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Após aderir a ‘Kit Covid’, prefeito de Manaus, agora, defende Ciência: ‘Esqueça líder religioso, líder político’
O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), durante campanha para Prefeitura (Reprodução/Facebook)
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25 de outubro de 2021
Marcela Leiros – Da Cenarium
MANAUS – O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), que, desde quando foi eleito como chefe do Executivo da capital insiste no ‘Kit Covid’, afirmou que as pessoas não devem mais ouvir seus líderes religiosos ou políticos, mas sim, os médicos e especialistas em saúde. Evangélico e aliado de Jair Bolsonaro (Sem partido), David Almeida atribuiu a esses líderes, durante entrevista na sexta-feira, 22, o não retorno de 280 mil pessoas para tomar a segunda dose das vacinas contra a Covid-19, em Manaus.
A afirmação foi feita no sábado, 22, durante entrevista ao programa de rádio BandNews Manaus, apresentado pelos jornalistas Samara Souza e Rafael Campos. A referência de David Almeida faz alusão a discursos de líderes que, segundo ele, podem influenciar fiéis e eleitores. “Em matéria de saúde, ouça seu médico. Esqueça seu líder político ou seu líder religioso. Cuide de sua saúde com seu médico, ele é o especialista”, disse o prefeito.
No entanto, Almeida não aludiu ao fato de que ele mesmo já seguiu viés político na gestão da pandemia, na capital amazonense. Em janeiro deste ano, com apenas 13 dias no cargo, David Almeida confirmou, em entrevista à CNN Brasil, que orientou profissionais das Unidades Básicas de Saúde a prescreverem medicamentos sem eficácia comprovada – como Hidroxicloroquina, Ivermectina e Azitromicina – em pacientes com suspeita ou confirmados com a Covid-19. A prática seguia orientações do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, e do Ministério da Saúde (MS), sob coordenação de Eduardo Pazuello, à época.
“Estamos oferecendo à população da cidade de Manaus a informação que nos passaram de que, quando a pessoa sentir os primeiros sintomas, procure logo uma Unidade Básica de Saúde para que possa iniciar o tratamento de forma precoce”, declarou à CNN Brasil.
Na entrevista, David Almeida ainda citou Pazuello, um dos alvos da CPI da Covid, que, também em janeiro, visitou Manaus e, junto com assessores, defendeu o uso da Hidroxicloroquina. “O ministro esteve em Manaus (…) e trouxe uma força-tarefa da saúde para nos trazer auxílio aqui na cidade de Manaus, com toda equipe do ministério”.
O prefeito ainda continuou a defesa de medicamentos para prevenir e combater a Covid-19, sem explicar a origem científica, prometendo ainda a distribuição. “Nós temos as medicações receitadas pelos médicos e esse tratamento é exatamente para que a doença não agrave. Porém, nós temos profiláticos e também vamos estar indicando a prescrição médica nos próximos dias e fazendo a distribuição”, afirmou.
Compra de medicamentos
Manaus passou pela segunda onda da pandemia do novo coronavírus, entre janeiro e fevereiro, período em que as mortes por Covid-19 alcançaram o número de 240 a cada 24 horas, segundo dados da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS/AM). Com mais de 7 mil infectados, nos dois primeiros meses de 2021, e 30% em estado de internação, a pandemia superlotou hospitais e 4.430 pessoas morreram.
Neste cenário, o prefeito continuou insistindo na Ivermectina, a ‘menina dos olhos’. Entre as ações de combate à doença, ele autorizou a compra, sem licitação, para as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), do remédio cuja bula indica o tratamento de vermes, piolhos e similares.
Quando assumiu o cargo, o prefeito de Manaus fechou um acordo – sem consultar a população – com o secretariado do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para implantar o tratamento precoce contra a Covid-19 nas UBSs, fazendo de Manaus uma ‘cobaia’ para o Brasil e para o mundo. A informação sobre o “procedimento médico piloto”, em Manaus, foi confirmada pelo ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, no dia 15 de junho.
Reale Júnior liderou um grupo de juristas que encaminhou à CPI da Covid um parecer com mais de 200 páginas atribuindo ao presidente Jair Bolsonaro sete crimes. No documento, eles citam crimes contra a saúde pública, como charlatanismo e infração de medida sanitária e epidêmica; contra a administração pública, no caso, a prevaricação; incitação ao crime por ações contra a paz pública; e contra a humanidade, assim como crime de responsabilidade.
“Manaus foi experimento pseudocientífico (..) Esse é um crime contra a humanidade porque foi feito no momento trágico de crescimento vertiginoso da contaminação, da disseminação do vírus, dos hospitais lotados, das UTIs sem possibilidade de receber mais ninguém, com falta de oxigênio”, pontuou o jurista.
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