Apoiadores de Bolsonaro usam ônibus escolar para ir à manifestação em Belém
Por: Mari Furtado
05 de agosto de 2025
MANAUS (AM) – Aos gritos de “Bora ver a Michelle”, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram filmados descendo de um ônibus público escolar do Município de Marabá, a cerca de 500 quilômetros de Belém, no Pará, para participar do ato contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na tarde de domingo, 3, na capital paraense.
O vídeo mostra pelo menos cinco pessoas desembarcando do veículo, com camisas das cores rosa e amarela, com o símbolo do Partido Liberal (PL) estampado. Segundo o portal Fatos Marabá, a prefeitura da cidade negou que o coletivo pertença à pasta e afirmou que a gestão do prefeito Toni Cunha (PL) se limitou a dizer que se trata de “fake news”. Questionada pela CENARIUM, a pasta não se pronunciou até a publicação desta matéria.
Com a presença da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, o ato em Belém começou por volta das 8h30 e teve, também, a participação do deputados federais Delegado Éder Mauro (PL) e Delegado Caveira (PL), além do vereador Zezinho Lima (PL).
A reportagem questionou o diretório estadual do Partido Liberal (PL) para para saber se houve algum aviso prévio da utilização do ônibus pelos manifestantes, mas a sigla disse que não irá se pronunciar sobre o assunto.
Improbidade administrativa
Ônibus do transporte público, em regra, não podem ser utilizados para a prática de qualquer ato de interesse privado. É o que ressalta o advogado especialista em Direito Eleitoral Yuri Dantas.
“A prática ofende, em tese, a lei de improbidade administrativa (…) O uso indevido de bens públicos para fins partidários viola princípios fundamentais da administração pública, como a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e a eficiência”, destaca Dantas.

Para o advogado, a legalidade é violada porque o uso do ônibus para fins partidários não tem amparo legal e não faz parte das atribuições do agente público, e a impessoalidade é violada porque a ação favorece um partido ou candidato em detrimento dos demais, caracterizando um tratamento desigual aos cidadãos.
“A moralidade é violada porque a prática demonstra falta de ética e compromisso com o interesse público. E a eficiência é violada porque o uso do ônibus para fins partidários pode comprometer a qualidade e a regularidade do serviço de transporte público”, afirma o especialista.
Sobre o ato
Pelo menos 16 cidades e o Distrito Federal participaram da manifestação contra o STF e o presidente Lula na tarde de domingo. Os atos, denominados ‘Reaja Brasil’, também solicitavam anistia ao ex-presidente Bolsonaro.

Bolsonaro, que está em prisão domiciliar desde a tarde dessa segunda-feira, 4, por descumprir medidas cautelares, não participou das manifestações presencialmente. O político é investigado por suspeita de crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigação de ação penal e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF), em 18 de julho.