Após corte do governo federal, Ufam tem R$ 15 milhões bloqueados e gestores buscam reversão em Brasília

Durante reunião, na semana passada, em que a PEC estava pautada, houve mobilização de estudantes contrários à proposta (Reprodução)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS — O reitor Sylvio Puga e a vice-reitora Therezinha Fraxe, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), estão no Ministério da Educação, nesta segunda-feira, 30, em Brasília, para tentar o desbloqueio de R$ 15 milhões no orçamento de 2022. Na semana passada, o governo federal cortou 14,5% das verbas das universidades e institutos federais do País.

Veja também: Professores e reitores de instituições federais lamentam bloqueio e corte bilionário na Educação

Como justificativa, o Governo Bolsonaro diz que o corte é necessário para o cumprimento do chamado ‘teto de gastos’, mecanismo que liga o crescimento das despesas à inflação. Em nota, a Ufam disse à CENARIUM que os gestores estão em articulação para resolver o caso na capital do País, junto à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

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Nota da Ufam (Divulgação)

Nesse domingo, 29, a vice-reitora da Ufam fez uma publicação, nas redes sociais, mostrando ela e o reitor da Sylvio Pulga a caminho de Brasília. “Estamos a caminho de Brasília, com as malas e corações pautando o verbo Esperançar”, declarou a vice-reitora da Ufam, no Facebook.

A vice-reitora da Ufam, Therezinha Fraxe, e o reitor Sylvio Pulga (Reprodução)

Críticas

Ao todo, o governo promoveu um bloqueio que deve ficar próximo a R$ 14 bilhões em todo o funcionalismo. O corte da Educação, em R$ 3,23 bilhões, se refere a 14,5% do orçamento discricionário do MEC e unidades vinculadas, que somavam R$ 22,2 bilhões. Para a Andifes, a medida é “inadmissível, incompromissível e injustificável”.

“Inadmissível, incompreensível e injustificável o corte orçamentário de mais de R$ 1 bilhão que foi procedido, ontem, pelo governo (27/05/22), nos orçamentos das Universidades e Institutos Federais brasileiros”, diz a associação, em nota.

À REVISTA CENARIUM, professores e reitores lamentaram e criticaram o contingenciamento. Por meio da assessoria, a Universidade Federal de Rondônia (Unir) afirmou à reportagem que a medida colocará em risco todo o funcionamento da Unir, além da manutenção das atividades de ensino e pesquisa. A assistência estudantil, fundamental para a permanência de alunos em situação de vulnerabilidade social, também poderá ser sobre impactos.

“Por se tratar principalmente de recursos de custeio, e considerando os cortes e bloqueios orçamentários já realizadas nos últimos anos, este novo contingenciamento coloca em risco o funcionamento da Universidade e a manutenção das atividades de ensino e pesquisa, principalmente as ações de assistência estudantil, fundamentais para a permanência de alunos em situação de vulnerabilidade social”, lembra a universidade, em nota.

Ainda na nota, a Unir salienta ser indispensável que o bloqueio e as demais medidas que reduzem os recursos da Educação sejam suspensos e que os orçamentos das instituições pública de ensino e pesquisa sejam recompostos. A Unir reforça que também estará em articulação com o conjunto das universidades federais para garantir a recomposição orçamentária.

“[A Unir] seguirá em articulação com o conjunto das Universidades Federais para garantir a recomposição orçamentária, reafirmando a importância e a necessidade do ensino gratuito, com inclusão e respeito à diversidade e protagonismo social”, reforça a Unir.

Corte dramático

A reitora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac), professora Rosana Cavalcante dos Santos, afirmou que a perda do recurso é dramático e elencou os impactos que devem ser sentidos. Para a educadora, todos os serviços da instituição acabam sendo prejudicados.

À CENARIUM, a professora reiterou que o Ifam irá se reunir nesta semana para entender os prejuízos causados pelo corte. “A gente já sabe que vai ser traumático as perdas orçamentárias em todas as ações do Ifac, seja no ensino, na pesquisa ou na extensão e assistência estudantil, no orçamento para investimento e manutenção da estrutura, segurança e limpeza da instituição”, continuou a reitora.

Já o reitor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), professor Jaime Cavalcante Alves, também disse que o corte no orçamento da Educação pode levar à suspensão de projetos de pesquisa e extensão. No Estado, o Ifam conta com 22 unidades, 2 mil servidores e mais 26 mil alunos, matriculados em cursos que vão do Ensino Médio à Pós-Graduação.

 “O instituto está em plena expansão e os bloqueios comprometem o planejamento do instituto, que terá que fazer uma reengenharia de seus gastos, replanejar algumas ações e ou até mesmo adiar projetos até que a situação orçamentária permita que as ações possam ser realizadas”, pontuou o reitor à CENARIUM.

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