Amazônia registra mais de 100 nomes em nova ‘Lista Suja’ de trabalho análogo à escravidão
Por: Fred Santana
08 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – Mais de 100 empregadores da Amazônia Legal – entre pessoas físicas e jurídicas – submetem trabalhadores a condições de trabalho análogas à escravidão, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A “Lista Suja” foi atualizada na última segunda-feira, 6, e traz a informação de que 310 trabalhadores nessas condições foram resgatados na região entre 2020 e 2025.

Um dos nomes incluídos na recente atualização da lista pelo Amazonas, o empresário Haroldo Jatahy de Castro já foi investigado na Operação Hiena, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 2007. Na época, a ação apurava fraudes contra a Receita Federal do Amazonas. Na ocasião, ele teve o sigilo telefônico quebrado, decisão que foi posteriormente contestada no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a lista, em Rondônia, 14 trabalhadores foram resgatados pelos empregadores Alexandre Alves da Costa (2), Arquimedes Francisco Zeferino (1), DDR Agroflorestal – Comercio de Produtos de Origem Flor (2), Jose Carlos Ribeiro dos Santos (3), Júlio Kleber Coelho de Andrade (4), S.K.R. Rates Ltda (4) e Valfredo Luiz Pinto (1).
Em Roraima, 96 trabalhadores distribuídos entre 16 empregadores foram encontrados: Crislane dos Santos Correia (4), Dalva da Rocha Viana (3), Disney Barreto Mesquita (29), Ernani Luiz Schuck (4), Ferrari Construcoes e Servicos Ltda (12), Francisca Rodrigues de Moura (1), Invicta Comercio e Empreendimentos Eireli (7), Jesus Ramon Leonett Leonett (2), Jockey Club Roraimense (1).
Também integram a lista no Estado nomes como Jose Fabio Martins da Silva (1), Loteamento Jockey Club SPE Ltda (1), M. Albert. G. Ferreira Ltda (4), Maria de Jesus Silva Lima (1), Roraima Verde Industria e Comercio de Madeiras Ltda (2), Thaliny Nascimento Andrade (2) e Wanderleia Pereira de Lima Raposo (2).

No Tocantins, 32 trabalhadores foram resgatados com Eduardo Lopes Pereira (7), Dourivan Conceicao de Sousa (1), Império Verde Indústria e Empreendimentos Ltda (1 e 1) e Pacheco Engenharia e Construções Ltda (23).
O Estado de Mato Grosso registrou que há 33 trabalhadores distribuídos entre Roberto dos Santos (2), Eduardo Antonio Barros da Silva (1), Guizardi Junior Construtora e Incorporadora Ltda (5), Madeireira Medianeira Ltda (7), Manoel dos Santos (3), RC Mineradora Ltda (10), Tomas Andrzejewski (7), Tomaz Edilson Filice Chayb (3), Vilson Balotin (1) e Welmiston Aparecido Oliveira Borges (1).
No Maranhão, 173 trabalhadores foram distribuídos entre 33 empregadores: Amaterra Industria Ltda (2), Antonio Luiz de Lima Andrade (4), Antonio Marcone Queiroz Coutinho (4), Bruno Rogerio Portela Figueiredo Ltda (6), Cleomilson Carneiro de Miranda (3), Dimar Luiz da Silva (5), D T Monteles Limitada (11), Edimar do Monte Arrais (7), Eduardo Amancio Alves (12), Floresta Verde Industria e Empreendimentos Ltda (1), Francisco Jackson dos Santos Neto (3), Helio Batista dos Santos (1), Imperio Verde Industria e Empreendimentos Ltda (1), J A C Brandao Ltda (2).
A lista também conta com empreendimentos e empresários como J C Construcoes e Imobiliaria Eireli (1), J C Construções e Imobiliária Ltda (1), Jean Kassio Alves Souza (18), Jesus Rodrigues Neto (1), Juscelino de Sousa Resende (10 e 8), Maria Juracy Alves de Araujo (8), Marvil Indústria e Comércio Ltda (9), Mata Fria Industria e Comercio Ltda (12), Miguel Pereira de Freitas (6), Mirador Industria e Comercio de Carvao Ltda (12), Natal Alves Barroso (12), Ozias dos Santos Ribeiro (1), Reginaldo Alves Silva (2), Richel de Oliveira Brito (3), Sebastiana da Silva Mergulhão (23), Sirlei Martins Amaral (6), Thales Mota Araruna (3), Valdenor Borges de Andrade (16) e Verinaldo Oliveira Milhomem (2 e 3).
‘Lista suja’ pelo País
No Brasil, a atualização da “Lista Suja” inclui 159 empregadores, sendo 101 pessoas físicas e 58 jurídicas, totalizando 1.530 trabalhadores resgatados entre 2020 e 2025. Os Estados com maior número de inclusões foram Minas Gerais (33), São Paulo (19), Mato Grosso do Sul (13) e Bahia (12). Entre as atividades econômicas, destacam-se criação de bovinos para corte (20 casos), serviços domésticos (15), cultivo de café (9) e construção civil (8). Do total, 16% das inclusões referem-se a atividades urbanas.

A publicação da lista é semestral e envolve a atuação de Auditoria Fiscal do Trabalho, Polícia Federal (PF), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU) e outras forças policiais quando necessário.
Denúncias podem ser feitas de forma remota e sigilosa pelo Sistema Ipê, lançado em 2020 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho em parceria com a Organização Internacional do Trabalho. A plataforma integra o Fluxo Nacional de Atendimento às Vítimas do Trabalho Escravo.
Ações
Em 2025, as operações de combate ao trabalho análogo à escravidão foram constantes. Em março, a Operação Xapiri, conduzida pela PF, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Polícia Militar Ambiental, resgatou 25 trabalhadores em situação análoga à escravidão na região de Borba (AM), distante 151 quilômetros de Manaus.
As vítimas estavam envolvidas em atividades de garimpo ilegal no leito do Rio Madeira e foram encontradas em condições degradantes, com jornadas exaustivas e exposição a substâncias tóxicas. Além disso, foi constatado o uso de minas subterrâneas, um método de alto risco e incomum. Os danos ambientais ultrapassam R$ 1 bilhão, considerando desmatamento, contaminação de lençóis freáticos e degradação de áreas de preservação.
Em junho deste ano, outra operação da PF, Auditores-Fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Maranhão e um representante do MPT, resultou no resgate de 49 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em uma fazenda na zona rural do município de Benedito Leite (MA). As vítimas estavam envolvidas na produção de carnaúba e em atividades pesqueiras, sendo encontradas em condições degradantes, sem acesso a direitos trabalhistas básicos.
No mês seguinte, outra ação conjunta entre a PF, MTE e MPT, além de outros órgãos, resgatou sete trabalhadores em situação análoga à escravidão em uma fazenda no município de Cumaru do Norte, no sul do Pará. Os trabalhadores estavam submetidos a condições degradantes, realizando atividades como plantio de milho e feijão, além de serviços gerais. Eles não recebiam salários regulares, tinham jornadas exaustivas e estavam em situação de isolamento, sem acesso a serviços básicos.