Após investimento de R$ 27 milhões, Terminal Hidroviário de Eirunepé aporta apenas canoas

Náferson Cruz – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Terminal Hidroviário de Eirunepé, a 1.159 quilômetros de Manaus, inaugurado em 2012 é uma amostra de como não se deve gastar o dinheiro do contribuinte. O fato é que o terminal que custou milhões aos cofres públicos, teoricamente seria usado para o embarque e desembarque de passageiros fluviais, mas na prática não é bem o que acontece, serve apenas para aportar canoas.

Depois de receber a aprovação e a documentação necessária da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), o terminal foi liberado pela Capitania dos Portos para o município em outubro de 2012. Porém, até hoje, o terminal que contou com um aporte de R$ 27 milhões do governo federal para a execução de obras e serviços de engenharia, nunca foi utilizado. Embarcações de médio e pequeno porte ancoram em uma pequena balsa ao lado do porto, no rio Juruá, sem estrutura adequada para a demanda.

Se não bastasse, a estrutura da base que sustenta a rampa de acesso à balsa (terminal) está deteriorada, precisando de reparos. Há receio por parte de quem passa pelo local, principalmente, os passageiros que trafegam com frequência por debaixo da rampa.

“Isso aqui representa perigo para as pessoas que precisam embarcar, como pode uma estrutura dessas ficar parada no tempo, está toda enferrujada e o entorno da área tomado pelo mato, um gasto absurdo e sem utilização”, comentou Amarildo Soares, 47, comerciante, morador do centro da cidade.

Além da construção do terminal de passageiros e cargas, o montante de recurso também contemplou a realização de serviços de contenção, aterro, muros e cercas, pavimentação, drenagem e dragagem do terreno, além da guarita, armazém, rampas, estacionamento, ponte de acesso e fábrica de gelo e outros.

Recursos para 23 portos no Amazonas

Em maio de 2013, uma emenda parlamentar viabilizou a 23 portos no Amazonas, R$ 86 milhões para a construção de terminais hidroviários no Amazonas. Os recursos destinados a Secretarias Especiais dos Portos foram investimentos suplementares de obras que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Do montante, o município de Eirunepé recebeu R$ 900 mil.

Embarcação escolares abandonadas

Em um terreno baldio, o descaso e a falta de zelo com o patrimônio público também é evidente. Ao menos seis embarcações escolares que deveriam fazer o transporte de estudantes de comunidades ribeirinhas de Eirunepé estão completamente ‘abandonadas’. Enquanto isso, estudantes fazem fazer o uso de canoas, o que leva horas para chegar à sala de aula, quando não têm que se abdicar do pouco recurso que lhe resta para frequentar a escola.

A CENARIUM tentou contato com a prefeitura de Eirunepé e o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.