Alemanha anuncia 1 bilhão de euros para fundo de florestas criado por Lula


Por: Cenarium*

20 de novembro de 2025
Alemanha anuncia 1 bilhão de euros para fundo de florestas criado por Lula
O chanceler alemão Friedrich Merz e o presidente Lula (Ricardo Stuckert/PR)

MANAUS (AM) – A Alemanha anunciou nesta quarta-feira, 19, que pretende investir € 1 bilhão (cerca de US$ 1,15 bilhão) no fundo criado pelo Brasil para a preservação de florestas em países em desenvolvimento. Com isso, já são cinco patrocinadores e um total de US$ 6,7 bilhões levantados para o instrumento.

O valor foi informado primeiro ao governo brasileiro. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, divulgou o montante à imprensa ao lado do presidente Lula (PT) e disse que o aporte é um reconhecimento de que o mecanismo foi bem estruturado. Segundo ela, é uma “demonstração que esse instrumento de financiamento global é muito bem desenhado, bem estruturado e que começa a dar respostas”.

O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, abordou o assunto no começo do mês, quando esteve com Lula em Belém (PA) durante a cúpula que reuniu chefes de Estado e de governo e antecedeu a COP30.

Durante a passagem pelo Brasil, no entanto, Merz frustrou expectativas ao não anunciar valores ao TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre). Ele apenas repetiu que a Alemanha investiria um montante “substancial” no mecanismo.

Ao todo, o TFFF deve chegar a 73 países que detêm 1 bilhão de hectares de florestas tropicais (Reprodução/Agência Brasil)

O governo brasileiro tem como objetivo levantar para o fundo US$ 25 bilhões de países, além de US$ 100 bilhões de investidores privados. O dinheiro é aplicado em rendimentos que geram dinheiro para todos que aplicam e também para os países que preservarem suas florestas.

Ainda durante a cúpula, a Noruega anunciou um aporte de US$ 3 bilhões, e a França, de € 500 milhões. Antes, Brasil e Indonésia se comprometeram com investimentos de US$ 1 bilhão cada um.

A Alemanha vinha sendo pressionada por entidades a anunciar um valor. Um grupo de 12 organizações ambientais e humanitárias enviou neste mês uma carta a Merz pedindo que o país anunciasse um aporte de pelo menos US$ 2,5 bilhões no fundo.

As entidades – entre elas, a Global Citizen, a Germanwatch e a WWF – defendiam que o anúncio ocorresse ainda durante a conferência, o que também ajudaria a preservar recursos já prometidos por países como Noruega e França e forçaria novos compromissos de outras nações.

“Com uma contribuição própria concreta e ambiciosa, a Alemanha poderá aumentar a pressão sobre China, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido para que também contribuam com o TFFF. A mobilização de mais capital público é essencial para o sucesso do mecanismo”, disseram os signatários.

O valor confirmado nesta quarta foi criticado pela entidade ambiental Plant-for-the-Planet, que pede que o governo alemão aumente sua contribuição em 2026 para pelo menos US$ 2,5 bilhões ou, idealmente, iguale-se à Noruega (US$ 3 bilhões).

Fundo de florestas foi anunciado por Lula durante a Cúpula de Líderes em Belém (Reprodução/Agência Brasil)

O investimento alemão agora se confirma dois dias após vir à tona um discurso de Merz com tom depreciativo em relação a Belém, que foi rebatido por Lula e outras autoridades além de ter gerado forte reação nas redes. Na semana passada, em discurso no Congresso Alemão do Comércio, Merz usou o Brasil como referência negativa para enaltecer a Alemanha.

“Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, disse.

O que é o TFFF

O TFFF é uma proposta inédita para usar recursos públicos e privados no financiamento da conservação ambiental. O mecanismo remunera tanto quem preserva a natureza quanto quem investe nele. É visto pela gestão Lula como um legado a ser deixado pela COP30.

O ritmo de adesões, no entanto, desafia o otimismo de governo. Pelo modelo proposto, mais de 70 países em desenvolvimento –entre eles, o Brasil– poderão receber pagamentos do fundo se mantiverem suas florestas de pé. As checagens, hectare por hectare, serão feitas via satélite de forma recorrente e os recursos serão repassados diretamente a governos nacionais, incentivando esforços ambientais.

Rendimentos

Pela proposta, o fundo, a ser administrado pelo Banco Mundial, usará os US$ 125 bilhões totais para investir em uma carteira de investimentos diversificados de renda fixa. Os rendimentos obtidos por essas aplicações são estimados em 7% a 8% ao ano.

Os investidores devem ficar com uma fatia de aproximadamente 4% do valor investido ao ano, o mesmo gerado pela aplicação em títulos do Tesouro americano (referência global por ser considerado o investimento mais seguro do mundo e, por isso, pagar juros menores).

O valor a ser repassado é de US$ 4 por hectare, ajustado anualmente pela inflação. Quando houver desmatamento ou degradação por fogo, o pagamento é reduzido – o que faz o fundo gerar um mecanismo de penalização quando houver perda da vegetação.

Leia mais: Em poucas horas, Brasil atrai US$ 5,5 bilhões para fundo de florestas lançado em Belém
(*) Com informações de Folha de São Paulo

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.