Aldeias indígenas do Mato Grosso recebem ações de combate ao novo Coronavírus

Os Xavante são o povo indígena mais atingido pela pandemia provocada pelo novo Coronavírus no Mato Grosso (Ricardo Moraes/ Reuters)

Jarleson Lima – Da Revista Cenarium*

MANAUS – As comunidades indígenas da etnia Xavante, localizadas em Aldeona (a 90 quilômetros de Campinápolis, no Mato Grosso), começaram a receber esta semana, ações de prevenção à Covid-19. A medida faz parte de uma estratégia da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) com parceria da Secretaria da Saúde Especial Indígena do Ministério da Saúde e da Defesa para inibir o avanço do vírus nessas regiões. As informações foram divulgadas no site do Governo do Mato Grosso.

De acordo com a SES-MT, as atividades serão realizadas em três etapas e a primeira contempla oito aldeias localizadas entre Capinópolis e São Marcos com estimativa de aproximadamente 9 mil atendimentos. Para isso, foram disponibilizados 2 mil testes rápidos da Covid-19 e kits de medicamentos.

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O cacique da comunidade de Aldeona, Orlindo Uire Urebe, destacou a importância da presença dos profissionais de saúde nas aldeias índigenas do Estado. “Isso é melhoria na saúde dos povos dessa região. Eu agradeço a presença dos profissionais, que precisamos para ter resultado nessa grande pandemia, essa doença grave”, pontuou.

Já o secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Robson Santos da Silva, enfatizou as medidas tomadas pelo Governo para inibir os efeitos da pandemia entre o Xavantes: “A previsão são duas mil pessoas (profissionais) onde, além de infectologistas para realizar testes da doença, nosso trabalho é apoiar”, declarou.

Os Xavantes na pandemia

Dados de mortes de Xavante são divergentes (Divulgação/ Internet)

Com mais de 22 mil pessoas pertencentes à etnia, os Xavante são o povo indígena mais atingido pela pandemia provocada pelo novo Coronavírus no Mato Grasso, de acordo com dados divulgados na semana passada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

A nível nacional, a etnia se situa na terceira colocação do ranking de povos mais vulneráveis ao vírus. Ao todo, segundo a Sesai, 286 pessoas foram infectadas e 28 morreram até a divulgação do boletim. Porém, a campanha “A’uwe tsari: S.O.S. Xavante”, que também monitora os dados, registrou 41 mortes nas aldeias.

Antes das atividades promovidas pelo Governo do Mato Grosso, os Xavante haviam denunciado irregularidades e negligências por parte do Estado em relação ao tratamento dos povos na pandemia. Em entrevista ao Amazônia Real, Félix Tsiwepsudu Tseredze, liderança da aldeia Guadalupe, ressaltou a falta de estruturas satisfatórias nos hospitais que atendem os Xavante: “Tem bastante Xavante no pronto-socorro e poucas vagas. Tem que tirar [aparelho respirador] oxigênio do paciente que está internado para dar para o outro que chega. E aí o que fica sem oxigênio volta a piorar de novo”, enfatizou.

SOS Xavante

Em junho deste ano, por meio de uma live nas redes sociais com amigos, o estudante de comunicação Cristian Wariu, de 22 anos, contou as experiências do povo Xavante em meio à pandemia com o objetivo de recolher fundos para sua etnia. O movimento mais tarde veio a se tornar o SOS Xavante, campanha cidadã e solidária em apoio às ações emergenciais de enfrentamento da Covid-19. O objetivo da campanha é captar R$ 250 mil reais para que uma Unidade Avançada de Saúde possa ser instalada próxima às aldeias Xavante. Até o momento foram arrecadados aproximadamente R$ 203 mil.

(*) Com informações da assessoria

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