Amazônia passou a emitir mais CO2 do que absorver: sudeste do Pará tem situação mais crítica

A pesquisa do INPE coletou dados durante os anos de 2010 a 2018 (Amanda Perobelli/Reuters)
Danilo Alves – Da Revista Cenarium

BELÉM – A floresta amazônica começou a perder a capacidade de absorver dióxido de carbono devido às mudanças climáticas ocasionadas pelas queimadas e desmatamento. Conforme a pesquisa brasileira publicada na revista científica “Nature” esta semana, o sudeste do Pará é considerado o ponto com mais emissão de CO2 e menor absorção da substância tóxica.

A pesquisa, liderada pela brasileira Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), coletou de 2010 a 2018, amostras de quatro áreas diferentes da floresta e explica como o processo ocorre pelas mudanças climáticas e é intensificado pela característica da alteração da estação seca. A pesquisa apontou que as emissões de CO2 foram dez vezes maiores nas áreas da Amazônia nos Estados do Pará e Mato Grosso, onde a taxa média de desmatamento é superior a 30%.

Nos oito anos do estudo, a Amazônia brasileira foi responsável por lançar 1.06 bilhão de tonelada de CO2 para a atmosfera por ano em queimadas. Apenas 18% das emissões por queimada estão sendo absorvidas pela floresta.  O saldo final entre absorções e emissões foi de 0,87 bilhão de tonelada por ano.

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Estudo aponta que a região sul do Pará é responsável pela maior emissão de CO2 na floresta amazônica. (Reprodução/Internet)

Alta de temperatura

A pesquisa apontou que nos meses de agosto, setembro e outubro a temperatura subiu 2°C e a chuva teve queda de 35% no volume. Isso ocasiona redução do processo de fotossíntese, por isso a região, que contém todas essas adversidades climáticas potencializadas pela ação do homem ocasionam este problema.

Para chegar até esta conclusão, os pesquisadores realizaram cerca de 600 voos para medir os níveis de dióxido de carbono sobre quatro regiões da Amazônia. A maior parte das emissões é causada por queimadas, destinadas a limpar terras para a produção de carne e soja. Mesmo sem incêndios, temperaturas mais altas e secas significam que o sudeste da Amazônia se tornou uma fonte de dióxido de carbono.

Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sesma) informou que trabalha com órgãos responsáveis para diminuir os efeitos causados pelas queimadas e o desmatamento na região sul do Pará. O plano ‘Amazônia Agora’, da Sesma, tem como objetivo reduzir gases do efeito estufa e 37% até 2030.

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