Após reduzir orçamento de órgãos ambientais, Bolsonaro diz que duplicou investimentos em cúpula do Clima

Jairo Bolsonaro (Sem partido) discursou por videoconferência na Cúpula de Líderes sobre o Clima (Reprodução/Youtube)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que duplicou investimentos em órgãos de fiscalização e combate a crimes ambientais no Brasil. O discurso foi feito por videoconferência na manhã desta quinta-feira, 22, na Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Bolsonaro ainda disse que o País vai reduzir em 43% as emissões de gás carbônico até 2030 e terá neutralidade climática até 2050. A preservação da Amazônia também teve destaque especial no discurso.

Em 2021, o governo federal propôs o menor orçamento para proteção ambiental em pelo menos 13 anos em 2021, segundo a ONG Contas Abertas. A proposta orçamentária do governo para o Ministério do Meio Ambiente, às agências sob sua administração e a outros programas de gastos ligados ao setor foi de 2,9 bilhões de reais, o que representou queda de 5,4% em relação à proposta orçamentária do governo para o meio ambiente no ano passado.

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O presidente não anunciou nenhuma meta a curto prazo para a redução do desmatamento em 2021, conforme estava programado inicialmente. Os pontos contemplados foram o anúncio de recursos para a fiscalização ambiental e a antecipação da neutralidade climática.

No discurso, Bolsonaro citou necessidade de preservar a Amazônia (Reprodução/Youtube)

“Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinamos o fortalecimento dos órgãos ambientais duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização, mas é preciso melhorar a vida dos mais de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia, a região mais rica do País e recursos naturais, mas que apresenta os piores índices de desenvolvimento humano. A solução desse paradoxo amazônico é condição essencial para o desenvolvimento sustentável da região. Devemos aprimorar a governança da terra e tem como tornar realidade, abrindo a economia e valorizando efetivamente a floresta e a biodiversidade”, afirmou o presidente brasileiro.

Bolsonaro destacou ainda que o País reduziu, nos últimos 15 anos, a emissão de toneladas de carbono na atmosfera.

“Temos orgulho de conservar 84% de nosso bioma amazônico e 12% da água doce da terra. Como resultado, somente nos últimos 15 anos evitamos a emissão de mais de 7,8 milhões de toneladas de carbono na atmosfera. À luz de nossas habilidades comuns, porém diferenciadas, continuamos a colaborar com os esforços mundiais contra a mudança do clima. Somos um dos poucos Países em desenvolvimento a adotar e reafirmar uma meta absoluta de redução de inclusive para 2025, de 37%, e de 40% até 2030”, destacou o presidente.

Neutralidade climática

No discurso, Bolsonaro ainda afirmou que o País tem como objetivo alcançar a neutralidade climática – acabar com a emissão de carbono na atmosfera – até 2050, assim como eliminar o desmatamento ilegal em 9 anos.

“Temos compromissos ambiciosos nesse sentido como que a nossa neutralidade climática seja alcançada até 2050, antecipando em 10 anos a sinalização anterior. Entre as medidas necessárias para tanto destaco o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, com isso reduziremos em quase 50% nossas emissões até a data.

Cooperação internacional

Sem citar explicitamente o pedido de recursos financeiros aos Países, Bolsonaro voltou a afirmar a importância da cooperação internacional para ajudar o Brasil a cumprir tais metas e citou a “remuneração pelos serviços ambientais prestados”.

“É preciso uma fonte de recurso em investimentos para impulsionar a ação climática, tanto na área florestal quanto em outros relevantes setores da economia, como a indústria, assim como a geração e manejo de resíduos da mesma forma. É preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta como forma de reconhecer o caráter econômico das atividades de conservação. Estamos abertos à cooperação internacional”, disse Bolsonaro.

O discurso não deixou de mencionar a necessidade de esforços conjuntos, principalmente financeiros. “Esse deve ser um esforço que contempla os interesses de todos os brasileiros, inclusive indígenas e comunidades tradicionais. Da magnitude dos obstáculos, é necessário inclusive esforços financeiros e poder contar com a contribuição de países, empresas, entidades e pessoas para atuar de maneira imediata real e construtiva na solução desses problemas”, afirmou Bolsonaro.

Programação

O evento ocorre nesta quinta e na sexta-feira, 23, com a apresentação de 40 dirigentes sobre o tema. O presidente Joe Biden abriu o evento e foi seguido pelo presidente chinês Xi Jinping, Alberto Fernandez (Argentina), Sebastián Piñera (Chile), Emmanuel Macron (França), Angela Merkel (Alemanha), Iván Duque Márquez (Colômbia), Narendra Modi (Índia), Mario Draghi (Italia), Vladimir Putin (Rússia) e Boris Johnson (Reino Unido), entre outros.

O encontro se divide em duas sessões. A primeira foi sobre investimentos em soluções climáticas e o desafio de como direcionar os trilhões de dólares do mercado financeiro e de investimentos privados aos esforços de descarbonização da economia.

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