Amazônia Legal reúne 3,8 milhões de pessoas vivendo em favelas, revela IBGE
Por: Ana Cláudia Leocádio
08 de novembro de 2024
BRASÍLIA (DF) – Em 2022, 3,8 milhões de pessoas viviam em 1.694 favelas e comunidades urbanas na Amazônia Legal, sendo o Amazonas o Estado com maior concentração proporcional dessa população (34,7%), seguido do Amapá (24,4%) e Pará (18,8%). Os dados fazem parte do Censo Demográfico 2022 divulgado nesta sexta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em todo o País, foram encontradas 12.348 favelas e comunidades, com uma população de 16.390.815 pessoas, o que equivale a 8,1% da população do País. No caso da Amazônia Brasileira, a população vivendo em favelas corresponde a 23,6% do total nacional. Se comparado aos quase 28 milhões de habitantes da região, esse percentual cai para cerca de 14% dos moradores vivendo em favelas e comunidades.

Das 1.694 favelas e comunidades registradas nos nove Estados da Amazônia Legal, 392 estão no Amazonas, 79 no Acre, 121 no Amapá, 723 no Pará, 58 no Mato Grosso, 198 no Maranhão, 74 em Rondônia, 10 em Roraima e 39 no Tocantins. O Estado com menor percentual de domicílios em favelas é o Mato Grosso (2,03%), seguido de Roraima (2,46%) e Tocantins (2,56%).
Ainda segundo o IBGE, das 20 maiores favelas e comunidades urbanas, oito estão na Região Norte, das quais seis estão localizadas em Manaus, capital do Amazonas, com destaque para a quarta maior do País, a Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, na Zona Leste da cidade, com 55.821 moradores. Sete estão no Sudeste, quatro no Nordeste e somente uma (Sol Nascente) no Centro-Oeste.
A comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), era a mais populosa em 2022, com 72.021 moradores; em seguida, vem o Sol Nascente, em Brasília (DF), com 70.908 habitantes, e Paraisópolis, em São Paulo (SP), com 58.527 pessoas, revelou o IBGE.

Belém é a mais favelizada
De acordo com o IBGE, as favelas predominam nas grandes concentrações urbanas, chegando a 83,5%. Duas delas, ambas na Região Norte, tinham mais da metade de seus domicílios em favelas e comunidades: Belém, com 55,8%, e Manaus, com 53,9%.

Isso reflete no tamanho da população. Manaus concentra 1,151 milhão de pessoas vivendo nesse tipo de organização urbana, enquanto, em Belém, são 745,140 habitantes. Na capital do Amapá, são 127,6 mil moradores de favelas e comunidades urbanas. Porto Velho (RO) reúne 79.809, Cuiabá (MT), 72.415 habitantes, Palmas tem 29.944 residentes nesses espaços e Boa Vista (RR), 16.016 pessoas. Em São Luís (MA), são 358.818 moradores.
População em favelas e comunidades urbanas:
- Manaus (AM): 1.151.828
- Rio Branco (AC): 48.126
- Porto Velho (RO): 79.809
- Cuiabá (MT): 72.415
- Belém (PA): 745.140
- Palmas (TO): 29.944
- Macapá (AP): 127.659
- Boa Vista (RR): 16.016
- São Luís (MA): 358.818
Rede de água e esgoto
A rede de abastecimento de água nas favelas e comunidades chegava a uma cobertura de 86,4% em 2022, percentual acima da média nacional de 83,4%. A Região Norte concentrou os Estados com os menores percentuais de domicílios que tinham a rede geral como a principal forma de abastecimento de água: Rondônia (23,3%), Pará (53,6%), Roraima (59,0%) e Amapá (59,6%%). Os maiores percentuais estavam na Bahia (98,1%), Piauí e Rio Grande do Norte (ambos com 97,8%), e Espírito Santo (97,5%).
Em relação à rede de esgoto, 74,6% dos domicílios estavam conectados à rede geral, rede pluvial, fossa séptica ou filtro. Amapá (28,1%), Mato Grosso do Sul (37,1%), Rondônia (39,5%) e Alagoas (40,1%) tinham os menores percentuais, enquanto os maiores estavam com Bahia (89,3%), Rio de Janeiro (86,2%), Minas Gerais (86,1%) e Espírito Santo (84,9%).
População Indígena
Segundo o Censo 2022, na Região Norte, 12,6% da população indígena residia em favelas e comunidades urbanas. No Amazonas, essa proporção chegava a 17,9% e, no Rio de Janeiro, a 12,7%. Em São Paulo, o Estado mais populoso, a proporção de indígenas morando em favelas e comunidades urbanas era de 9,6%.
O Amazonas é o Estado com maior população indígena do País (490.935), seguido do Mato Grosso do Sul (116.469), Roraima (97.668) e Pará (80.980).
Metodologia
O IBGE informou que pesquisa as Favelas e Comunidades Urbanas desde 1950 e vem aprimorando a abordagem deste tema nos censos demográficos. “Há uma dificuldade inerente para dimensionar esses territórios que são muito dinâmicos e, em grade parte, não têm limites oficialmente estabelecidos ou domicílios cadastrados”, pontou.
A primeira vez em que o instituto divulgou a população de cada uma das favelas e comunidades urbanas foi em 2010. No Censo de 2022, o IBGE contou com dados georreferenciados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para auxiliar na coleta e usufruiu de recursos digitais melhores que os da década anterior, incluindo as imagens de satélite.
“Nos anos que antecederam o Censo 2022 foi sendo ampliado diálogo com organizações e entidades representativas das favelas e comunidades, que não só participaram da operação censitária, como atuaram na redefinição da terminologia utilizada pelo IBGE, que substituiu a designação “Aglomerados Subnormais” para “Favelas e Comunidades Urbanas”, explicou o coordenador de Geografia do IBGE, Cayo Franco.
Números do Censo Demográfico 2022
