Após críticas de chanceler da Alemanha, presidente da COP30 defende Belém


Por: Ana Cláudia Leocádio

18 de novembro de 2025
Após críticas de chanceler da Alemanha, presidente da COP30 defende Belém
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e o primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz (Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR Rafa Pereira/COP30)

BELÉM (PA) – O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, defendeu a cidade de Belém (PA), que tem sido alvo de críticas, como a do chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, que comentou sua sobre sua estada na cidade e disse que os alemães ficaram contentes ao deixar a capital do paraense no início de novembro de 2025. Em entrevista coletiva na noite desta terça-feira, 18, tanto Lago quanto a diretora do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Liliam Chagas, disseram só ouvir coisas sobre boas-vindas dos delegados que participam da conferência.

“Com relação a Belém, tem tanta coisa boa sendo dita sobre Belém, tem tanta coisa boa sendo dita sobre a COP. A gente não tem que ouvir, porque essas pessoas que não estão sabendo como apreciar, não temos que ligar para isso não, nós estamos acima disso”, afirmou Corrêa do Lago. Ele acrescentou, ainda, que o que deveria viralizar é a imagem do ministro do Clima e Meio Ambiente da Polônia, Krzysztof Bolesta, aproveitando a cidade.

O presidente da COP 30, André Corrêa do Lago (Rafa Pereira/COP30)

“E além de mais, o que deveria viralizar é o vídeo do ministro da Polônia, Krzysztof, caindo samba no meio de uma rua absolutamente encantado. Totalmente inventado e que é, eu acho, realmente o que reflete para as pessoas fortes”, concluiu o embaixador.

A embaixadora Liliam Chagas disse que passa 12 horas por dia com os delegados estrangeiros que participam das discussões da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) que fazem comentários positivos sobre Belém.

“Eles comentam que eles estão encantados com a cidade, aproveitando muito a música, a culinária e, sobretudo, a simpatia da população local. É isso que está encantando eles aqui. É claro que os que vêm de temperaturas muito frias nessa época do ano estão estranhando o calor, mas é normal”, disse Chagas.

A diplomata ressaltou que, mesmo para ela, que vive em Brasília (DF), com baixa umidade do ar, a alta umidade de Belém gera uma sensação de calor. “Mas os comentários voluntários das delegações estrangeiras para nós são de que estão encantados com a cidade, com a culinária, com a comida e, principalmente, com a simpatia, com a abertura do povo local em querer ajudar, em tentar falar inglês. Os comentários são muito muito positivos”, declarou a diplomata.

Liliam Chagas, Diretora de Clima do Ministério das Relações Exteriores, participa de entrevista coletiva durante a 30ª Conferência das Partes (Antonio Scorza/COP30)

Em discurso durante o Congresso de Comércio Alemão, em 13 de novembro e disponível no Youtube, Merz faz elogios à Alemanha considerada por ele como um dos mais “livres” do mundo que precisa defender a democracia e o sistema econômico. No meio da fala, no entanto, o chanceler comparou a Alemanha e o Brasil.

“Minhas senhoras e senhores, vivemos num dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil, na semana passada, quem gostaria de ficar lá. Ninguém levantou a mão”, afirmou Merz na cerimônia e acrescentou: “Todos ficamos contentes por regressar à Alemanha, sobretudo daquele local onde estávamos, na noite de sexta-feira”.

O chanceler participou da Cúpula dos Líderes, que ocorreu nos dias 6 e 7 de novembro deste ano em Belém (PA), onde manteve encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O evento antecipou a abertura da COP30, no último dia 10.

Críticas geram reações

As declarações motivaram uma série de reações, desde Lula ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e do prefeito da cidade, Igor Normando (MDB). A declaração do presidente brasileiro ocorreu durante a inauguração de uma ponte entre Pará e Tocantins, em São Geraldo do Araguaia, onde ele sugeriu que o chanceler alemão poderia ter aproveitado melhor a cena cultura da capital paraense.

Ele [Merz], na verdade, devia ter ido a um boteco no Pará. Ele, na verdade, devia ter dançado no Pará. Ele, na verdade, deveria ter provado a culinária do Pará porque ele ia perceber que Berlim não oferece para ele 10% do que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém”, disse o presidente. Assista:

Segundo Barbalho, é incoerente que um país com histórico de altas emissões de carbono critique a Amazônia pelo calor, ressaltando que o Pará sempre recebeu a delegação estrangeira com hospitalidade. “O Pará abriu as portas e mostrou a força de um povo acolhedor. Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia. Um discurso preconceituoso do chanceler alemão Friedrich Merz revela mais sobre quem fala do que sobre quem é falado. O futuro pede menos promessas e mais apoio concreto para quem protege as florestas”, declarou Helder.

Para o prefeito da capital paraense, o chanceler “destila arrogância e preconceito” e que sua visão estereotipada não reflete a percepção de quem vive ou visita a cidade. “Por onde a gente anda, muita gente encantada com Belém, com as suas belezas naturais, com a sua gastronomia e com a sua história”, afirmou Normando, em vídeo publicado em suas redes sociais.

Editado por Jadson Lima

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