Amazônia registra menor desmatamento em agosto desde 2017
Por: Fred Santana
03 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – Em agosto de 2025, a Amazônia Legal perdeu 388 quilômetros quadrados de floresta – uma queda de 41% em relação ao mesmo mês de 2024. O dado faz parte do relatório do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e marca o início do calendário de desmatamento de 2026, que vai até julho do próximo ano. O índice é o menor para o período desde 2017.
Apesar da retração, a derrubada ainda equivale à destruição de mais de 1,2 mil campos de futebol de floresta por dia. Para o pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr., a queda revela um sinal positivo em relação ao padrão recente, mas a perda acumulada continua exigindo fiscalização contínua para que o Brasil avance em sua meta de desmatamento zero até 2030.
No acumulado de janeiro a agosto de 2025, a floresta perdeu 2.014 km², o que representa uma queda de 20% em relação ao mesmo período de 2024. Mesmo com essa melhora, a área devastada equivale a quase três vezes o território da cidade de Salvador. Os anos com maiores perdas históricas para estes meses continuam sendo 2021 e 2022.

Entre os Estados da Amazônia Legal, Acre (26%), Amazonas (26%) e Pará (23%) concentraram 75% do desmatamento observado em agosto. O Acre se destaca: além de liderar a devastação, teve quatro municípios entre os dez mais desmatados. O Amazonas apareceu em seguida, com três municípios entre os mais afetados.
No impacto sobre Unidades de Conservação (UCs), o Acre também liderou. Das dez UCs mais atingidas, cinco estão no Estado, incluindo a Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, onde foram destruídos o equivalente a 500 campos de futebol de floresta.
Degradação ambiental
Em relação à degradação florestal, causada por queimadas e extração de madeira, agosto de 2025 registrou 559 km², uma queda de 81% em comparação aos 2.870 km² de agosto de 2024. Ainda assim, essa área corresponde à perda de 1,8 mil campos de futebol por dia e está entre as maiores da série histórica.
O Estado que concentrou a maior parte da degradação foi o Mato Grosso, com 50% da área afetada. Em seguida vêm o Pará (22%) e o Acre (14%). Juntos, os três somaram 484 km² degradados, área equivalente ao território de Curitiba. Entre os dez municípios mais impactados, quatro estavam no Pará, três em Mato Grosso, dois no Acre e um em Rondônia.
Entre as unidades de conservação mais degradadas, três estavam no Pará, três em Rondônia, duas no Acre, uma no Amazonas e outra localizada em área que abrange Roraima, Amazonas e Mato Grosso. Também houve registros em terras indígenas: a Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, dos Xavante, e o Parque Indígena do Xingu, que abriga diversas etnias no Mato Grosso.
No acumulado de janeiro a agosto, a degradação caiu de 6.008 km² em 2024 para 2.744 km² em 2025 — uma redução de 54%. Mesmo assim, a área perdida ainda supera o território da cidade de Palmas.