Além de combater enfermidades, plantas medicinais são usadas para produzir cosméticos

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – A utilização de plantas com propósitos medicinais é uma prática comum em várias partes do mundo, principalmente na Amazônia, onde este conhecimento, originalmente empírico, já possui milhares de produtos com a eficácia comprovada cientificamente, cujos benefícios vão além da saúde: também é possível valorizar o conhecimento tradicional e incentivar o consumo sustentável de itens que podem ser feitos de forma caseira.

Segundo o engenheiro químico e mestre em biotecnologia Paulo Simonetti, que também produz cosméticos naturais e veganos há cinco anos, é importante valorizar o consumo consciente a partir da utilização de plantas medicinais. “Essa é a proposta, valorizar esse consumo consciente e o uso natural das plantas, sentir que a gente está reconectando com a natureza. Não só depender de Vitamina C e Ácido Hialurônico ou outros ativos de cosméticos que estão bem distantes na natureza”, destacou o engenheiro.

A partir do conhecimento adquirido nessa experiência, Paulo Simonetti ainda ressaltou a importância dos benefícios de utilizar plantas com ativos que podem ser usados para fins medicinais. “Queremos mostrar para as pessoas que, apesar de usar só plantas, também temos resultados muito bons e muito positivos. Elas trazem muitos benefícios, comprovados inclusive cientificamente. Então, não precisa partir para uma coisa mais tecnológica”, lembrou ele.

Plantas

Entre as plantas com propósitos medicinais, Paulo destaca algumas que são mais conhecidas e outras não tão conhecidas. Uma destas é conhecida popularmente como ‘árvore da juventude’. “Para cosméticos, as pessoas procuram muito o Mulateiro, que é uma árvore bastante utilizada para renovação da pele, pois estimula sua renovação celular. É uma planta que tem um antiage que induz boa produção de colágeno”, pontuou ele.

O engenheiro químico lembrou, ainda, de outras plantas características da região Amazônica. “Copaíba, andiroba e o óleo de castanha são as mais comuns, mas têm aumentado a procura, por exemplo, por crajiru, que é uma planta anti-inflamatória e antisséptica, muito utilizada em sabonetes íntimos. Pode-se utilizar também o Jaborandi para fortalecer o cabelo”, explicou o pesquisador.

Covid-19

Mesmo sem ter comprovações científicas de medicamentos ou substâncias que sejam eficazes no tratamento da Covid-19, ainda é comum ver a utilização de duas plantas em casos de infecções da doença. “Tem várias plantas que são utilizadas para cosméticos. Mas hoje em dia tem o mastruz e a vique, que são duas plantas muito usadas agora na pandemia”, destacou Paulo Simonetti.

Cuidados

Apesar de valorizar o uso de plantas medicinais, o engenheiro químico e mestre em biotecnologia Paulo Simonetti alertou para o uso consciente e responsável das substâncias. “Antes de utilizar qualquer planta, é preciso consultar um médico, principalmente quem faz uso de medicamentos controlados, porque existem interações entre chás dessas plantas e medicamentos. Uma coisa importante de as pessoas saberem é que não é porque é natural, que não possa fazer mal”, alertou o especialista.