Agentes do ICMBio são recebidos a tiros em operação ambiental no interior do Amazonas

Os agentes do ICMBio apoiados pela PM de Rondônia, enfrentaram tiros e estradas bloqueadas. (Reprodução/Icmbio)

Da Revista Cenarium*

MANAUS – Uma operação coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Parque Nacional (Parna) Mapinguari (AM), nos municípios de Lábrea e Canutama, sul do Amazonas, encontrou um grande esquema de roubo de madeiras. Ao longo de uma semana, os fiscais, apoiados pela Polícia Militar de Rondônia, enfrentaram tiros, estradas bloqueadas, uma ponte destruída e tiveram a comunicação via internet interrompida.

Ao todo, foram destruídos 14 veículos, principalmente tratores, e sete motosserras. Dois madeireiros foram presos e outros dois conseguiram fugir em motocicletas após disparar contra os fiscais.

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As informações constam em relatório oficial da operação, obtido pela reportagem. Os madeireiros foram multados em R$ 2.280.000,00. Os donos dos veículos destruídos foram identificados e teriam os nomes encaminhados para o Ministério Público Federal (MPF), para medidas judiciais.

As madeiras roubadas teriam como destino o polo madeireiro de Vista Alegre do Abunã, um distrito de Porto Velho (RO) próximo ao parque. Além dos disparos, os madeireiros derrubaram árvores e cortaram uma ponte para dificultar a mobilidade da ação fiscalizatória.

“Também foi bloqueada a comunicação da equipe com a chefia da unidade de conservação e do comandante da Polícia Militar, com destruição de antena de internet nas adjacências do acampamento”, diz o documento.

As madeiras roubadas teriam como destino o distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho. Foto: Reprodução

Em maio, durante uma operação ambiental com apoio do Exército, os fiscais descobriram que a base de fiscalização do setor sul havia sido incendiada. Também foi descoberta uma ponte construída sobre o rio que marca os limites do parque.

Os madeireiros já haviam avançado 30 km para o interior do parque. O ICMBio e a PM encontraram cerca de 1.500 m3 de tora, o suficiente para carregar 75 caminhões. A área de floresta degradada é de 2.000 hectares, o equivalente a 12,6 Parques Ibirapuera.

Os equipamentos destruídos são: quatro tratores de exploração florestal skider, dois tratores de esteira, dois tratores com pá para carregamento de toras, dois tratores com guincho florestal, três caminhões para transporte de toras e um semirreboque modelo julieta.

Segundo o relatório, a destruição de equipamentos foi feita devido ao risco para levar os bens até um local seguro. Foram apreendidas uma camionete e duas motocicletas.

Em entrevista à SIC TV, o madeireiro Orlandi Jesus da Silva, que teve tratores destruídos, afirmou que “tem as terras desde 1998, e agora eles chegaram ali falando que é reserva”. “Pra virar reserva, a ONG (sic) tem de pagar as minhas terras, a ONG tem de me pagar. Depois que a ONG pagar as minhas terras, pode virar reserva”, disse. “Isso não é Brasil, não”.

A operação de maio identificou comércio ilegal de lotes dentro do Mapinguari. A grilagem inclui levantamento topográfico, demarcação de picadas (trilhas) na floresta e venda de madeira na área invadida.

O Parna tem uma área de 1,7 milhão de hectares e foi criado em 2008, como medida compensatória da construção das usinas Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira. Assim como outras áreas protegidas da região, sofre pressão intensa de madeireiros e grileiros.

Segundo a plataforma Mapbiomas, o Parna perdeu 1.173 hectares de floresta entre janeiro de 2019 e julho deste ano.

O Parque Nacional Mapinguari foi criado em 5 de junho de 2008 no Estado do Amazonas, nos municípios de Canutama e Lábrea, sendo ampliado em 11/06/2010. Após ser ampliado o Parna Mapinguari passou a integrar parte do Estado de Rondônia, município de Porto Velho.

(*) Com informações da Folhapress

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