‘Ancestrais’ estreia em Manaus com dança sobre identidade e luta


Por: Cenarium*

08 de abril de 2025
‘Ancestrais’ estreia em Manaus com dança sobre identidade e luta
“Ancestrais” é uma obra que nasce da necessidade de debater temas como identidade, ancestralidade e pertencimento (Divulgação)

MANAUS (AM) – Manaus recebe neste mês de abril a estreia do espetáculo de dança “Ancestrais”, idealizado, dirigido e interpretado pela professora, produtora cultural e multiartista Cléia Alves. A apresentação inicial acontece no próximo dia 27 de abril, às 10h, no Pagode do Quilombo do Barranco de São Benedito, localizado no bairro Praça 14, e integra os festejos em homenagem a São Benedito.

O espetáculo é resultado de uma pesquisa iniciada em 2021 e foi contemplado pelo Edital Macro de Chamamento Público nº 002/2024, da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB). O projeto tem apoio do Ministério da Cultura e Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

Uma obra de resistência e afirmação cultural

“Ancestrais” é uma obra que nasce da necessidade de debater temas como identidade, ancestralidade e pertencimento. Segundo Cléia Alves, a criação do espetáculo parte da urgência de reagir ao avanço da intolerância religiosa, do racismo e da marginalização cultural no Brasil. “Falar sobre identidade, ancestralidade e pertencimento é um ato político no Amazonas. A minha arte é um grito de resistência”, afirma a artista.

A narrativa do espetáculo é construída a partir da movimentação de danças tradicionais afro-brasileiras, como capoeira, samba, maracatu e dança dos orixás. Além disso, Cléia Alves utiliza percussão, poesia e cantos afro-religiosos para conduzir o público a uma imersão nas memórias e vivências de povos negros e originários.

A artista tem uma trajetória marcada pelo ativismo cultural e pela valorização das manifestações afro-amazônicas. Sua atuação inclui participações em grupos de maracatu, samba de roda, hip-hop e movimentos sociais femininos, como o Fórum Permanente de Mulheres de Manaus e o Fórum das Mulheres Afro-ameríndias e Caribenhas.

A produtora e assistente de coreografia do espetáculo Thyene Viana relata que a experiência de participar do projeto tem sido transformadora. “É uma experiência magnífica estar ao lado de uma mulher afro-ameríndia com 40 anos de trajetória. Como assistente de coreografia, busco sempre entender seus objetivos, fazer anotações e contribuir para o aperfeiçoamento da obra”, explica.

O mestre de capoeira KK Bonates, colaborador artístico da obra, define Ancestrais como “uma singela beleza da uni multiplicidade do ser humano”. Já a professora e bailarina Francis Baiardi, mediadora das rodas de conversa que acontecerão após as apresentações, afirma: “Cléia apresenta suas memórias afetivas com uma verdade que emociona e nos faz refletir sobre uma escuta sensível do planeta e de seus ancestrais.”

Segundo Cléia Alves, a criação do espetáculo parte da urgência de reagir ao avanço da intolerância religiosa, do racismo e da marginalização cultural no Brasil (Divulgação)
Temporada do espetáculo ‘Ancestrais’

O espetáculo passará por diferentes comunidades quilombolas e instituições culturais de Manaus e do interior do estado. Com início no domingo, 27, no Pagode do Quilombo do Barranco de São Benedito, bairro Praça 14, o espetáculo segue no dia 11 de maio, para a Comunidade Quilombola Sagrado Coração de Jesus Lago de Serpa, em Itacoatiara, às 10h.

No dia 14 de maio, às 9h, é a vez da Escola Estadual Cacilda Braule Pinto receber o espetáculo. Seguindo para o dia 20 de maio, a apresentação ocorrerá na Esat – Universidade Estadual do Amazonas, bairro Praça 14, às 16h. E finalizando o circuito em Manaus, nos dias 29 e 30 de maio no Teatro da Instalação, às 19h.

As apresentações no Teatro da Instalação contarão com ingressos gratuitos e terá uma roda de conversa com o público. O espetáculo conta ainda com o apoio da Associação de Crioulas do Quilombo do Barranco de São Benedito, Comunidade Quilombola Sagrado Coração de Jesus Lago de Serpa, ESAT-UEA e Escola Cacilda Braule Pinto.

Mais do que uma obra de dança, “Ancestrais” é um manifesto. Um convite à reflexão sobre o passado, o presente e o futuro das comunidades negras e indígenas da Amazônia e sobre a potência da arte como instrumento de transformação social.

(*) Com informações da Assessoria

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