Amazonas ocupa 7º lugar na frequência escolar indígena no Brasil, diz IBGE


Por: Ana Pastana

06 de março de 2025
A frequência escolar bruta das pessoas indígenas no Amazonas alcançou a taxa de 35,58%, em 2022 (Divulgação-Seduc/AM)
A frequência escolar bruta das pessoas indígenas no Amazonas alcançou a taxa de 35,58%, em 2022 (Divulgação-Seduc/AM)

MANAUS (AM) – O Estado do Amazonas ganhou destaque em comparação a outros Estados do País em relação à frequência escolar, especialmente da população indígena. É o que aponta novos dados do Censo 2022, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os números da pesquisa, a frequência escolar bruta das pessoas indígenas no Amazonas alcançou a taxa de 35,58%, em 2022.

A porcentagem coloca o Estado amazonense na sétima posição em comparação a outros Estados do Brasil, como Amapá (46,07%), Tocantins (43,1%), Maranhão (39,86%), Pará (38,96%) e Mato Grosso (38,55%), que estão à frente na lista da taxa de frequência escolar bruta de pessoas indígenas.

Veja a lista:
Taxa de frequência escolar de pessoas indígenas (Reprodução/IBGE)

Entre a população indígena de 5 anos de idade, a frequência escolar ou em creche é de 22,3 mil pessoas no Amazonas. O número representa uma porcentagem de 33,3% do total do País. Já as crianças indígenas do sexo masculino com a mesma idade, a frequência escolar é de 5,6%. Em comparação, as crianças indígenas do sexo feminino de 5 anos de idade têm uma frequência de 5,18%.

Ainda segundo as informações, a população indígena entre 6 e 17 anos de idade que frequentam a escola no Amazonas é de 120,5 mil. Destes, 97,2 mil frequentam o ensino fundamental, 15,6 mil frequentam o ensino médio e 6,2 mil frequentam a pré-escola. Entre a população indígena de 18 anos ou mais, a taxa é de 34 mil. Esse é o maior quantitativo entre as Unidades da Federação (UF).

Outro dado é o de anos de estudos. Segundo os números, pessoas indígenas de 25 a 29 anos de idade, a média de anos de estudo é de 9,9%, e a porcentagem se repete para o grupo de 20 a 24 anos de idade (9,9%). Já a média de anos de estudo para as pessoas indígenas de 18 a 24 anos de idade é de 9,8%.

A população idosa indígena também aparece na pesquisa, sendo, de 65 anos ou mais, a média de anos de estudo de 3,1%. O número é superior em comparação à população indígena de 75 a 79 anos de idade, que aparece com 2,6%. Já a população indígena de 80 anos ou mais, a média é de 1,3%.

A pesquisa explica que o número de anos de estudo é calculado pelas informações da série, nível ou grau que a pessoa estava frequentando ou havia concluído. Para o Ensino Fundamental completo, são considerados 9 anos de estudo; Ensino Médio completo, 12 anos de estudo; e Ensino Superior completo, 16 anos de estudo. Mestrado, doutorado e especialização de Nível Superior não adicionam anos de estudo na metodologia adotada, ou seja, 16 anos é o valor máximo.

Nível de escolaridade

Os números da pesquisa divulgada apontam que as pessoas indígenas de 18 anos ou mais, por nível de instrução – o grau de escolaridade que uma pessoa alcança -, foram de 290,9 mil no total, sendo que, desse número, 124 mil pessoas indígenas não tinham instrução ou tinham o ensino fundamental incompleto.

Com o Ensino Médio completo e o Superior incompleto, o número é de 97,8 mil pessoas indígenas. Já com o Fundamental completo e o Ensino Médio incompleto, o número de pessoas indígenas é de 51,7 mil. E os indígenas que possuem uma formação de Nível Superior completo no Amazonas são 17 mil.

Pessoas indígenas de 18 anos ou mais de idade por nível de instrução (Reprodução/IBGE)
Especialista

O professor mestre em Sociedade e Cultura, do Território Andirá-Marau/AM, Josias Sateré, afirma que a tendência dos números referentes à escolaridade indígena no Amazonas é aumentar. Para ele, as administrações responsáveis pelo ensino educacional precisam considerar a logística dificultosa do Estado e outros recursos que refletem nos números, como, por exemplo, a merenda escolar.

“A tendência é aumentar porque no Amazonas temos que levar em consideração a logística de nossa região, que nossas ruas são os rios, e os alunos são das comunidades referenciais e comunidades adjacentes, o que demanda investimento para transporte escolar e combustível, para que os estudantes possam frequentar nos dias de verão e inverno, na cheia dos rios e na seca. A distribuição de merenda escolar também influencia nesses dados, porque merenda escolar também faz parte da educação e contribui para a nutrição dos alunos das comunidades”, explica.

Josias reafirma que a valorização de professores indígenas e o investimento na melhoria do trabalho de professores também são responsáveis por cultivar o interesse no ensino. “Uma escola indígena com professores indígenas incentivados, com apoio das secretarias municipais e estadual, tem materiais didáticos para trabalhar, local físico para trabalhar, realizar suas atividades, e os estudantes indígenas aprendem a conectar conhecimentos tradicionais e conhecimentos ocidentais-europeus”, disse.

O coordenador de Disseminação de Informações (SDI) do IBGE no Amazonas, Adjalma Nogueira Jaques, explica que a logística e a geografia do Estado dificultam o acesso da população à educação como um todo.

“A variação nas taxas de frequência escolar entre os municípios do Amazonas revela a desigualdade no acesso à educação. As diferenças geográficas e socioeconômicas influenciam a disponibilidade da infraestrutura, recursos e oportunidades educacionais”, disse Adjalma.

População indígena

De acordo com o Censo 2022, a população indígena no País é de 1,6 milhão de pessoas. O número representa 0,83% do total de habitantes. Sendo que, do total, 51,2% se concentram na região da Amazônia Legal. Em 2010, a população indígena era de 896,9 mil no País, os novos dados refletem um aumento de 88,82%.

Grande parte dos povos indígenas estão localizados na Região Norte, com 44,48%. O Estado do Amazonas e o Estado da Bahia são os locais que mais habitam indígenas com 42,51% do total, o equivalente a 490,9 mil e 229,1 mil, respectivamente.

Leia também: Estados da Amazônia registram queda em matrícula escolar
Editado por Marcela Leiros
Revisado por Gustavo Gilona

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