Amor em dobro: no Dia dos Pais, casal do RS celebra paternidade e combate à LGBTfobia

MANAUS (AM) – No Rio Grande do Sul, a pequena Antonella, de 1 ano e 3 meses, é o centro da história de dois pais sobre superação e representatividade. Filha de Jarbas Bitencourt e do fotógrafo Mikael Bitencourt, ela carrega no DNA um “pedaço” de cada pai e foi gerada por meio de processo de barriga solidária. Para o casal de influenciadores, mais do que um sonho realizado, Antonella é símbolo de que a família é feita de amor, nada mais.

Antonella nasceu em 17 de maio de 2024, data em que é celebrado o Dia Internacional contra a LGBTfobia. A data marca a exclusão da homossexualidade da lista de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1990, e se tornou um símbolo global na luta contra o preconceito.

Os pais, casados há 15 anos, acreditam que a chegada da filha neste dia carrega um propósito especial: o de lutar contra a discriminação e mostrar ao mundo que o amor é a base de qualquer família.

“Pode ser que foi uma coincidência, mas nós não acreditamos em consequência. Eu acredito que o nascimento dela teve, sim, um propósito, de ela nascer nessa data, para ela vir para esse mundo com uma missão, que é lutar contra o preconceito, levantar a bandeira contra o preconceito“, declara Jarbas sobre o nascimento da filha.

Apesar do amor que recebem nas redes sociais, onde possuem mais de 180 mil seguidores, Jarbas e Mikael ainda lidam com o preconceito. Comentários ofensivos e ataques virtuais são frequentes, mas eles afirmam que isso já não os abala como no início. Para os pais de Antonella, ninguém precisa “aceitar” a existência de diferentes tipos de família, mas o respeito é indispensável.

“As famílias homoafetivas não estão no mundo da aceitação. Ninguém tem que aceitar nada de ninguém. As pessoas apenas precisam se respeitar. (…) Sempre vamos falar nisso. Tanto eu quanto Mikael carregamos essa fala de que ninguém precisa aceitar ninguém, ninguém tem que gostar da nossa história. As pessoas apenas precisam aprender a respeitar, assim como nós, papais da Antonella, respeitamos todas as formas de família e todas as famílias existentes na sociedade”, declarou.

Planos para o futuro

A barriga solidária significa a participação de uma terceira pessoa no tratamento de fertilidade de um casal heterossexual ou homoafetivo. Essa pessoa cede, temporariamente, seu útero para que o bebê, de um casal ou de uma pessoa que não pode gestar, possa se desenvolver.

No caso de Jarbas e Mikael, Antonella foi gerada a partir do óvulo de Marrie Bortolanza, irmã de Mikael, com o sêmen de Jarbas. Jéssica Konig, amiga e comadre do casal, foi quem gestou a criança em seu útero.

O casal já planeja aumentar a família em 2026. Eles possuem um embrião congelado e buscam uma nova barriga solidária para dar um irmão ou irmã à filha. Além disso, fazem questão de usar sua visibilidade para informar sobre o processo de gestação solidária no Brasil, que ainda é pouco conhecido.

“A nossa família tem como objetivo, primeiro, mostrar que existe o processo de barriga solidária e que esse processo está presente no Brasil e pode ajudar diversas pessoas a realizarem seus sonhos de serem papais ou mamães, tanto para casal homoafetivo, pai solo, mãe solo ou até mesmo casais héteros. Então, isso é um objetivo nosso, uma vez que esse processo não é tão divulgado”, concluiu Jarbas.