham dois revolveres pretos e um pires com um pozinho. O meu maior medo era o de morrer, porque eu sou mãe solo e precisava do meu trabalho, eu tinha que manter a minha casa e a minha filha“, declarou a vítima.
Marcella também pediu investigação criminal contra o advogado Francisco Garcia Júnior “pela prática de da infração penal estupro, autorizando a realização do procedimento policial com base nos fatos narrados no Boletim de Ocorrência”. Após a formalização do requerimento, a PC-AM segue o procedimento padrão adotado e passa a investigar o suspeito.
Por meio de nota publicada na rede social Instagram, nessa quarta-feira, 16, o advogado Charles Garcia Júnior afirmou que há 15 dias está sendo vítima de extorsão por parte da denunciante e da advogada dela.