Alexandre Saraiva fala sobre pré-candidatura: ‘jamais vou esquecer da Amazônia’

Alexandre Saraiva diz que aceitaria coordenar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).(Reprodução)

Gabriel Abreu e Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – O ex-superintendente da Polícia Federal do Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, falou pela primeira vez sobre a pré-candidatura à Câmara dos Deputados. O delegado federal se filiou na segunda-feira, 21, no Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em entrevista exclusiva à REVISTA CENARIUM, ele destacou que pretende atuar na defesa da Amazônia, na interferência do governo federal na PF e na motivação em falar da Floresta Amazônica na região mais populosa do País.

Saraiva sofreu retaliação depois de apresentar uma queixa-crime contra o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles de interferir e obstruir investigação da Operação ‘Handronthus GLO’. Seis dias após a apresentação da queixa contra Salles, o governo federal trocou a Superintendência da Polícia Federal, no Amazonas; na ocasião, o delegado Leandro Almada da Costa substituiu Saraiva. Atualmente, o delegado atua na Polícia Federal, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro.

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“Eu trabalhei durante 10 anos, na Amazônia, e estou há 18 anos na Polícia Federal. Então, eu acho que vi muita coisa, rodei o Brasil bastante e acho que essa minha experiência, ela vai ser muito mais útil ao País, no Parlamento, se realmente eu for confirmado como candidato, porque acho que nós do Sudeste temos que defender a Amazônia, defender a Amazônia é também defender a população que mora nos Estados da Amazônia Legal”, destaca o delegado que ressalta, ainda, jamais esquecer da Amazônia.

“Não adianta fazer uma defesa do Meio Ambiente, esquecendo que existe milhões de brasileiros que moram na Amazônia e tem que ganhar o seu sustento. A economia tem que crescer da mesma forma que no Sudeste. Então, se caso eu sair [como deputado federal] pelo Rio de Janeiro, eu jamais vou me esquecer da Amazônia”, declara Saraiva.

Opção pelo Rio

Questionado pela escolha em se candidatar pelo Rio de Janeiro e não pelo Amazonas, o delegado respondeu que por conta da família e de que as pessoas que moram no Sudeste tenham uma visão ampla sobre a maior floresta tropical do mundo.

“Sendo deputado pelo Rio eu tenho a possibilidade de conscientizar as pessoas e os cidadãos brasileiros do Sudeste sobre a realidade da Amazônia, porque é muito fácil ficar aqui falando de uma visão abstrata da Amazônia, da nossa realidade, e é muito fácil criticar e exigir soluções que vão penalizar o povo e não vai proteger o Meio Ambiente. As duas coisas têm que andar juntas, Meio Ambiente e crescimento econômico, qualidade de vida e IDH, se a gente não preservar o ser humano não dá para preservar o Meio Ambiente”, afirmou o delegado.

Paixão pela Amazônia

Saraiva afirmou que é apaixonado pela Amazônia e que está com saudades de atuar na região que vem sofrendo muito com o desmatamento e as queimadas. De acordo com o Imazon, o desmatamento na Amazônia bateu mais um recorde em fevereiro. A floresta perdeu uma área do tamanho da cidade de Fortaleza – quase 70% a mais que fevereiro de 2021. São os números mais altos para o mês, nos últimos 15 anos.

“A Amazônia está no meu sangue. Eu já estou sofrendo de abstinência da Amazônia, uma saudade imensa. E acho que a Amazônia vem sofrendo muito, há muito tempo, e se intensificou de forma desenfreada agora. Recentemente, eu li uma matéria, na Cenarium, sobre as pessoas de Santarém estarem contaminadas com mercúrio no sangue, é uma coisa absurda, isso era para ser um escândalo. Até quando nós vamos permitir isso, será que os garimpeiros estão gerando riqueza ou estão gerando doença? Estão gerando destruição ao Meio Ambiente, na verdade; estão destruindo riquezas, não produzindo riqueza”, diz.

Pautas e contribuição

Outra motivação destacada por Saraiva para tomar a decisão de se pré-candidatar foi a vontade de servir ao País, embora considere um “sacrifício”. O ex-superintendente revela que deve, enquanto cidadão, contribuir da melhor forma para o progresso da sociedade.

“Eu sempre rechacei essa ideia de entrar na política. Gosto muito do que faço, mas penso que a gente, ao se questionar, enquanto cidadão, é onde e como eu posso contribuir para a melhora do meu País. Para mim, é um sacrifício fazer isso, confesso. Poderia ficar aqui conduzindo meus inquéritos com qualidade de vida muito maior, mas eu não dormiria tranquilo, à noite, sabendo que posso fazer mais e melhor para que as pessoas tenham mais qualidade de vida do que têm hoje”, ressalta.

O delegado também comenta as interferências políticas sofridas pela Polícia Federal durante o primeiro ano de mandato do presidente Jair Bolsonaro. Conforme Saraiva, em uma eventual gestão, na Câmara Federal, o combate voltado à devida prática será umas das pautas defendidas por ele.

“É uma pauta muito cara para mim. Há leis que dão garantias e protegem como escudo os magistrados e promotores, a polícia não tem nada disso, então, nós precisamos regulamentar, por meio de lei, garantias não só para policiais, mas também, por exemplo, para os fiscais do Ibama, órgãos ambientais e federais que são heróis, se expondo sem garantia nenhuma”, salienta Alexandre Saraiva.

Escolha de Partido

Nos bastidores da política, houve a especulação de que o pré-candidato iria para o Partido Verde (PV), porém, a escolha de se filiar ao PSB prevaleceu. Segundo Alexandre, a decisão se deu tanto pelas alianças quanto pelas pautas com as quais ele se identifica como segurança e Meio Ambiente.

Sobre a chamada “Bancada da Bala”, (termo utilizado para referir à frente parlamentar composta por políticos que defendem o armamento civil, a flexibilização de leis relacionadas a armas e contra políticas desarmamentistas) e defensora das políticas públicas do governo Bolsonaro, o delegado ressalta que seja qual for o governo vai manter o posicionamento que defende. Para Alexandre, armar a população não é a melhor solução como política de segurança pública. Salve as exceções, a medida não pode ser vulgarizada.

Políticas ambientais

No quesito políticas públicas voltadas para o Meio Ambiente, Saraiva afirma que não há vontade de uma melhoria efetiva para a temática. O ex-superintendente critica a piora do desmatamento nos últimos dois anos.

“As políticas ambientais, no Brasil, são equivocadas há anos e se pegarmos os números do avanço de desmatamento podemos notar que passaram vários governos e a Amazônia vem sendo destruída há muito tempo. Claro que nos últimos anos piorou e apesar de termos tecnologia que nos permitiria resolver o problema, não existe vontade política que isso aconteça”, destaca.

O pré-candidato à Câmara dos Deputados reforça que a principal pretensão é servir o Brasil da melhor maneira possível. Para Alexandre, a obrigação de todos os servidores é a mesma, contribuir para o bem do todo, “o nome é servidor e as pessoas esquecem disso, seja na polícia ou fora da polícia, cada um dentro das suas atribuições pode auxiliar para um País melhor”, finaliza.

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