Alvo da PF, governador do Tocantins é afastado do cargo por seis meses pelo STJ

As operações Éris e Hygea foram determinadas a pedido do ministro relator Mauro Campbell (Esequias Araújo/Governo do Tocantins)

Com informações da Folhapress

SÃO PAULO – O governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), é alvo de mandado de busca e apreensão de duas operações deflagradas nesta quarta-feira, 20, pela Polícia Federal. As operações Éris e Hygea foram determinadas a pedido do ministro relator Mauro Campbell do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo apurou a reportagem do UOL, o governador foi afastado por seis meses do cargo em razão da suposta obstrução de investigações sobre o combate à corrupção e pagamento de vantagens indevidas ao Plansaúde (Plano de Saúde dos Servidores do Estado do Tocantins). Também foi decretado o afastamento do secretário de Segurança do Estado, Cristiano Barbosa Sampaio.

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De acordo com o STJ e a PF, as operações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal visam desarticular um grupo que tentava obstruir investigações que apuram irregularidades na cúpula do governo do estado.

“O teor das decisões proferidas pelo ministro relator dos inquéritos foi antecipado aos demais membros da Corte Especial do STJ, as quais serão submetidas ao colegiado para referendo”, informa o STJ, em nota. O colegiado poderá votar para manter a decisão do afastamento do governador ou revogá-la.

O UOL entrou em contato com a assessoria do governo do Tocantins às 7h49 (horário de Brasília) e aguarda um posicionamento.

Segundo a PF, “cerca de 280 policiais federais cumprem 57 mandados de busca e apreensão e outras 50 medidas cautelares, como a suspensão do exercício das funções públicas, expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça, nas cidades de Palmas (TO), Gurupi (TO), Porto Nacional (TO), Minaçu (GO), Goiânia (GO), Brasília (DF) e São Paulo (SP).

A operação Éris tem o objetivo de desarticular a organização criminosa dentro da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Tocantins, que teria obstruído investigações “utilizando-se de instrumentalização normativa, aparelhamento pessoal e poder normativo e disciplinar contra os policiais envolvidos no combate à corrupção”.

A PF ainda aponta que a secretaria é suspeita de divulgar dados de investigações em andamento aos próprios investigados. Já a operação Hygea foca em desmantelar esquemas de propina ligadas ao Plansaúde e a estrutura criada para a lavagem de dinheiro, “assim como demonstrar a integralização dos recursos públicos desviados ao patrimônio dos investigados”.

“Segundo as investigações, o governo estadual removeu indevidamente delegados responsáveis por inquéritos de combate à corrupção conforme as apurações avançavam e mencionavam expressamente membros da cúpula do Estado. Há ainda fortes evidências da produção coordenada de documentos falsos para manutenção dos interesses da organização criminosa.”

Os inquéritos tramitam sob sigilo e, de acordo com o STJ, indicaram a “presença de fortes indícios do pagamento de vantagens indevidas ligadas ao plano de saúde dos servidores do estado do Tocantins e a estrutura montada para a lavagem de ativos”.

Há indícios também de que os recursos desviados foram integralizados ao patrimônio dos investigados. Já foi determinado o bloqueio judicial de R$ 40 milhões.

“As investigações, iniciadas há quase dois anos, reuniram um vasto conjunto de elementos que demonstram um complexo aparelhamento da estrutura estatal voltado a permitir a continuidade de diversos esquemas criminosos comandados pelos principais investigados”, completa a nota do STJ.

– Segundo a Corte, a operação tem os seguintes objetivos:
– Obtenção de novas provas;
– Interromper a continuidade das ações criminosas; Identificar e recuperar ativos frutos dos desvios;
– Resguardar a aplicação da lei penal, a segurança de testemunhas e a retomada das Instituições Públicas;

A PF afirmou que os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa, falsidade ideológica e documental e embaraço às investigações.
Em junho de 2018, Carlesse também foi alvo de mandados de buscas em uma operação da PF.

A ação foi deflagrada por ordem do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e apontou que o político, então governador interino à época, teria liberado emendas parlamentares poucos dias antes do primeiro turno das eleições suplementares no estado para a sucessão do emedebista Marcelo Miranda, cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

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