Após saída da Canon, presidente da Fieam afirma que Polo Industrial de Manaus continua atrativo para novos investimentos

O volume de investimento aprovado conta com a projeção de geração de 1.257 novos postos de trabalho, sendo 1.035 diretos e 222 de mão de obra indireta.(Reprodução/Governo Federal)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Canon, fabricante japonesa de equipamentos para fotografia e impressão, anunciou nesta semana o encerramento da linha de produção na Zona Franca de Manaus (ZFM). Ela é a segunda empresa, depois da Sony, a anunciar o fim da atividade no Polo Industrial de Manaus (PIM) em menos de um ano. O comunicado causou preocupação, porém representantes da indústria no Amazonas afirmaram que o modelo econômico da ZFM continua atrativo para investidores.

À CENARIUM, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva, afirmou que decisões como a da Canon fazem parte do cotidiano da atividade econômica e, neste caso, a empresa adotou a medida por se tratar de um nicho do mercado com pouca perspectiva de expansão.

“O risco é parte inerente do negócio. Nós atuamos para minimizá-lo ao máximo, contudo, em qualquer atividade, não há como extingui-lo. Empresas abrem e fecham todos os dias, essa é a dinâmica da economia. Precisamos entender que esses encerramentos se deram por questões mercadológicas e não relacionadas diretamente ao nosso Polo Industrial de Manaus”, pontuou o presidente.

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Fábrica da Canon, em Manaus (Reprodução/Google Street View)

A decisão partiu da matriz da Canon. A unidade no PIM foi inaugurada em 2013 e foi a primeira da marca fora da Ásia. Cerca de 40 trabalhadores foram comunicados do fechamento em janeiro e devem perder o emprego. A empresa informou que não pretende fechar outras fábricas no mundo, além da de Manaus, cujo processo de liquidação deve ser encerrado em julho deste ano.

Segurança

Silva lembrou ainda que o modelo econômico da ZFM é tão seguro que a LG, na contramão da Sony e Canon, está instalando a fábrica na capital amazonense. “A Sony optou por um reposicionamento de mercado a nível mundial, já no caso a Canon atua num segmento de nicho cada vez de menor espaço. No entanto vale ressaltar que o nosso modelo da Zona Franca de Manaus continua a ser um porto seguro para os investidores, como podemos observar recentemente pela consolidação das linhas de produção da LG em Manaus, saindo de Taubaté, em São Paulo”.

A instalação da empresa multinacional de eletroeletrônicos LG na ZFM vai gerar 150 empregos no polo industrial. A empresa sul-coreana decidiu encerrar as operações globais em celulares, produzidos exclusivamente na unidade de Taubaté. A outra fábrica no País fica em Manaus, onde fazia apenas aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e eletrodomésticos da chamada linha branca. Com o encerramento global da produção de celulares e o fechamento da planta em São Paulo, a empresa pediu e recebeu aprovação para transferir, para o Amazonas, a linha de monitores e notebooks.

Fábrica da LG, em Manaus (Reprodução/Google Street View)

Crise econômica

O economista Orígenes Martins Júnior lembrou que a saída ou fechamento das empresas têm relação, principalmente, com a crise econômica intensificada pela pandemia do novo coronavírus. O especialista lembra que apesar do momento econômico atual, a saída de uma empresa do bloco produtivo de qualquer região é um fato que deve ser lamentado.

“Devemos ter muita clareza quanto ao momento histórico que a economia mundial está vivendo, o que não deixa de abranger nossa região. As empresas que encerraram suas atividades são antigas no Amazonas e certamente tem importância fundamental, porém o capital coincidentemente é de origem japonesa. Devemos lembrar que o Japão está atravessando uma crise bastante forte, não apenas no que se refere à pandemia, mas também em termos econômicos, inclusive tendo deixado as Olimpíadas [no Japão] em xeque por algum tempo”, pontuou o economista.

Orígenes Martins destacou ainda que é necessária interferência da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que administra a ZFM, e do governo do Estado para garantir os benefícios destinados às empresas instaladas na região e assim atrair também investimentos de outras.

“Se a Suframa e o governo tem de interferir? Certamente, apenas se for no sentido de permitir autonomia de produção, melhoria tributária e principalmente créditos adequados que sejam revertidos em benefício da nossa região. Portanto, eu pelo menos vejo de forma pontual a saída da empresa, mesmo acreditando que principalmente a Suframa não deve baixar a guarda nos cuidados com o modelo”, enfatizou.


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