Após ameaças, jornalista Paula Litaiff recebe apoio de entidades nacionais de imprensa
Por: Cenarium
18 de novembro de 2024
MANAUS (AM) – A jornalista e diretora da REVISTA CENARIUM, Paula Litaiff, recebeu o apoio de órgãos nacionais em favor da imprensa livre e foi citada em notas de repúdio, após receber ameaças de morte em 11 de novembro deste ano. As entidades que se manifestaram são a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), por meio de redes sociais e por nota publicada pelo Sindicato dos Profissionais Jornalistas do Amazonas (Sinjor-AM); a Associação de Jornalismo Brasileiro Investigativo (Abraji); a Associação de Jornalismo Digital (Ajor), além de diversas mensagens recebidas de jornalistas do Amazonas.
Paula Litaiff sofreu ameaças de morte junto as filhas dela, de 9 e 10 anos, feitas pela blogueira e dona do portal CM7, Cileide Moussallem, em um grupo de WhatsApp com mais de 280 jornalistas, bem como por meio de uma mensagem de áudio, gerando forte repercussão e apoio de instituições nacionais e jornalistas à vítima.
Em 11 de novembro, a blogueira desferiu ataques contra Litaiff no grupo WhatsApp, intitulado “Jornalistas AM”, e citou as filhas da jornalista. “(…) ela vai pagar caro (…) Ela tem filhas. Ela sabe onde está se metendo. Quem paga são os filhos. A vida tem volta. (…) Pode escrever. Vai ter o que merece. Ela tem filhas. Paula Litaiff, meus filhos te acharam até o inferno. Agora vou ter que te achar nem que seja no inferno (sic)”, ameaçou Cileide Moussallem por meio do número de telefone (92) 99269-xxxx.
Motivação
O motivo da ameaça seria uma reportagem investigativa da AGÊNCIA CENARIUM, que cita o esposo de Cileide, alvo do Ministério Público do Amazonas (MPAM) e do Ministério Público Federal (MPF) por causa da Provisa, empresa administrada por Janary Rodrigues, devido a irregularidades em contratos públicos.
A Hapvida, que compra opções de planos de saúde da Provisa, teve problemas em um contrato de R$ 87 milhões com a Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc/AM), que foi rescindido após denúncias de má gestão, ineficiência no atendimento aos servidores e riscos financeiros da operadora.
Litaiff, que ocupa a função de vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (Sinjor-AM), já sofreu intimidações em outras ocasiões. Ela relatou que as agressões e ameaças vieram após coberturas de casos de corrupção e criminalidade no Amazonas, o que ilustra o ambiente desafiador enfrentado por jornalistas locais.
Apoio
Após dezenas de mensagens de apoio, a jornalista agradeceu pelas redes sociais todas as manifestações de solidariedade de colegas profissionais e da sociedade civil. “Registrei a denúncia e confio plenamente que a polícia e o judiciário do Amazonas adotarão as medidas cabíveis, conforme a lei”, disse.
Com sede em Brasília, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), por meio do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas (Sinjor-AM), reforçou a necessidade da instauração imediata de inquérito policial pela Delegacia Geral de Polícia Civil, coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), para apuração com celeridade das denúncias e a manifestação da Justiça. A nota também pediu que seja garantido o direito à ampla defesa da denunciada, como preceitua o Estado Democrático de Direito.
Já a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com sede em São Paulo (SP), publicou uma nota oficial na quinta-feira, 14, condenando as ameaças. A Abraji também apelou aos órgãos competentes que investiguem o caso de forma rigorosa para garantir a segurança de Litaiff e a liberdade de expressão no exercício da profissão. Por fim, a Abraji se solidarizou com a jornalista vítima dos ataques e ameaças, e renovou os votos de que a situação seja contornada com rapidez.
Para muitos profissionais da área, esse caso evidencia um padrão crescente de violência contra a imprensa no Brasil, que frequentemente se intensifica contra repórteres de regiões fora dos grandes centros. Na sexta-feira 15, a Associação de Jornalismo Digital (Ajor), com sede em São Paulo (SP), também repudiou as ameaças contra jornalista amazonense e reiterou a importância de investigação rigorosa. De acordo com a entidade, é inaceitável que uma jornalista e a família sejam atacadas por exercer jornalismo de interesse público.
Ameaça a jornalistas
A situação de Litaiff reforça o alerta sobre a violência crescente contra jornalistas no Brasil, um País onde profissionais da imprensa enfrentam ameaças e assédios constantes. Segundo o relatório anual da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o número de agressões contra jornalistas cresceu nos últimos anos, atingindo especialmente os que cobrem temas como corrupção, crime organizado e cobertura ambiental, temas centrais da cobertura da Litaiff.
Em 2023, o País registrou aumento de 24% nos casos de violência contra jornalistas em relação ao ano anterior, refletindo um ambiente cada vez mais hostil e ameaçador para a liberdade de expressão e a transparência.