Aeronave do Ibama incendiada em Manaus foi usada em operação contra garimpo ilegal no rio Madeira

Área de segurança do local com a aeronave de fundo (Ricardo Oliveira/ Cenarium)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – O helicóptero modelo Bell B4, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), incendiado em um ato criminoso na madrugada desta segunda-feira, 24, no Aeroclube do Amazonas, foi utilizado durante as operações que aconteceram na região do rio Madeira, no Amazonas, contra o garimpo ilegal. A informação foi confirmada pelo Greenpeace, mesma entidade que denunciou as ações de garimpo em novembro do ano passado.

A aeronave foi incendiada na área militar do aeroclube, localizado na avenida Professor Nilton Lins, bairro Flores, zona Centro-Sul de Manaus. Segundo informações preliminares, os autores do crime ainda não foram identificados. Segundo o Corpo de Bombeiros do Amazonas (CBMAM), dois homens invadiram o local para cometer o crime.

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Em nota, o Ibama informa que, assim que tomou conhecimento do fato, enviou uma equipe ao local para verificar a situação, onde foi constatada a tentativa de incêndio em duas aeronaves, acionando imediatamente a Polícia Federal (PF).

Aeronave do Ibama durante perícia criminal. (Ricardo Oliveira/ Cenarium)

O crime ocorreu por volta das 4h, quando as equipes que trabalhavam no Aeroclube do Amazonas foram surpreendidas pelas chamas. O caso está sob investigação.

Testemunhas informaram que o lugar onde as duas aeronaves estavam estacionadas, mesmo sendo área militar, é de fácil acesso. “É bem fácil entrar no local, acredito que seja por isso que os suspeitos conseguiram atear o fogo na aeronave”, contou uma das testemunhas que preferiu não se identificar.

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informou que as investigações estão sendo conduzidas pela PF e que está prestando todo apoio ao trabalho dos agentes federais. “Câmeras de segurança registraram o momento em que dois criminosos pularam um muro e incendiaram o helicóptero. As imagens foram repassadas para a Polícia Federal”, explicou.

Aeronave embrulhada para o trabalho de perícia (Ricardo Oliveira/ Cenarium)

Suspeita de retaliação

No dia 22 de novembro do ano passado, uma invasão de balsas garimpeiras ilegais tomou conta do rio Madeira, que liga o Amazonas a Porto Velho, em Rondônia. No total, foram identificadas mais de 300 balsas garimpeiras.

Leia mais: Rio Madeira: Eldorado e risco ambiental

As dragas sugam o leito do rio em busca do minério acionadas por geradores, retiram tudo o que encontram no fundo, matando animais e plantas subaquáticas, daí, o material passa por uma esteira, onde é filtrado. Nesse processo, o ouro fica retido no equipamento. A mobilização no rio Madeira aconteceu depois que garimpeiros relataram ter encontrado um grande volume de ouro.

À época, em um áudio que circulava em grupos de WhatsApp, um homem dizia que o grupo precisava fazer barreiras no meio do rio, para impedir a chegada da fiscalização. “Vocês que têm muita balsa, aí, fazem [sic] um paredão mesmo daqueles, esperam [sic] todo mundo aí na frente aí da balsa, entendeu? Um lá atrás, outro na frente e esperar [sic], ver o que é que dá, entendeu? Eles vão respeitar”, diz a voz de um homem que ainda não foi identificado pelos órgãos.

Apuração do MPE vai considerar desde a situação social das pessoas, incluindo as menores de idade, até os impactos ambientais da atividade. (Foto: Ricardo Oliveira/Cenarium)

Para o porta-voz do Greenpeace Danicley de Aguiar, a Amazônia é estratégica no combate às mudanças climáticas e que o Governo Bolsonaro precisa intervir imediatamente para que a floresta e seus recursos não sejam extintos.

Leia mais: No AM, prefeituras montam ações para socorrer garimpeiros que tiveram balsas destruídas

“Nós estamos vivendo no mundo uma corrida contra a crise climática e a Amazônia é fundamental nessa corrida. A Amazônia tem um papel fundamental para a conservação do clima. Então, nós temos um desafio gigante na nossa frente, que é desenvolver a região sem comprometer a conservação da floresta”, destacou o porta-voz do Greenpeace.

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