Animais morrem queimados em incêndio na Terra Indígena Mãe Maria


13 de setembro de 2024
Animais morrem queimados em incêndio na Terra Indígena Mãe Maria
Animal ferido por conta das queimadas no Pará (Reprodução)
Fabyo Cruz – Da Cenarium

BELÉM (PA) – Espécies de animais como pacas, antas e jabutis estão morrendo queimados na Terra Indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, no Sudeste do Pará, por conta de incêndios florestais, que ocorrem há mais de 30 dias. No território, indígenas enfrentam uma série de dificuldades para conter as chamas devastadoras, como a falta de equipamentos apropriados e pouca ajuda externa.

Os incêndios começaram no final de junho e seguem incontroláveis, ameaçando não apenas as aldeias, mas também a fauna local. À CENARIUM, líder do povo Gavião, Kátia Gavião, afirmou que a situação é de desespero. “O fogo aqui tá horrível, tá uma calamidade. Tá muito caótica a situação, triste. Muitos animais morrendo, muita fumaça, muitas pessoas gripadas, crianças, adultos, todo mundo com dor de garganta, os olhos ardendo. É muito triste”, relata.

Animal morto após incêndio florestal (Reprodução)

A fumaça intensa obrigou mães com recém-nascidos a buscar refúgio em locais mais seguros. “Muitos idosos e crianças estão sendo afetados. Todas as 30 aldeias da terra indígena estão envoltas em fumaça”, afirma Kátia.

Os indígenas, que enfrentam o fogo com equipamentos precários, dependem de ações emergenciais de parceiros. A liderança indígena destaca a ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs), fundamentais para o combate seguro às chamas. “Nós estamos numa luta com pessoas na linha de frente. Já pedimos apoio para o governo, para todo lugar. Parece que agora a Eletronorte vai doar uns EPIs para a Terra Indígena Mãe Maria, mas a situação ainda é muito crítica”, desabafou.

Indígena brigadista tenta apagar fogo na terra indígena (Reprodução)

Além dos desafios técnicos e ambientais, os indígenas enfrentam a frustração com a falta de apoio institucional. Kátia Gavião questiona a origem dos incêndios e a pouca resposta do governo. “Por que os fazendeiros ao redor não pegam só na terra indígena? Parece que nós estamos aéreos, sem saber o que fazer”, diz.

A líder indígena também destaca a necessidade urgente de projetos de reflorestamento e a criação de políticas de prevenção e apoio às comunidades afetadas. Um projeto de reflorestamento entregue ao governo ainda não foi aprovado por falta de recursos, segundo ela.

Combate a incêndios

Diante da situação crítica, o Corpo de Bombeiros do Pará (CBMPA) intensificou os esforços para conter as chamas. O tenente-coronel Felipe Galúcio informou que 25 bombeiros e brigadistas especializados em incêndio florestal estão trabalhando na área há mais de dez dias.

“O fogo já se projetou para dentro da mata fechada, dificultando o acesso. Tivemos uma reunião com órgãos envolvidos para planejar um método de contenção mais agressivo, como o uso de tratores para criar aceiros que cercam o fogo”, explica.

O plano envolve a utilização de maquinário pesado para abrir caminho na vegetação, uma ação que, embora impacte o meio ambiente, é considerada necessária para evitar que o fogo consuma toda a floresta. Além disso, há planos para o uso de aeronaves no combate aéreo às chamas.

Leia mais: Nos últimos dois meses, Pará lidera registros de incêndios florestais
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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