Amazon Best é principal fornecedora da campanha de Mateus em Parintins

MANAUS (AM) – A Amazon Best, empresa de familiares do atual prefeito de Parintins, Frank Bi Garcia (PSD), é a principal fornecedora da campanha do candidato à prefeitura da cidade Mateus Assayag (PSD), apoiado pelo chefe do Executivo municipal. Em junho deste ano, a agência de turismo e eventos foi beneficiada por prescrição em um processo no Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), que revelou “rebuscado esquema” de enriquecimento ilícito de sócios ligados a Bi Garcia.

Conforme a plataforma Divulgacand, da Justiça Eleitoral, a empresa que controla a venda de ingressos do Festival Folclórico de Parintins recebeu R$ 200 mil de serviços prestados à campanha de Assayag. A quantia representa 57% do volume gasto de R$ 349,2 mil, segundo prestação de contas parcial enviada no dia 17 de setembro.

A prestação de contas detalha que o serviço executado pela empresa, inscrita no CNPJ 03.207.977/0001-72, consiste na produção de programas de rádio, televisão ou vídeo. Entre as atividades executadas pela agência, cadastradas junto à Receita Federal, não consta a produção audiovisual.

A principal sócia da Amazon Best é Geyna Brelaz da Silva, cunhada de Bi Garcia, casada com Valdo Garcia, irmão do chefe do Executivo municipal. Assim como Bi Garcia, Geyna é uma das doadoras da campanha de Assayg. Ambos doaram R$ 30 mil.

As doações de pessoas físicas têm limite de 10% da renda do doador. Os recursos que bancaram a produção dos programas eleitorais foram pagos com recursos do fundo eleitoral, conforme extrato de prestação de relatório financeiro divulgado no Divulgacand.

A reportagem entrou em contato com a Amazon Best e solicitou um posicionamento sobre a prestação de serviço audiovisual. Não houve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

Enriquecimento ilícito

Em junho, o TCE-AM decidiu tornar prescrita processo movido em 2019 pelo Ministério Público de Contas (MPC) que revelou enriquecimento ilícito por meio da Amazonas Best de pessoas ligadas a Bi Garcia.

Segundo a denúncia do MPC, o esquema é “lucrativo para qualquer empresa privada, em que o custo do empreendimento fica a cargo do Estado e do Município e a exploração de ingressos, camarotes, buffet, transporte, hospedagem, entre outros, fica a cargo da empresa e das famílias Garcia e Brelaz”.

A representação foi feita em julho de 2019 questionando a contratação da empresa para o festival de 2018.

Na ocasião, a procuradora de contas Fernanda Cantanhede afirmou na denúncia que há anos o Governo do Amazonas e a Prefeitura de Parintins têm sido instrumentos de enriquecimento ilícito das famílias Garcia e Brelaz. Segundo ela, o prefeito atrai recursos milionários para o evento e, “com a festa já paga” pelo Poder Público, busca “enriquecer a empresa de seu irmão, cunhada e sobrinha”.

O processo foi extinto sem o julgamento do mérito, ou seja, o tribunal não chegou avaliar os pedidos e evidências do MPC. Contudo, o relator do caso, conselheiro Érico Desterro, encaminhou cópia dos autos à Corregedoria para que se apure o motivo da prescrição.

Leia a representação na íntegra:

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