Antes de ser exonerado, gerente que fez denúncias contra Saúde no AM elogiava gestão nas redes

MANAUS (AM) – Antes de ser exonerado do cargo de gerente de Hospitais e Fundações da Secretaria de Saúde do Amazonas (SES/AM), Michael Pinto Lemos usava suas redes sociais para elogiar a gestão da Saúde no Estado. Ele também defendia a política de contratação de Organizações Sociais de Saúde (OSS) para gerir unidades hospitalares, segundo mostram publicações na plataforma Facebook.

No dia 30 de setembro de 2024, o ex-gerente afirmou que o Amazonas passava por um momento histórico na Saúde, com uma OSS assumindo a gestão de duas das principais unidades de saúde do Estado: o Hospital e Pronto-Socorro 28 De Agosto e Instituto da Mulher Dona Lindu. Michael Lemos acrescentou que quem ganhava, com a mudança, era a população amazonense.

Naquela data, ele postou: “Pela primeira vez, uma ‘organização social’ assume duas das principais unidades de saúde do Estado do Amazonas: o Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto e Instituto da Mulher Dona Lindu, que agora passa a ser conhecido como Complexo Hospitalar da Zona Sul com os mesmos modes [sic] da carta de serviço portas abertas para toda população, e com tudo isso quem ganha é você, população amazonense, que vai ter garantido mais insulmos [sic], medicamentos, equipamentos e dentre outros…“, afirmou.

Michael Pinto Lemos ainda acrescentou: “(…) E não poderíamos esquecer de vocês servidores, a principal engrenagem para o funcionamento deste grande complexo hospitalar como: enfermeiros, técnicos de Enfermagem, serviços gerais, segurança, maqueiros, laboratório, Radiologia, administrativos e dentre outros que teram [sic] seu salário garantidos, principalmente os terceirizados e os servidores que continuam da mesma forma sendo servidor da SES/AM sem nenhum tipo de prejuízo“, enfatizou Michel Lemos.

Na mesma publicação publicação, o ex-gerente agradeceu o “carinho” que a Secretaria de Estado de Saúde tem com todos o servidores, referindo-se, novamente, à nova gestão das unidades de saúde pela Organização Sociail de Saúde (OSS).

“À Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas, em nome da Secretária Nayara Maksoud, agradece o carinho de todos os servidores que estão recebendo a equipe da SES/AM, aceitando essa nova metodologia de trabalho que vai ser aplicada pela Organização Social vencedora para administrar o mais [sic] Complexo Hospitalar da Zona Zul que vem para melhorar o fluxo de trabalho oferecendo mais equipamentos, insulmos (sic), mais valorização da mão de obra oferecendo mais conhecimentos e dentre outros“, declarou.

Na mesma postagem, Michel Lemos afirmou ainda: “Secretária de saúde Nayara Maksoud e o Governador Wilson Lima e todo corpo técnico do Governo do Estado do Amazonas estão muito motivados para o início deste novo desafio que vem para melhorar a vida de muita gente na saúde pública do Estado do Amazonas, tenham a certeza que é um marco histórico e inovador para toda população Amazonense e tbm profissionais que compõem este Complexo Hospitalar da Zona Sul“, afirmou o ex-gerente.

No dia 29 de janeiro deste ano, ainda no cargo de gerente de Hospitais e Fundações do Amazonas, ele postou: “Hoje a secretária de Estado de Saúde Nayara Maksoud, junto do governador Wilson Lima, acompanhados do líder do governo, deputado estadual Felipe Souza e Dr. Gomes, entregaram 10 novos equipamentos que vão ampliar e modernizar em mais de 20% a capacidade do laboratório do Hospital Delphina Aziz. Com essa modernização, os diagnósticos serão mais rápidos e precisos, garantindo um atendimento mais eficiente para a população“, acrescentou.

A CENARIUM questionou Michael Pinto Lemos, por meio de mensagem no aplicativo Whatsapp e Instagram, sobre as denúncias feitas pelo ex-gerente e as publicações no Facebook, e aguarda retorno.

Ex-gestor

Nessa segunda-feira, 18, Michael Lemos falou sobre suspeitas de irregularidades envolvendo a atual gestão da SES-AM. O vídeo foi publicado em uma rede social na plataforma Instagram. Conforme a publicação, o servidor pediu demissão da pasta por “não compactuar” com a situação da pasta. A CENARIUM apurou que, ao contrário do que afirma, Lemos foi exonerado da função.

No decorrer da gravação, o ex-gestor, no entanto, deixou de apresentar documentos ou elementos de provas que sustentassem as acusações contra os servidores estaduais mencionados durante o seu pronunciamento. Lemos foi procurado pela CENARIUM, por meio das redes sociais, mas, até o fechamento deste material, não houve retorno.

Na tarde dessa segunda-feira, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), comentou sobre o caso, afirmando que “chantagens” não vão intimidar os servidores da SES/AM, que atuam na implementação de um novo modelo de gestão nas unidades hospitalares. A declaração ocorreu durante a apresentação dos avanços na área da saúde do Estado no Hospital e Pronto-Socorro Dr. Platão de Araújo, localizado na Avenida Autaz Mirim, na Zona Leste de Manaus (AM).

Durante a agenda na unidade de saúde, Lima afirmou que sua administração está promovendo mudanças significativas na saúde do Estado, que, segundo ele, antes era “refém de monopólios” e de prestadores de serviços “que estabeleciam a dinâmica” de oferta de medicamentos e do uso das instalações hospitalares.

De acordo com o governador, houve uma mudança ao longo dos últimos anos com a implementação da abertura de concorrência entre empresas que “prestam serviços eficientes e praticam preços de mercado”. Todos os procedimentos, segundo o chefe do Executivo estadual, seguem a legislação vigente.

“Nenhum ataque, nenhuma chantagem vai intimidar a nossa equipe de fazer o que tem que ser feito. Nada, absolutamente nada, vai nos desviar desse caminho. Nunca houve tanta transparência na saúde como estamos fazendo agora, com os sistemas que estamos implementando, com regras muito claras e objetivas para a contratação dos serviços. Isso incomoda alguns e vai continuar incomodando, porque não dá mais para a gente ficar refém de monopólio”, declarou.

Ao ser questionado sobre possível demissão em massa de servidores da saúde, Lima foi taxativo ao negar a possibilidade de dispensa dos funcionários estaduais. Segundo o governador do Amazonas, para o Hospital Platão Araújo, unidade de alta complexidade, foram contratados mais de 500 profissionais que atuam para garantir o atendimento na unidade que fica localizado entre as zonas leste e norte da capital.