Ainda sem partido para ‘chamar de seu’, Bolsonaro é rejeitado até em siglas do Centrão

O presidente Bolsonaro se emocionou durante culto no Planalto ao lembrar do atentado que sofreu durante a campanha nas eleições de 2018 (Sérgio Lima/Poder 360)
Via Brasília – Da Revista Cenarium

Rejeição interna

Como o presidente Jair Bolsonaro não sabe nem gosta de governar, preferindo se dedicar a promover crises diárias, colhe, agora, os frutos de sua insensatez política. Os maiores partidos da parte da base aliada do governo – e que estariam sendo analisados como a agremiação pela qual Bolsonaro poderia concorrer à reeleição em 2022, têm evitado em aderir e abrir as portas ao presidente. Ao menos de imediato, os líderes das siglas PSL, PP, PL e Republicanos enfrentam problemas internos e relutam em entregar os comandos de diretórios ao presidente por conta do tratamento que tanto Bolsonaro como seu governo têm dispensado a “aliados”.

Pano de Fundo

O caso mais recente e emblemático foi o episódio envolvendo a aprovação do fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões. O próprio presidente, os filhos e toda a milícia digital bolsonarista tentaram terceirizar a culpa da aprovação ao jogá-la sob as costas do vice-presidente da Câmara, o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM). Com isso, se indispôs com o terceiro maior partido da Câmara, que conta com 42 parlamentares que costumam marchar unidos, e com o segundo homem da linha sucessória, que pode vir a sentar na cadeira de presidente e colocar em análise um dos 127 pedidos de impeachment de Bolsonaro, em caso de vacância do cargo.

PL prefere Lula

Outro ponto de desgaste entre o PL e o governo é o esvaziamento da secretária de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda (PL-DF), que enfrenta o chamado “fogo amigo” desde a sua posse. Um sintoma de que os liberais tendem a se voltar à candidatura de Lula é de que Marcelo Ramos segue reforçando sua oposição ao Governo Bolsonaro sem que nenhum cacique do partido viesse a público desautorizar o parlamentar. Como a tentativa de criar seu próprio partido, o Aliança, foi um retumbante fracasso, restaria a Bolsonaro, fora o PL, outras siglas, algumas grandes, outras nem tanto.

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Saindo caro

No PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira, parte das lideranças regionais, sobretudo do Nordeste, se prepara para embarcar no apoio Lula e rechaça Bolsonaro. O presidente do PSL – sigla com a qual Bolsonaro concorreu em 2018, já teve conversas reservadas com emissários presidenciais e descarta ceder o partido a ele. Já o “terrivelmente evangélico” Republicanos, agremiação do filho, o vereador Carlos Bolsonaro (RJ), usa como desculpa o pouco caso do governo na expulsão de pastores de Angola. A combinação “maus-tratos a aliados” e queda de popularidade traz à tona um problema inédito na política brasileira, a rejeição à filiação de um presidente da República. “Ninguém quer Bolsonaro. Tá saindo caro”, resumiu um líder partidário.

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