Amazônia segue ameaçada com queimadas associadas ao desmatamento
16 de agosto de 2021
Desmatamento e queimadas ilegais são principais influências para as mudanças climáticas (Christian Braga/Greenpeace)
Com informações do Yahoo!
MANAUS (AM) – No último dia 13 de agosto, um grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do Woodwell Climate Research Center, dos EUA, encerrou uma expedição de campo que percorreu três biomas no município de Apiacás, no Mato Grosso, onde o fogo e o desmatamento são ameaças à Amazônia. A equipe também acompanhou o trabalho dos Bombeiros contra a queimada de árvores derrubadas na região.
Os pesquisadores relatam que o trabalho foi dificultado por conta dos pontos de fogo espalhados por toda a região. Segundo eles, esse tipo de atividade serve para dar fim às árvores já derrubadas e, assim, preparar o terreno para atividades agropecuárias. Na Amazônia, isso é frequente, especialmente neste período do ano, quando o tempo está mais seco na região. A pesquisadora Ludmila Rattis explica que a área desmatada se tornará um pasto, com características climáticas bem diferentes do que seria se ali existisse uma floresta de pé.
“Um dos efeitos do desmatamento é o aumento da temperatura no microclima local, subindo em até cinco graus Celsius e afetando a produtividade da terra. No final das contas, desmatar não compensa nem no aspecto climático, nem no econômico”, acrescenta Rattis. O tempo quente e seco na região aumentam as chances de que uma queimada desse tipo escape para uma floresta próxima, tornando-se um incêndio de grandes proporções. O fogo relacionado ao desmatamento aumenta também o desafio do controle, ressalta Manoela Machado, pesquisadora do Woodwell. O município de Apiacás foi a última parada da expedição iniciada uma semana antes, por volta do dia 6 de agosto.
O grupo percorreu três biomas presentes no Mato Grosso, sendo eles o Cerrado, o Pantanal e a Amazônia, onde acompanharam todo o trabalho desempenhado pelo Corpo de Bombeiros Militares do MT com o objetivo de melhor o uso dos dados científicos na prevenção e no combate a queimadas e incêndios florestais. “Esse é um projeto que nasceu da conversa entre pesquisadores e bombeiros. Desde o início, a ideia é de colaboração mútua entre a ciência aplicada e o trabalho de detecção, prevenção e combate a incêndios ambientais”, acrescenta Machado.
A expedição notou o esforço entre as estratégias adotadas pelos bombeiros ambientais com as predições realizadas pelos pesquisadores do fogo. “Passar o diálogo da sala fechada para o campo enriquece o trabalho”, acrescenta a equipe. Além disso, o trabalho testemunhou os diferentes impactos nos biomas. No Cerrado, a destruição de agriculturas familiares após uma queimada próxima ter escapado. No Pantanal, um fogo acidental se alastrou pelos pastos secos e formou o primeiro grande incêndio deste ano na região. Já na Amazônia, o fogo encontra seu combustível através do desmatamento e, ao fim de tudo, restam apenas cinzas.
O grupo registrou toda a expedição em um diário de viagem, compartilhado no Instagram do IPAM.
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