Após anos de luta contra leucemia, crianças e adolescentes tocam ‘sino da cura’ no Amazonas

A cerimônia do 'sino da cura' simboliza a alta do tratamento quimioterápico contra a leucemia e é rotina na Fundação sempre que um paciente vence uma fase da batalha ou a cura definitiva contra o câncer. Foto: Rafael Marques/Hemoam

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Após anos de luta contra o câncer, cinco crianças e adolescentes receberam alta médica da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), na última semana, tocando o sino da cura. A cerimônia simboliza a alta do tratamento quimioterápico contra a leucemia e é rotina na Fundação sempre que um paciente vence uma fase da batalha ou a cura definitiva contra o câncer.

Entre os pacientes que receberam alta, está Marco Guilherme Mendes Santos, de 5 anos. Ele foi diagnosticado com Leucemia Linfoide Aguda, aos 3 anos, e passou por tratamento de 2 anos e 8 meses. Para comemorar a alta, Marco vestiu-se com a roupa do super-herói favorito, Capitão América.

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Ao tocar o sino, a mãe de Marco, Val Mendes, se emocionou e comemorou a vitória do filho. “Foram dois anos e meio de luta, bastante luta. Foram trajetórias assim que a gente não espera, mas, hoje, deixamos o passado para atrás e viver o futuro com alegria e saber que ele (Marco) está curado e outras crianças também me traz muita felicidade”, disse Val emocionada.

Marco Guilherme Mendes foi diagnosticado com leucemia aos 3 anos e hoje tocou o sino da cura. Foto: Rafael Marques/ Hemaoam

Depois de dois anos e meio de tratamento de leucemia na Fundação Hospitalar do Amazonas, André Cláudio recebeu alta e tocou o sino da cura, para a mãe dele, Luíza Santiago, foram longos dias de aflição.

“É uma doença que requer muitos cuidados, mas eu sempre almejei por esse dia. Quando eu via outros pacientes tocando o sino, eu me alegrava, com a alegria deles e hoje ver o meu filho tendo alta não tem preço”, contou a mãe de André à reportagem.

André Cláudio foi diagnosticado com leucemia aos 12 anos e passou pelo tratamento ao longo desses anos e hoje recebeu alta. Foto: Rafael Marques/Hemoam

A médica hematologista-pediatra do Hemoam, Socorro Sampaio, explicou que embora ainda não haja estudos conclusivos que confirmem os precedentes da leucemia, nas últimas três décadas o tratamento contra a doença progrediu bastante. “Com um simples hemograma é possível identificar as alterações provocadas pela leucemia. O quanto antes for diagnosticado maior serão as chances de cura do paciente”, salientou Sampaio.

Segundo a médica e gerente do Hemoam, Suênia Araújo, diversos hospitais no País e no mundo já utilizam sinos ou instrumentos sonoros para representar a cura ou o fim de um tratamento.  Esses instrumentos já apresentam resultados positivos. “A leucemia sempre é vista como uma fantasia de morte, mas, com o sino, a gente fala que existe esperança sim. Parece uma coisa banal, mas não é. O paciente já fica com aquele pensamento que irá bater aquele sino um dia”, explicou Suênia.

Cinco pacientes receberam alta nesta quarta-feira, 9, em comemoração ao Setembro Amarelo. Foto: Rafael Marques/Hemoam

Registros

Um levantamento feito pelo Hemoam, aponta que de janeiro a agosto de 2020 foram registrados 44 novos casos de câncer em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, no Amazonas. Os dados indicam um aumento de 33% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram diagnosticados 33 novos casos.

Dos 44 novos casos diagnosticados pelo Hemoam 80% correspondem à Leucemia Linfoide Aguda (LLA), 9% Leucemia Miloide Aguda (LMA), 2% de Leucemia Mieloide Crônica (LMC) e 9% são casos de linfomas.

Atualmente, o Hemoam possuiu 129 pacientes infatojuvenis de leucemias e linfomas. Dos quais 80% são de LLA. Desses 5% são crianças entre 0 e 1 ano de vida; 52,5% de 1 aos 9 na os de idade e 30% dos 9 aos 19 anos.

De acordo com os Instituto Nacional do Câncer (Inca), as leucemias e os linfomas estão entre os tipos de cânceres mais comuns nessa faixa etária. As chances de cura também são maiores para esse público, podendo chegar a 90% quando o diagnóstico é dado precocemente e quando não há condições de mau prognóstico. A Fundação Hemoam é o órgão do Estado referência no diagnóstico e tratamento das leucemias.

Balões foram soltos em frente à sede do Hemoam para lembrar da luta e conscientizar a população sobre o diagnóstico precoce. Foto: Rafael Marques/Hemoam

Setembro Dourado

O mês de setembro no Brasil recebe a cor dourada principalmente pelos órgãos de saúde que atuam no tratamento do câncer. A cor dourada é para conscientizar sobre o diagnóstico precoce, cuidados e, consequentemente, para aumentar as chances de cura do câncer em crianças e adolescentes.

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