Alunos da Ufam pedem reabertura de restaurante universitário em Benjamin Constant


Por: Marcela Leiros

23 de setembro de 2024
Alunos da Ufam pedem reabertura de restaurante universitário em Benjamin Constant
Espaço do Restaurante Universitário (RU) foi inaugurado em junho (Divulgação/Ufam)

MANAUS (AM) – Alunos do Campus Universitário do Polo Alto Solimões da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sediado no município de Benjamin Constant, reivindicam a reabertura imediata do Restaurante Universitário (RU) da unidade, localizada a 1.121 quilômetros de Manaus (AM), devido às dificuldades que enfrentam com a seca na região. À CENARIUM, os estudantes relataram falta de água potável no campus, além de escassez de recursos para alimentação e permanência na universidade.

De acordo com os discentes, o restaurante, que tem como objetivo oferecer alimentação a preços acessíveis para auxiliar os estudantes, foi desativado no último dia 26 de agosto. Desde então, há alunos que passam o dia inteiro sem se alimentar, conforme relata Tália Cunha, estudante do curso de Licenciatura em Ciências, Biologia e Química, e indígena da etnia Tikuna. O campus abriga 700 estudantes, entre indígenas e não indígenas, e entre 230 a 368 deles fazem refeições diárias no RU.

Os universitários estão passando fome“, relata. “Porque tem discentes que não estão se alimentando, não tomam café, não almoçam nem jantam, então a gente pede uma sensibilização para que olhem para nós, para que vejam a nossa situação, para que seja divulgado, para que a gente seja reconhecido, para que a gente seja ouvido“.

Espaço do Restaurante Universitário (RU) foi inaugurado em junho (Divulgação/Ufam)

Ainda de acordo com Tália, 116 pessoas vivem em uma residência disponibilizada pela Ufam para alunos de outros municípios que estudam nesse campus. No local e na própria universidade tem faltado água. “Estão com necessidade de água na residência. A gente também está com falta de água nos bebedores da universidade“, declarou.

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Bolsas

Tália explicou ainda que um Auxílio Alimentação Emergencial foi anunciado pela Ufam, em valores de R$ 400, R$ 300 e R$ 200, para dar assistência a cerca de 40 alunos que não recebem outro tipo de ajuda financeira. Mas, nenhum valor foi repassado até o momento. A situação fica complicada para todos, até mesmo para ela que recebe bolsa permanência para estudantes indígenas no valor de um salário mínimo.

Como eu não faço parte do município, eu sou do município de Amaturá (a 308 quilômetros de Benjamin Constant), eu recebo bolsa acadêmica, mas a bolsa não está durando, então para me virar eu estou vendendo café na Ufam, para me ajudar a ter suporte aqui, porque temos gasto com remédios, gasto com alimentação, gastos com coisas que aparecem, como água“, declara.

Tem discentes do campus que são mãe e sempre faziam suas refeições com seus filhos no refeitório e agora tem que sair das aulas mais cedo para poder fazer o almoço, dar banho, levar pra aula e não dá tempo“, compartilha.

Prédio do Instituto de Natureza e Cultura, em Benjamin Constant (Divulgação)
Ausência

A unidade de ensino é composta por alunos de diferentes municípios do Alto Solimões. Além de Tália Cunha, a universitária Tacila Xavier Kury, aluna do curso de licenciatura em Ciências, Biologia e Química também faz parte desse grupo e enfatiza que, neste período de estiagem, o que mais dificulta a permanência dos discente no campus é a ausência do RU.

Tem colegas de municípios mais próximo, como Tabatinga e Atalaia do Norte, e também as comunidades situadas nas proximidades de Benjamin Constant, que se deslocam diariamente para frequentar as aula na Ufam, considerando a logística como um dos desafios que eles enfrentam. Longe de seus lares eles tem que lidar com despesas, pagamentos de transporte e alimentação. Com a falta do RU eu senti bastante a ausência desses colegas dentro da Ufam e da minha própria sala de aula“, declarou.

De acordo com a estudante universitária, o custo para se deslocar de Tabatinga para Benjamin Constant é R$ 70. Para ir e voltar de comunidades próximas à sede é preciso desembolsar R$ 15 de mototáxi, cada viagem. Para se deslocar de Atalaia à sede é R$ 50, também de mototáxi.

Nós vivemos uma realidade que é difícil pra quem é de fora compreender“, declara. “Sem o RU, os alunos estão frequentando as aulas com fome, quem tem um dinheirinho ainda consegue comprar algo e quem não tem? Fica difícil, levando em consideração a pessoa que opta por estudar e que abre mãos de trabalhar, mesmo de forma autônoma, tem dificuldades financeiras“.

A CENARIUM solicitou esclarecimentos à Ufam. De acordo com a universidade, a instituição iniciou o pagamento do Auxílio Alimentação Emergencial a mais de 200 estudantes de graduação do Instituto de Natureza e Cultura (INC), em Benjamin Constant, e está em andamento a contratação de empresa para fornecer as refeições no RU.

(*) A matéria foi atualizada às 11h07, do dia 25 de setembro de 2024, para adicionar o posicionamento da Ufam.

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