Após entregadora ser humilhada em RO, motoboys fazem protesto
19 de setembro de 2023

Iury Lima – Da Revista Cenarium Amazônia
VILHENA (RO) – Uma entregadora por aplicativo foi agredida por moradora de um prédio residencial no bairro Areal, centro de Porto Velho (RO). A agressão ocorreu após a entregadora chegar em frente ao residencial buzinando para avisar da chegada do pedido.
Dezenas de entregadores por aplicativo organizaram um “buzinaço” para revidar uma suposta agressão sofrida pela entregadora.
A classe afirma que a cliente autora do pedido, enfurecida com o barulho, danificou o capacete e a bolsa de entregas da trabalhadora, no último sábado, 15. Já o protesto, aconteceu no domingo, dia seguinte, e as imagens, divulgadas apenas na última segunda-feira, 18.
O portão da vila de apartamentos ficou completamente destruído com os chutes dos entregadores contra a estrutura. A Polícia Militar (PM-RO) foi acionada, mas uma equipe chegou apenas quando o grupo já havia se retirado das imediações. O caso, registrado pela PM, segue em investigação.
Versão diferente
Moradores da região e sites locais afirmam que o esposo da cliente, um dentista, participou das agressões contra a entregadora de delivery. No entanto, a proprietária do imóvel, Joana Pereira Brito, de 61 anos, apresentou outra versão dos fatos.
“Ela [a motogirl] veio várias vezes. Na segunda vez, a pessoa que fez o pedido saiu, falou com a entregadora, que foi embora em seguida. Não sei o que aconteceu [naquele momento]. E quando ela voltou, continuou buzinando. Então a pessoa que se sentiu perturbada [uma vizinha de outro apartamento] foi falar com ela, pedindo para ela parar e, ao invés disso, foi aí que ela aumentou, buzinando ainda mais. Isso era por volta da meia-noite, de sábado para domingo”, contou Joana à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA.
“Manifesto é uma coisa pacífica, né, mas eles vieram simplesmente destruir meu patrimônio, destruir o portão dos apartamentos que não tinham nada a ver com a confusão. Foi outra inquilina quem se sentiu perturbada e foi pedir para ela parar”, acrescentou a dona do imóvel.
Disparos de arma de fogo
O prédio conta com dez apartamentos, segundo Joana Brito. “São 50 metros de fundo, para se ter uma ideia da distância até o portão. Lá na parte da frente, o prédio é todo fechado, e quem mora mais atrás, muitas vezes não escuta as buzinas”, disse ainda.
“Meu esposo é acamado, tem 68 anos, tem demência, ficou superagitado por conta da confusão e passou a noite toda sem dormir. Foi um transtorno muito grande. As pessoas devem respeitar, também, os direitos dos outros, pois não afetou apenas à inquilina envolvida na confusão, afetou a todos nós, vizinhos”, lamentou a proprietária.
Joana disse ainda que além dos golpes contra o portão, os entregadores utilizaram armas de fogo para intimidar os moradores. “Houve tiros de arma de fogo no meio dos fogos de artifícios que eles soltaram. Foi um horror o que eles fizeram”, denunciou.
“Acho importante esclarecer essa situação, porque o que está saindo na mídia não foi, de fato, o que aconteceu, e todos estão julgando a inquilina que fez o pedido. Mas por qual motivo a motogirl não foi procurar a polícia e registrar um boletim de ocorrência para agir dentro da lei? Ela agiu como se estivesse numa gangue, destruindo meu patrimônio. Nosso direito termina quando começa o do próximo, né?”, disse, por fim, Joana Brito.
Responsabilização
Os entregadores de delivery que participaram da ação podem responder pelos crimes de destruição de coisa alheia e de dano ao patrimônio privado. A REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA tenta localizar representantes da categoria para comentar o caso.