Arte urbana pode ser a única expressão ‘presencial’ nos espaços públicos de Manaus pelos próximos meses

Colorir a cidade é uma forma de deixa-la mais alegre nesses tempos de pandemia (Reprodução/Divulgação)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com o recrudescimento da pandemia de Covid-19, poucas serão as manifestações artísticas presenciais. Em Manaus, o projeto “Grafite é arte” do Casarão de Ideias, iluminou muros com o trabalho do dupla parintinense Curuminz, formada por Alzyney Pereira e Kemerson Freitas. A iniciativa aponta para a valorização do grafite como arte de resistência diante de um mundo paralisado.

Paradas da avenida Getúlio Vargas em Manaus no ‘antes e depois’ da intervenção artística do grafite (Reprodução/Divulgação)

Para o diretor artístico do Casarão de Ideias, João Fernandes, o projeto veio no momento certo porque traz cor para um mundo que anda sombrio, ainda mais com tantas baixas na arte. “A escolha das cores foi pensada para isso. Cores claras para tornar o espaço maior e mais agradável. Isso possibilita que as pessoas sintam-se mais acolhidas e nesse momento é de fundamental importância!”, declarou.

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Para o artista, colorir a cidade deveria ser uma constante porque trata-se de educação. “É preciso passar pelo processo educacional. As pessoas deveriam ter sempre essas ações, assim passariam a contar com elas no cotidiano. Teríamos menos ações de depredação, pois estaríamos ocupando todos os lugares. Vimos isso pela reação positiva das pessoas em nossas postagens. Todo mundo quer uma cidade melhor para se viver”, constatou.

O colorido e os traços de arte pop com surrealismo regional, sem cair no clichê, são as marcas do duo Curuminz (Divulgação/Casarão de Ideias)

Presencial

Com os decretos estaduais e municipais e os altos índices de contaminação, além de toda a morosidade do governo federal em definir uma vacina, o mercado cultural se mantém fechado, por isso expressões de rua tendem a ganhar força. “A arte de rua vai se fortalecer, não só o grafite, também vamos fazer umas ações de lambes e levar arte em outros formatos para espaços que não tenham paradas de ônibus”, adiantou João Fernandes.

Questionado que caso fosse prefeito, que pontos de Manaus João Fernandes grafitaria, ele respondeu. “Acho que a cidade toda precisa de mais cor. Tivemos muitos coletivos realizando ações em diversos pontos da cidade, porém, isso se resguarda a termos editais. Então, fazer essa ação ser constante é algo que muda a vida de quem recebe e de quem faz”, respondeu.

Dupla Curuminz em ação, sob a coordenação artística do Casarão de Ideias (Divulgação/Casarão de Ideias)

O projeto “Grafite é Arte” recebeu recursos do ‘Prêmio Manaus Conexões Culturais 2020 – Lei Aldir Blanc’ promovido pela Prefeitura de Manaus e pelo Governo Federal. Convidar os artistas de Parintins foi uma forma de garimpar novos talentos fora do ‘eixo Manaus’. Ainda segundo João Fernandes, a ideia é avançar com mais novidades. “A próxima parada já decidimos será de uma grafiteira!”, finalizou o produtor.

História do grafite

O ‘Grafite’ junto com o ‘Break’, o ‘DJ’ e o ‘Rap’ formam os pilares da cultura Hip-Hop. Movimento criado em Nova York nos anos 1970, no seio das comunidades negras e marginalizadas do Bronx. O produtor e frontman Afrika Bombaataa é o criador do Hip-Hop. Por sua estética que mescla pop arte e manifestações de rua, o Hip-Hop logo ganhou o mundo tornando-se marca e identidade de milhares de comunidades nas periferias das grandes cidades.

O break faz parte da cultura urbana das periferias das grandes cidades e junto com o grafite formam um dos pilares do Hip-Hop (Reprodução/Internet)

Arte mural, o grafite surgiu em meio a ebulição cultural dos negros nova-iorquinos dos anos 1970. Alijados social e economicamente, alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade. Essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos. O grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. Existem relatos e vestígios dessa arte em civilizações antigas como o império romano, por exemplo.

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