Alckmin filia-se ao PSB, discurso exalta Lula e os valores democráticos; ‘democracia é um valor’

Geraldo Alckmin filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) na manhã desta quarta-feira, 23 (Isabelle Chaves/Cenarium)

Yusseff Abrahim – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA – Depois de meses de articulações, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) na manhã desta quarta-feira, 23, num ato que lotou a Fundação João Mangabeira, em Brasília.

A filiação não contou com a presença de Lula, o que pode ser interpretado em nome do zelo com o protagonismo do novo filiado, quanto para não caracterizar o ato como evento eleitoral. Mesmo assim, após traçar as semelhanças entre os princípios socialistas do PSB com a social-democracia do seu antigo partido, o PSDB, Alckmin falou de Lula e eleição.

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“Alguns podem estranhar. Eu disputei com o presidente Lula a eleição, em 2006, fomos para o segundo turno, mas nunca colocamos em risco a questão democrática. Nunca. O debate era de outro nível. Nunca se questionou a democracia. Democracia é um valor, um princípio, é respeito às pessoas”, comentou Alckmin.  

Sabendo que a sua presença na eleição de 2022 também simboliza um resgate para a direita democrática no jogo político brasileiro, o ex-governador de São Paulo não perdeu a chance de ‘espetar’ o presidente Jair Bolsonaro.

“A primeira tarefa nossa é combater a mentira, porque a mentira é o que há de pior para o regime democrático. Aqueles que criticam, desconfiam, agem de maneira displicente em relação ao resultado das eleições estão, na realidade, ofendendo a democracia. Aqueles líderes que ameaçam o parlamento, estão ameaçando a democracia, os que agridem o STF, estão agredindo a democracia”, criticou.

Após destacar a história de vida e o carisma de Lula como elementos de sintonia com as principais demandas da população, Alckmin exaltou a necessidade do Brasil de retomar um projeto de desenvolvimento e de reindustrialização.

“Não tenho dúvidas de que o presidente Lula, se Deus quiser eleito, vai trabalhar para reinserir o Brasil no cenário mundial. Vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e vai diminuir essa triste diferença social que temos no País. O Brasil precisa ser bom para todos”.

“Lula não precisa acalmar o mercado”

Ao se referir às especulações de que a sua eventual presença na chapa presidencial com Lula serviria para “acalmar o mercado’, a frase do novo integrante do PSB se alinhou às manifestações cada vez mais comuns de importantes players ligados ao que se chama de “mercado”.

Na última sexta-feira, 18, o megainvestidor Mark Mobbius, especializado em mercados emergentes, chegou a afirmar em entrevista à FolhaSP, de Singapura, que Lula traria maior confiança aos investidores estrangeiros e que isso já estaria produzindo reflexos mesmo durante estes últimos anos do governo Bolsonaro.

“Os investimentos no País tiveram uma performance melhor do que os pares nos últimos meses, e talvez a razão disso seja pela expectativa de que Lula vença as eleições. É preciso lembrar que na época em que Lula foi presidente, os mercados costumavam ter uma performance bastante positiva”, avaliou o gestor.

No início de fevereiro, a Casa de Análise Independente do Canadá (BCA Research) chegou a recomendar a compra de ações brasileiras e títulos de dívida pública, motivados pelo contraste dos resultados econômicos entre os anos 2003 e 2010, do governo Lula, e a estagnação do atual governo, segundo reportagem da Exame.

O impeachment de Dilma Rouseff

Ao final do evento, Geraldo Alckmin chegou a responder à reportagem do UOL se sentia-se arrependido sobre o seu apoio ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, agora que está na iminência da formação de chapa com o PT.

“Foi um momento. Eu sempre fui cuidadoso nessa questão. Eu sou parlamentarista, porque no presidencialismo você tem mandatos muito estanques e o único caminho quando se tem crise é o impeachment. A presidente Dilma é uma pessoa honrada, uma pessoa séria, eu sempre disse isso, mas foi um conjunto de fatores que acabaram levando ao impeachment”, explicou.

Em 2016, Alckmin era governador de São Paulo e foi um dos últimos tucanos a se pronunciar em favor do impeachment de Dilma, em março daquele ano, apenas cinco meses antes da destituição.

“Eu sempre fui cuidadoso, o impeachment não pode ser banalizado, o mandato popular deve ser respeitado”.

Presenças petistas

A filiação de Alckmin marca o último ato para o convite formal do PT para sua composição como candidato a vice-presidente na chapa de Lula. No indício deste acerto, o evento contou com a presença da presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e deputada federal, Gleisi Hoffman, do senador Paulo Rocha e do líder do PT, na Câmara, o deputado Reginaldo Lopes.


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