Após determinação do govenador do AM, operação é realizada para prender suspeitos de matar indígena

Policiais atuam de maneira integrada para identificar e localizar os suspeitos que cometeram o crime (Reprodução/SSP-AM)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS — Após o governador Wilson Lima determinar às forças de segurança pública do Amazonas empenho total na captura dos suspeitos do assassinato do indígena Melquisedeque Santos de Vale, de 20 anos, do povo Sateré-Mawé, morto na noite de quinta-feira, 16, em Manaus, durante um assalto, o secretário de Segurança Pública do Estado (SSP-AM), general Carlos Alberto Mansur, deflagrou, na tarde desta sexta-feira, 17, uma operação integrada em busca dos envolvidos no crime.

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O jovem voltava para casa no ônibus da linha 444 com um panetone que tinha acabado de ganhar do grupo Bemol, onde trabalhava, quando foi assassinado com um tiro na cabeça durante um assalto ao veículo, na capital amazonense. O rapaz era jovem aprendiz na empresa. Para identificar e localizar os suspeitos do latrocínio, o general Mansur colocou as polícias Civil e Militar em uma operação para trabalharem de maneira integrada.

Governador Wilson Lima anunciou uma força-tarefa para capturar os envolvidos na morte do indígena. (Reprodução)

As forças de segurança pública se reuniram por volta das 14h, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Avenida André Araújo, no bairro Aleixo, na zona Centro-Sul. A força-tarefa em busca da prisão dos suspeitos deve acontecer durante toda esta sexta-feira.

Assista ao momento em que as forças de segurança se reuniram:

Comoção

Testemunhas afirmaram que três homens armados anunciaram um assalto ao ônibus da linha 444, na Avenida Torquato Tapajós. Os suspeitos mandaram que o ônibus fosse desviado para a Avenida Santos Dumont, no bairro Tarumã, na zona Oeste da cidade. Mesmo não reagindo ao crime, Melquisedeque acabou sendo baleado na cabeça durante a fuga dos suspeitos.

O assassinato gerou comoção entre amigos e familiares da vítima. Nesta sexta-feira, 17, revoltados com a morte precoce do rapaz, a família de Melquisedeque organizou uma manifestação para pedir Justiça e mais segurança na sede da Associação das Mulheres Sateré-Mawé, na Rua São Marçal, no bairro Compensa, na zona Oeste de Manaus, onde também acontece o velório do indígena.

Natural de Manaquiri (a 165 quilômetros de Manaus), Melquisedeque Sateré-Mawé era artesão, trabalhou na confecção de máscaras durante toda a pandemia e estava fazendo artesanato antes de começar o emprego da Bemol.

Veja também: ‘Sonhava se formar em Administração’, diz avó de indígena assassinado durante assalto em Manaus

À REVISTA CENARIUM, Zorma Sateré-Mawé, avó do indígena, disse que o jovem tinha o “sonho de se formar em Administração”. Durante o velório do neto, que considerava como filho, a anciã estava desesperada e inconsolável, mas relembrou os últimos momentos que teve com o ‘filho do coração’ ainda em vida.

“Meu filho antes de morrer disse que ia fazer uma surpresa para mim. Porque tinha acabado de receber, no trabalho, um panetone e um peru, mas ele não conseguiu chegar em casa. Queremos Justiça”, implorou Zorma Sateré-Mawé.

Nota de pesar

Em nota de pesar, a Associação das Mulheres Sateré-Mawé disse que tudo o que o jovem queria era começar a trabalhar e que há poucas semanas tinha iniciado o emprego como jovem aprendiz. “Ficou muito feliz ao ganhar o crachá, iria começar o curso no Senac na segunda feira”, lembrou a associação.

“[Ele] foi assassinado durante um assalto de ônibus em Manaus, enquanto voltava do trabalho, sem reagir, foi morto por pura maldade, havia acabado de ganhar o kit de Natal que estava trazendo feliz para sua mãe”, salientou a entidade.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), entidade máxima de defesa dos povos tradicionais do País, também manifestou pesar e lamentou a morte de Melquisedeque Sateré-Mawé. Em uma publicação nas redes sociais, a organização pediu por Justiça e disse que não há como aceitar que os sonhos de jovens, que saem de suas aldeias para a cidade, sejam retirados.

“Infelizmente a vida lhe foi tirada muito cedo, não podemos aceitar que os sonhos de jovens que saem de suas aldeias para a cidade sejam retirados! Até quando teremos que ver sonhos sendo interrompidos pela violência? Em nome de todas nossas lideranças de base, nos juntamos aos familiares e a todo povo Sateré-Mawé, pedindo por Justiça! Que os assassinos sejam encontrados e punidos”, escreveu a Apib, em nota.

Na publicação, a articulação manifestou, ainda, solidariedade à mãe de Melquisedeque, a avó, a todos os familiares, amigos e todos do povo Sateré-Mawé, assim como a todos os indígenas que sentem neste momento a dor da perda de mais um jovem.

“Manifestamos nossa solidariedade à mãe de Melquisedeque, a avó, a todos familiares, amigos e todos do povo Sateré-Mawé, bem como a todos aos parentes que sentem neste momento a dor da perda de mais um jovem que se foi para junto de nossos ancestrais. Que os encantados o recebam em seus braços. Justiça por Melque!”, concluiu a nota.

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