Após surto de Covid-19 na China, maior fábrica de iPhone do mundo tem confinamento de sete dias

Confinamento na maior fábrica de iPhones do mundo vai impactar a distribuição do smartphone próximo a datas importantes para o comércio (Hector Retamal/AFP)

CHINA – Um surto de Covid-19 fez o governo chinês impor, nesta quarta-feira, 2, um confinamento de sete dias na Zona Econômica do Aeroporto de Zhengzhou, capital da província de Henan, no centro do País, onde está localizada a maior fábrica de Iphones do mundo, da empresa Foxconn. A ação foi anunciada por autoridades locais, por meio de uma postagem na rede social chinesa WeChat, e deve impactar, significativamente, o fornecimento do smartphone em um momento crucial para a Apple, que acaba de lançar o iPhone 14.

A medida faz parte da política Covid zero do País e proíbe a circulação de pessoas e veículos na região isolada, exceto de profissionais de saúde e trabalhadores de serviços essenciais. Cerca de 600 mil habitantes foram afetados e dezenas de funcionários da Foxconn fugiram do local. A empresa já havia sido obrigada a colocar 200 mil funcionários em quarentena em outubro.

Desde a semana passada, vídeos de trabalhadores da Foxconn escapando das fábricas e denunciando condições degradantes de isolamento viralizam nas redes sociais. A maioria vive em dormitórios compartilhados fornecidos pela empresa e afirma que funcionários que tiveram testes positivos para a Covid-19 estavam convivendo com pessoas sem a doença.

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“As pessoas que deram positivo estão vivendo com pessoas que deram negativo”, disse um funcionário à AFP sob condição de anonimato, descrevendo a gestão da crise como “caótica”. “Aqueles com febre, nem sequer têm certeza se receberão medicamentos”, acrescentou o funcionário, que optou por ficar em “suas acomodações” fornecidas pela Foxconn, mas “sem ir trabalhar”.

Dong Wanwan, funcionária há três meses na fábrica, contou à agência Bloomberg que decidiu abandonar o posto no último domingo e caminhar junto com o irmão até sua casa”, um trajeto de 40 quilômetros que levou quase 9 horas.

“A Foxconn, realmente, fez besteira, eu não acho que muita gente gostaria de voltar [a trabalhar na fábrica]. Eu sei que não gostaria”, disse Wanwan.

O complexo industrial da Foxconn, em Zhengzhou, conta com três fábricas e emprega cerca de 350 mil pessoas. Ele também é responsável por 80% da produção de iPhones 14 no mundo, o modelo mais recente da gigante americana. A restrição deve impactar a distribuição do smartphone no momento em que a empresa pretendia contratar mais funcionários para atender ao aumento da demanda durante o período de fim de ano, com datas importantes como Black Friday, o Dia de Ação de Graças nos EUA e o Natal.

Para mitigar os efeitos do confinamento, a Foxconn anunciou que vai oferecer um bônus diário de US$ 55 (R$ 282) aos funcionários que continuarem trabalhando — valor quatro vezes maior do que o prometido inicialmente. A empresa admitiu que enfrenta uma “longa batalha” contra a Covid-19, mas não deu detalhes sobre o número de empregados infectados nas fábricas.

Até o momento, a Apple não se pronunciou sobre o caso.

A China é a única grande nação que ainda adota a política de Covid zero no mundo, impondo o isolamento de grandes áreas e realizando testes em massa. Nesta quarta-feira, o País registrou 2 mil novos casos de contaminação e a preocupação do governo em conter o avanço de novas variantes é constante.

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