Descaso do Governo Federal com a pandemia e ataque ao STF são pautas de protesto em Manaus

Os manifestos suprapartidários em defesa da democracia surgidos nos últimos dias e ganha as ruas das principais capitais do País (Divulgação)

Luana Dávila e Thiago FernandoDa Revista Cenarium

Insatisfeitos com as atitudes e decisões tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) e de seus apoiadores durante a pandemia do novo Coronavírus, manifestantes pró-democracia decidiram protestar nesta terça-feira, 2, às 14h, no posto 700, localizado na Avenida Djalma Batista. O ato denominado de ‘Amazonas pela Democracia’ surgiu no Twitter e rapidamente ganhou muitos adeptos nas páginas oficiais do Facebook e Instagram.

Idealizado em Manaus pelo estudante Matheus Castro, de anos 20, a manifestação tem como intuito demonstrar a indignação da população amazonense com o Governo Federal, principalmente ao apoio dado por Bolsonaro a movimentos contrários ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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“O movimento surgiu da indignação da população do Amazonas com a postura tomada pelo Governo Federal e seus apoiadores nesse período de pandemia. Os ataques à democracia se tornaram cada vez mais frequentes. Nosso principal intuito é dizer não a todo tipo de intolerância, preconceito, ataque fascista, racista e homofóbico, além da apologia que o presidente faz em apoio a esse grupo”, explicou Castro.

O estudante informou que, apesar de ter menos de 24 horas de organização, o ato já conta com apoio de setores importantes da sociedade como o da Saúde. Matheus revelou que alguns enfermeiros entraram em contato oferecendo apoio e assistência gratuita para os manifestantes.

“O movimento já começou grande. Conseguimos reunir vários profissionais que já entraram em contato informando que vão participar do ato, como enfermeiros que levarão kits de primeiros socorros. Já falamos com costureiras que vão levar mascaras. Vamos respeitar todas as recomendações da OMS e dos profissionais de saúde. Amanhã, vamos provar que eles (apoiadores de Bolsonaro) não passam de uma minoria escandalosa”, concluiu.

De acordo com a professora Cristiane Balieiro, o grande apoio recebido pelas redes sociais ao ato é uma prova da insatisfação do brasileiro com a atual gestão federal. Para ela, as pessoas não estão mais suportando tudo o que vem acontecendo no Brasil, principalmente durante a crise da Covid-19.

“O objetivo é marcar e se posicionar contra o fascismo e contra a forma autoritária que o governo Bolsonaro vem agindo durante a pandemia. Sabemos que tem o decreto que não autoriza a aglomeração, mas temos uma expectativa grande de público, principalmente do público jovem que está querendo ir para as ruas lutas”.

Menos credibilidade

O deputado federal José Ricardo (PT)  disse que o Governo Bolsonaro está caindo, a cada dia mais, em termo de credibilidade, aceitação e a rejeição está aumentando.

“É um governo que está atrasando o Brasil, cortando recursos nas áreas fundamentais. É um governo que neste momento tão importante não está enfrentando a pandemia, onde reuniões ministeriais são para discutir o fechamento de instituições e apoiar as propostas de ditadura no Brasil”.

Para o petista, as manifestações significam pedido de mudança da população aos equívocos por parte do governo federal e a omissão diante do avanço da pandemia no país, novo epicentro da doença no planeta.

“Começa reação e os movimentos começam a se mobilizar. Há vários pedidos de afastamento no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF). Estão sendo investigados os esquemas de fake news dos atos criminosos que o ajudaram a se eleger. Empresários e deputados fascistas que estão envolvidos nesses crimes de atentado às instituições brasileiras, contra a Constituição. Tem todas as condições de ter o afastamento desse governo”, concluiu.

Cuidados com a saúde e segurança

Os organizadores do ato ‘Amazonas pela Democracia’ explicaram aos manifestantes a importância de respeitarem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitarem a propagação do novo Coronavírus.

“Pedimos que crianças, idosos ou qualquer pessoa do grupo de risco fiquem em casa. Vamos ter equipes de desaglomeração e contamos com a educação dos participantes. Quem for, não pode esquecer de usar a mascara e levar o álcool gel”, disse.

Matheus Castro ainda revelou o motivo do percurso do ato não ter sido informado até o momento, mas redes sociais, o movimento está marcado para acontecer a partir das 14h, na avenida Djalma Batista, no posto 700, bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul.

“Ainda não vamos divulgar o nosso percurso, porque já estamos sofrendo ataques de defensores do Bolsonaro nas redes sociais, e isso só salienta a nossa luta contra essa visão de mundo que eles (apoiadores) acham certo. Por isso vamos para a rua da forma mais pacifica possível para reivindicar e dizer não a todos os atos fascistas que o presidente Bolsonaro tem causado no nosso país”, finalizou.

Ex-presidente Lula critica manifestações

Durante a reunião do Partido dos Trabalhadores (PT), realizada nesta segunda-feira, o ex-presidente Lula se mostrou receoso com as reais motivações do atos em defesa da democracia surgidos nos últimos dias. Para ele, poucas vezes surgiram manifestações em favor da classe trabalhadora.

“Li os manifestos e acho que tem pouca coisa de interesse da classe trabalhadora. Não se fala em classe trabalhadora, nos direitos perdidos”, afirmou. Para ele, os textos só falam genericamente no que chamou de corte recente de direitos.

O ex-presidente se disse incomodado com a presença, nas listas, de nomes de pessoas que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e que, na visão do petista, abriram caminho para a eleição de Bolsonaro. Em diversos momentos, ele reivindicou protagonismo para o partido.

“Sinceramente, eu não tenho mais idade para ser Maria vai com as outras. O PT já tem história neste país, já tem administração exemplar neste país. Eu, sinceramente, não tenho condições de assinar determinados documentos com determinadas pessoas”, afirmou Lula.

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