Após dois anos, PF conclui que Dom e Bruno foram mortos por vingança
Por: Cenarium*
04 de novembro de 2024
MANAUS (AM) – A Polícia Federal (PF) finalizou, na última sexta-feira, 1°, o inquérito que investigava os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridos em 5 de junho de 2022, nas proximidades da Terra Indígena Vale do Javari, em Atalaia do Norte, Amazonas. Segundo a investigação, o crime está relacionado às fiscalizações ambientais que Bruno Pereira realizava na região.
A conclusão contraria a afirmação do senador do Amazonas Omar Aziz (PSD), que disse que o autor das mortes cometeu o crime por ter sido “humilhado na frente dos filhos”. Após a declaração do parlamentar, as famílias do indigenista e do jornalista, assim como a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), publicaram uma nota de repúdio.
A investigação, que durou mais de dois anos, resultou no indiciamento de nove suspeitos. Conforme destacado no relatório final, a PF identificou o mandante do crime como Ruben Villar, conhecido como “Colômbia”, apontando que ele financiou e forneceu recursos, incluindo cartuchos de munição, para a execução do duplo homicídio.
Além disso, de acordo com a polícia, ele coordenou a ocultação dos corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips. Os demais envolvidos atuaram tanto na execução direta dos assassinatos quanto no encobrimento dos cadáveres das vítimas.

Organização criminosa
A investigação também expôs a atuação de uma organização criminosa na área de Atalaia do Norte, distante 1.136 km de Manaus, ligada à pesca e caça predatórias, cujas atividades ilegais afetam diretamente o meio ambiente e as populações indígenas da região.
Segundo a PF, “Colômbia” promoveu uma série de ações que incluem ameaças a servidores ambientais e moradores locais. A presença e atuação deste grupo geraram significativos impactos socioambientais, intensificando os riscos à segurança na região do Vale do Javari.
Em nota oficial, a PF reforçou seu compromisso com a segurança ambiental e a proteção dos direitos indígenas, destacando que mantém monitoramento ativo dos riscos aos habitantes da região.
“Continuamos com investigações em andamento acerca de ameaças contra indígenas que residem na localidade”, conclui a Polícia Federal, sinalizando que os esforços para a proteção dos povos e do território no Vale do Javari permanecerão uma prioridade nas operações da força policial.

Entenda o caso
Bruno e Dom desapareceram quando faziam uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael. De lá, seguiam para Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.
Os restos mortais deles foram achados em 15 de junho. As vítimas foram mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Segundo laudo de peritos da PF, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.
A polícia achou os restos mortais dos dois após o pescador Amarildo da Costa Oliveira confessar envolvimento nos assassinatos e indicar onde estavam os corpos.