Apoiador de Mateus Assayag em Parintins, Eduardo Braga é indiciado por corrupção
Por: Giuliana Fletcher e Jadson Lima
20 de setembro de 2024
MANAUS (AM) – O senador Eduardo Braga (MDB/AM), indiciado nesta sexta-feira, 20, pela Polícia Federal (PF) por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, é um dos principais aliados do vereador e candidato a prefeito de Parintins (AM) Mateus Assayag (PSD). O parlamentar pertence ao mesmo grupo do prefeito Frank Bi Garcia (PSD), que está deixando o comando da administração municipal após dois mandatos.
A relação entre Braga e Assayag se intensificou ao longo dos anos. Em maio de 2022, os dois foram registrados juntos em um evento, quando o senador foi a Parintins para a assinatura da ordem de serviço para pavimentação de 49 quilômetros da estrada que liga a Vila até a região da Valéria, na divisa com o Estado do Pará. O obra recebeu recursos das chamadas emendas parlamentares, destinadas por Braga ao município.

Em outubro de 2022, após o segundo turno das eleições gerais, Assayag foi à tribuna da Câmara Municipal de Parintins expressar felicitações ao senador pela votação expressiva recebida na cidade. Naquele ano, Braga disputou o governo do Amazonas e perdeu a eleição para Wilson Lima (União Brasil). A declaração consta em registros da assessoria do parlamentar no site da Casa Legislativa da cidade.

Dois anos depois, foi a vez de Braga retribuir. Em 15 de junho deste ano, o senador foi a Parintins para o lançamento da pré-candidatura de Mateus Asssayag. Ele subiu no palanque do grupo de Bi Garcia e reafirmou o apoio ao escolhido pelo grupo para disputar a eleição no município. Veja registro:

Em 2024, o partido do qual Braga é líder no Senado Federal, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), fez coligação com o grupo político do candidato em Parintins. De acordo com dados disponíveis no site DivulgaCand, uma plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o MDB destinou cerca de R$ 320 mil para a campanha de Assayag.

Indiciamento
Braga foi indiciado nesta sexta-feira, 20, junto com o senador Renan Calheiros (MDB/AL) e o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), por favorecer o antigo grupo Hypermarcas, atual Hypera Pharma, em troca de pagamentos de propina.
As informações são do site UOL. Após seis anos de tramitação, o relatório final do inquérito foi enviado pela Polícia Federal no mês passado ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob sigilo. O relator do processo, ministro Edson Fachin, encaminhou o material à Procuradoria-Geral da República (PRF). A equipe do procurador-geral, Paulo Gonet, está analisando o material para decidir se apresenta denúncia contra os senadores.
A reportagem citou que o relatório final do inquérito diz que a antiga Hypermarcas pagou cerca de R$ 20 milhões para os senadores, por intermédio do empresário Milton Lyra, também indiciado, que foi apontado pela PF como lobista intermediário do MDB.
Em contrapartida, os senadores teriam atuado em favor da Hypermarcas em um projeto de lei que tramitou no Senado nos anos de 2014 e 2015 sobre incentivos fiscais a empresas. A PF ainda aponta que o senador Renan indicou um nome para a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o objetivo de auxiliar nos interesses do grupo empresarial dentro da agência.