Após investigações, PF desarticula grupo que comercializa diamantes extraídos de Terras Indígenas em RO

O esquema contava com a participação de um advogado, que ajudava a comercializar as pedras e mantinha contato direto com compradores estrangeiros (Foto: Reprodução)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – A Polícia Federal (PF) proibiu, nessa terça-feira, 23, o acesso a Terras Indígenas (TIs) de Rondônia invadidas por garimpeiros, como parte das ações de uma operação contra uma organização criminosa dedicada a extrair diamantes dos territórios protegidos e vendê-los no exterior. A apuração dura há quatro meses.

A PF não informou quais são as reservas pressionadas pelo grupo, mas cumpriu seis mandados de busca e apreensão em endereços localizados nos municípios de Espigão d’Oeste e Cacoal, no interior do Estado, além de Foz do Iguaçu, no Paraná. Os agentes também cumpriram ordem de sequestro e bloqueio de bens dos investigados, em até R$ 120 mil no patrimônio de cada um deles. 

PF cumpriu mandados em cidades de Rondônia e Paraná (Polícia Federal/Reprodução)

Investigações

Chamada de ‘Conexão Internacional’, a operação começou em abril deste ano, quando três integrantes do grupo foram presos em flagrante: um brasileiro, um paraguaio e um estadunidense. 

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À época, eles pousaram em um jato particular no aeroporto de Cacoal, distante quase 500 quilômetros de Porto Velho. A polícia apreendeu a bordo uma grande quantidade de diamantes brutos, avaliados em aproximadamente R$ 320 mil, dólares em espécie e equipamentos utilizados na avaliação de pedras preciosas. 

Os criminosos tinham em sua posse 25 diamantes que totalizavam quase 45 quilates. As pedras ainda seriam lapidadas. “Podendo atingir cifras na casa de milhões de reais no mercado exterior de jóias”, segundo a PF.

Operação começou em abril deste ano, após a prisão em flagrante de três integrantes com 25 diamantes brutos (Polícia Federal/Reprodução)

Participação de advogado

O esquema contava com a participação de um advogado, “sob o pretexto de exercer a profissão”. Ainda de acordo com a Polícia Federal, ele ajudava a comercializar as pedras e mantinha contato direto com compradores estrangeiros, sem revelar a identidade dele.

Se condenados pelos crimes de usurpação de bens da União, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro, os investigados podem cumprir pena na prisão por 23 anos.

Leia também: Violência contra indígenas: invasões triplicaram na Gestão Bolsonaro, revela Cimi;  Funai ‘desconhece’ dados

Terras Indígenas sob ataque

Quase a metade do território de Rondônia, 45%, é formado por Áreas Protegidas destinadas à conservação ambiental: mais de 100 mil km². O Estado concentra, também, em toda a sua extensão, 43 Terras Indígenas, das quais menos da metade são regularizadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Ainda assim, é uma das unidades da federação entre aquelas com os maiores índices de ataques aos povos originários.

Só no ano passado, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) registrou 29 casos de invasão para os mais diversos fins, especialmente por conta do garimpo e da extração ilegal de madeira. O Estado também teve dois assassinatos de indígenas.

Na mira do crime ambiental, aparecem, com mais frequência, os territórios das etnias Uru-Eu-Wau-Wau e Karipuna. Em todo o País, foram 305 ocorrências e 176 mortes violentas. 

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