Artesã exalta Umbanda com criação de bonecas em homenagem a orixás

Orixás femininas representadas em bonecas de pano (Reprodução/Arquivo Pessoal)
Emilli Marolix – Da Revista Cenarium

PARINTINS (AM) – A artesã e estudante de serviço social Ilciele Oliveira, de 32 anos, se destaca na criação de bonecas de pano que representam orixás femininos, divindades de religiões de matriz africana. Ela é umbandista e trabalha com artesanato há 17 anos em Parintins, município a 369 quilômetros de Manaus, capital do Amazonas, onde começou na produção aos 15 anos de idade, inspirada pela mãe, que trabalhava como costureira.

Para a universitária, as confecções têm um significado de conexão com o plano espiritual. “Orixás são fragmentos de energia de um Deus maior, de um ser supremo. Cada orixá representa a manifestação da natureza”, relata à REVISTA CENARIUM. Além das bonecas, a artesã trabalha com pontilhado, cocar, trançado, bordado e outros tipos de artesanato.

A artesã e estudante de serviço social Ilciele Oliveira (Reprodução/Arquivo Pessoal)

O interesse para confeccionar as bonecas começou a partir das histórias contadas por um babalorixá, também conhecido como pai de santo, pai de terreiro, ou babá, que é um sacerdote das religiões afro-brasileiras.

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“Comecei a ter interesse através de um babalorixá, o pai Márcio, que veio até nosso terreiro. Ele é de Candomblé e passou a contar histórias sobre os orixás e, por elas serem tão bonitas, eu comecei a fazer”, relatou a artesã.

Matriarcado

Com a confeccção de bonecas de pano que exaltam religiões afro-brasileiras, Ilciele foi contemplada na Lei Paulo Gustavo, edital 08/2023 . O projeto “Matriarcado”, que promoveu oficinas de artesanato para mulheres fora do mercado de trabalho, teve o objetivo de colocar a figura feminina numa posição de protagonismo por meio do empreendedorismo. Além disso, a proposta também contou com oficinas de confecções de ecobags e colares.

Bonecas confeccionadas por artesã parintinense (Reprodução/Arquivo Pessoal)

O trabalho consiste, também, em divulgar para o público a importância de conhecer e valorizar outras religiões e culturas. As oficinas foram compostas por mulheres da Casa de Acolhida, localizada no bairro Santa Rita, e do Loteamento Teixeirão, em Parintins.

Chamado

Segundo a artesã, o projeto surgiu depois de um chamado da Cabocla Mariana, uma guia de luz do terreiro onde Ilciele frequenta. “Um dia, ela chegou comigo e perguntou se eu queria trabalhar com as mães solos. A cabocla do nosso terreiro tem uma visão muito além do que a gente imagina. Ela perguntou se eu queria trabalhar com matriarcado. Eu disse sim, e comecei a estudar sobre o assunto”, destacou.

A artesã é filha de Roselene oliveira, mãe solo, o que fez com que o seu interesse pelo projeto Matriarcado fosse ainda maior. A exposição das bonecas ocorreu entre os dias 13 e 14 de maio deste ano, na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e contou com a presença da comunidade acadêmica e de representantes da Umbanda e do Candomblé no município.

Leia mais: Exu: entenda por que orixá é enaltecido nas religiões de matriz africana
Editado por Adrisa De Góes
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